Capitulo XLVII

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➻ Capítulo 47

Sem tipoia, sem a bota ortopédica, e mais segura. Estava determinada a não perdoar Adam.

Nunca pensei que poderia ser uma pessoa rancorosa depois de tudo que já fizeram comigo, que nada poderia superar as risadas pelos meu peso passado e xingamentos. Perdoei, claro, com muita dificuldade, afinal não é fácil perdoar. Contudo, me vi na posição de fazê-lo, até porque quem estava ficando mal por guardar as palavras e xingamentos passados era eu. Eu que estava ficando derrotada cada vez mais, deixando com que todos se alimentassem mais de minhas energias.

Porém, agora me parece diferente. O motivo parece bobo, certo?

Eu vi e senti, sofri um acidente graças a minha burrice momentânea, perdi a memória por três dias, e quando recuperei sofri sentindo a mesma coisas duas vezes. Portanto, ele não poderia se safar tão fácil.

Que droga, ele correspondeu aquele maldito beijo! A cena só se repete na minha cabeça não importa o que eu faça!

E como eu mencionei, estava segura disso, aliás, mais segura do que nunca. Me senti renovada e determinada.

Derramar lágrimas e ter sofrido, por mais que seja por umas semanas, já foi o suficiente para me fazer parar para pensar. Apesar de ter descoberto coisas desde quando me envolvi com Adam, até sobre mim mesma, eu já tinha uma vida bem antes, certo? Por que estou me deixando levar por esse abismo?

Eu não vou negar que estou apaixonada por ele. Infelizmente por aquele cínico. Mas bem, esse não é o ponto.

Último dia e hora no hospital, finalmente pronta para voltar para casa. Não vou mentir, estava feliz por ter que fazer as provas depois das férias, assim teria tempo de estudar mais e descansar bem a mente.

Senti meu celular vibrar na minha mão, graças a minha irmã que fez questão de trazê-lo logo agora. Céus, que saudade de senti-lo notificar.

O desbloqueei e vi uma notificação de grupo dos meus amigos criado com a Aurora, Victoria e Billy, que com certeza havia somente mensagens aleatórias como sempre. E outra de Mary.

Me surpreendi, após me dar conta de que não havia recebido sua visita.

"Desculpe não poder te visitar no hospital, eu acabei viajando com meu pai por causa das férias :(".

A mensagem dizia ser a uma semana atrás, ao eu acordar do pequeno coma. O curioso é que eu havia entrado em coma por duas semanas. Será que ela nem nisso me visitou?

Claro, não é uma obrigação dela, mas... Poxa, temos amizade desde o primeiro ano do ensino médio.

Respondi, assegurando que não tem problema e perguntando sobre a viagem. Em seguida bloqueei a tela novamente.

ㅡ Vamos? ㅡ Priya, que estava arrumando antes as minhas coisas, já que eu mesma não poderia me esforçar muito só por hoje, perguntou.

Antes de sairmos, nos despedimos de enfermeiras e o médico que me atendeu ao acordar, sem muita demora porém o suficiente para já sentir saudades deles. Ao sair do prédio, dando passos até o carro, nunca tinha sido tão grata por voltar a minha vida normal. Nunca mais quero pisar num hospital.

ㅡ Você tem que ver, o papai está morrendo de saudades de você em casa, por mais que não diga eu sinto. ㅡ Disse Priya sorridente.

Avistei o carro de longe do nosso pai do outro lado da rua, e claro com ele dentro no banco do motorista acenando para a gente.

ㅡ Também sinto saudade dele, por mais que ele tenha trabalhado muito esse ano. ㅡ Respondi respirando fundo.

É inevitável a saudade. Sempre passamos o natal juntos, até porque o trabalho extra nessa época do ano sempre foi opcional para nosso pai. Porém  a incerteza de que ele possivelmente poderia fazer horas extras no natal e ano novo domina, uma vez que nesse ano as coisas não tem ido muito bem financeiramente para nós.

O Diário de Um ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora