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Allina

12:Smile,allina!

Despertei de meu cochilo ao escutar a porta ser brutalmente aberta, revelando Finn, que parecia nervoso.

- Allina? - Ele gritou à minha procura.

- Estou aqui, Finn. - Seu olhar foi ao chão, e logo ele me viu.

- O que está fazendo no chão? Porque está assim?

Ele se sentou junto à mim.

O encarei, juntando as migalhas de coragem que haviam em mim para poder me explicar.

❦︎

Depois de explicar para Finn a minha brutal situação, ele apenas permaneceu calado enquanto eu solucava de tanto chorar.

- Meu pai e minha mãe não se amam mais, mas estou bem, sabe porque? - Questionei e ele negou com a cabeça. - Porquê agora vou ter 2 aniversários!

Sorri fraco. Ele se ajeitou e me confortou em seu abraço, enquanto eu apenas tentava achar um jeito de regular minha respiração e minhas lágrimas.

Ficamos em silêncio, enquanto Finn acariciava meus ombros e eu chorava igual à uma criança.

- Está tudo bem, Allina. Vai ficar tudo bem. - Ele falou. - Quer que eu cante uma musica que acabei de compor para você?

- Claro. - Falei me ajeitando naquele chão gelado.

Ele limpou sua garganta e se ajeitou.

1- sorria minha allina,por favor. Eu sei que estás pensando em sua dor.
Um dia ela voltará,e mil beijo te darão,sorria minha allina,por favor!

- sorria minha allina,por favor,Viver chorando não é nada bom. Escute esta canção,que alegra o coração,sorria minha allina,por favor!

- O que achou? - Ele perguntou depois de terminar sua cantoria.

- Sério que compôs essa musica? - Questionei e ele franziu sua sobrancelha.

- Não, você me pegou! Ela é de um filme que eu costumava assistir quando era menor, apenas adaptei a letra para sua situação.

Ri.

- Mesmo assim, ela é ótima. Obrigado Finn.

- De nada. - Falou. - Posso te fazer uma pergunta um pouco indiscreta?

- É... claro

Ele se ajeitou, saindo do abraço.

- Você já comeu algo hoje fora aquele chocolate quente? - Eu neguei, com grande receio e angústia em meu peito. - Allina, por favor...

- Eu sei que preciso comer, mas e se acontecer de novo? Eu vou viver vomitando para o resto de minha vida? Todos vão rir de mim igual naquela festa idiota? Posso ter me saído bem com o chocolate quente, mas o que me garante que vai ser sempre assim?

- Ora, vamos! Sabe que nunca iria rir de você! Nós somos amigos agora.

- Somos, é?

- É, somos sim. - Ele exclamou, abrindo um sorriso. - Mas nem tente mudar de assunto agora! Você quer comer?

- Bom, antes de ir embora minha mãe pediu que eu não parasse de comer....

- Você não quer a decepcionar, quer? - Neguei. - Então vamos, posso preparar algo para você.

- Não sabia que você cozinhava.

- Pois saiba que quando eu estava no quarto ano ganhei um concurso de mini chefes na escola!

- E qual era o prêmio?

- Uma carteira para pagar apenas metade do valor no cinema!

Rimos.

- Vem cá, onde Louis está?

- Ah, não sei, saiu logo de manhã e-

Eu mesma me interrompi, pegando meu celular de meu bolso. Disquei o número de Louis, que apenas chamou e caiu na caixa postal.

Uma grande hipótese nasceu em minha mente confusa e cheia de pensamentos paralelos.

- No que está pensando, Allina?

Não o respondi, apenas disquei seu número novamente e esperei a ligação ser atendida por meu irmão.

Mas isso não aconteceu. A chamada foi para a caixa postal, como eu imaginava.

- É, agora eu sei onde ele está!

Me levantei e Finn me seguiu, parecendo mais confuso do que eu.

- Para onde você vai?

Abri a porta e senti a brisa gelada bater em minha pele, fazendo com que meus pelos se arrepiassem em sincronia.

- Louis deixou seu carro. - Corri até dentro, indo até a sala. - A chave também.

A peguei em minhas mãos e voltei para fora, enquanto Finn tentava acompanhar meus passos.

- Que tal darmos uma volta nessa belezinha? - Perguntei apontando para a Toyota sw4 que estava estacionada em nossa garagem.

- Está maluca? O frio congelou seu juízo? Para onde quer ir com o carro de Louis?

- Encontrar ele, ora! agora vamos, quero ver como essa maravilha se locomove na neve!

Abri a porta do carro e adentrei, e meu corpo sentiu o ar morno do carro bater contra o frio que minha pele sentia.

- Você tem carteira de motorista pelo menos? - Finn perguntou entrando junto à mim.

- Não. -Ele arregalou os olhos.

- Como você quer dirigir se não tem carteira de motorista?

- Você também não tem, seu bostinha! - Exclamei.

- Mas é diferente, Allina. Eu já tenho anos de prática e-

Ele parou de falar quando percebeu que o carro estava à sair da garagem.

- A três minutos atrás você estava se acabando em lágrimas, e agora quer dar uma de heroína? O que deseja disso?

- Olha, enquanto eu estou me desidratando de tanto chorar pelo fato de meus pais se separarem e agirem igual criança, Louis está com minha melhor amiga fazendo Deus sabe o que. Eu preciso disso! - Falei, de uma vez só - As vezes, é preciso colocar os pés na água para atrair os tubarões!

- E porque diabos você iria querer atrair os tubarões? - Ele questionou na mesma entonação que eu, me fazendo parar e lhe observar.

- É, boa pergunta.

Pisei no acelerador, e Finn jogou suas costas no Banco do carro.

- Aperte os cintos cabeça oca, apenas observe como resolvo meus problemas!





1 - Manuelina, filme argentino de 1999

Festa dos sinais, Finn Wolfhard.Onde histórias criam vida. Descubra agora