O Diário de Um Clichê

Capítulo XLIV

➻ Capítulo 44

No dia seguinte, acordei completamente detonada.

Minha cabeça clamava por pelo menos cinco minutos de descanso, eu já não mais conseguia chorar, minha mente corria atrás de todo os sentimentos e acontecimentos da tarde anterior. E o pior de tudo: meu coração estava doendo de tal forma que não achei que fosse possível sentir por um ser vivo.

Eu não conseguia pensar em algo diferente, apenas em quanto fui idiota por levar nossa relação à esse ponto.

Estava tão confusa e machucada que nem ao menos consegui levantar da cama desde a tarde passada. Não comi, não tomei um banho, e nem quis falar com ninguém. Era apenas eu e minhas tristezas.

Pode parecer pouco e bobo, mas talvez a volta da ex namorada não fosse uma maldição, e sim uma resposta para mim justo quando pensei em pedi-lo em namoro num ato quase impulsivo, mas que eu tinha certeza que não iria me arrepender. Não como se ele fosse aceitar.

Talvez, fosse mais vantajoso comer trinta pratos de brócolis do que passar por essa situação, onde me encontrava uma pessoa completamente vulnerável. E não para as outras pessoas, mas sim para ele.

Por mais que ele não tivesse culpa pelo que sente, mas ainda assim eu me sentia mal, não, péssima. Um sentimento novo para mim, cujo eu nunca imaginei experimentar.

Eu só quis voltar ao passado. No momento em que trocamos nossas primeiras palavras, onde eu tinha uma vida comum. Contudo, eu não teria conhecido a melhor pessoa que tive a oportunidade de conhecer.

Adam não mandou nenhuma mensagem desde ontem, o que só fez constatar tudo aquilo que teorizei e falei. A propósito, eu não estava brincando quando falei sobre o tempo. Não foi dito no impulso, e sim na certeza, sem arrependimentos.

Nem preciso dizer que eu não dormi nada. O teto e eu nunca fomos tão íntimos pois era só ele que eu fitava, sem ser o canto vazio do meu quarto, assim como meu peito.

Ouvi batidas incessaveis atrás da porta do meu quarto, que a propósito estava trancado.

ㅡ Se você continuar em silêncio eu vou arrombar essa porta Chloe! Eu sei que está acordada! ㅡ Exclamou Priya, ainda batendo com força na porta.

Bufei, fechando os olho com força antes de responder.

ㅡ O que você quer, ein? ㅡ Gritei de volta.

ㅡ Você não vai pra aula?

ㅡ Não estou me sentindo bem, quero descansar! ㅡ Eu só queria que eu e minha cama nos tornassemos um só. Apenas isso.

Um silêncio absoluto surgiu, me fazendo franzir as sobrancelhas, todavia senti um alívio por ela finalmente ter desistido.

Fechei os olhos suspirando e virando meu corpo para o lado, de costas para a porta. Senti como se finalmente, pela primeira vez desde ontem, fosse consumida por um sono, pelo menos isso pra esquecer a cena repetida da minha cabeça.

Não bastou um minuto de paz pelo menos, até eu ouvi um barulho da tranca da porta do meu quarto. Me virei e foi possível ver ela sendo aberta por Priya, que me encarou com puro julgamento.

ㅡ Não acredito... ㅡ Fiz uma careta.

ㅡ Eu tenho cópias de chaves, querida. ㅡ Satirizou, dessa vez com um sorriso forçado levantando a tal da chave.

Respirei pesado antes de simplesmente afundar minha cara no travesseiro, percebendo que qualquer tipo de discussão seria inútil.

ㅡ Vou perguntar mais uma vez. Por que não vai pra escola?