➻ Capítulo 60
No domingo, dia seguinte na qual descobri sobre o que Priya estava passando nos últimos dias, não falei com ela. Por mais que quisesse.
Ela não saiu do quarto o dia todo me deixando preocupada, todavia resolvi a deixar em paz. Meu pai, por sua vez estranhou, porém só achou que era um simples cansaço da semana pesada. Bom, não é como se estivesse errado.
Eu ainda me sentia mal por ela, de mãos atadas só poderia torcer para que ela se arranjasse o mais rápido possível.
Na segunda me certifiquei de acordar o mais cedo que pudesse, faria questão de conversar com ela antes de ir para a escola. Nosso pai saiu mais cedo do que o costume para o trabalho, dando mais liberdade para eu falar a sós com Priya.
Acordada e pronta para mais um dia de estudos, bati na sua porta insistentemente não tendo resposta nenhuma a não ser o silêncio.
Frustrada com aquilo, peguei na maçaneta e tentei abrir a porta, também não tendo sucesso.
ㅡ Priya, abre logo isso. ㅡ Ordenei, respirando fundo. ㅡ Sei que está acordada, só quero que me escute dessa vez pelo menos, está bem?
O silêncio ensurdecedor me fez ter certeza que a morena me ouvia. Mesmo que na imaginação, a visualizei destruída por dentro e com olhos fundos por conta de tudo.
ㅡ Sei que está se sentindo mal e culpada por tudo, pela faculdade, trabalho, a gente... Mas sério, para o que você quiser eu estou aqui! Se quiser que eu procure outro emprego com você eu vou, ou se até quiser só pensar sobre sua vida eu vou te deixar fazer isso. Só por favor, come um pouco, e pense mais antes de tomar qualquer atitude. ㅡ Suspirei, ainda com o silêncio. ㅡ Preparei um café bem gostoso já que não vi você comendo nada ontem. Vou para escola e deixar isso aqui na sua porta, ok? ㅡ Conclui, me agachando e pondo a bandeja com o café da manhã na frente da porta.
Me levantando novamente, resolvi ir sair de casa para chegar na escola cedo mesmo. Pelo menos eu veria a reação de Billy ao ver seu novo moletom.
Com a mochila nas costas e pronta para mais um dia, fui a caminho pensativa e analisando mais coisas na qual eu poderia ajudar Priya. E não só ela, mas a minha casa.
Meu pai não apoiava a ideia de suas filhas estudarem e trabalharem ao mesmo tempo, abominava essa ideia por não achar que estaríamos aproveitando o colégio. Por esta razão, Priya começou a trabalhar logo no final de seu último ano na escola, isso a cinco anos atrás.
Por que eu não faria o mesmo?
As ruas não estavam com muitos alunos por, suponho, ser cedo demais ainda, porém prestes a entrar na rua da escola, notei uma pessoa parada encostada ao poste olhando para o nada.
Naomi.
Diminui a frequência dos passos por um instante por receio, mas logo voltei a andar rápido sem ao menos olhar para a sua cara.
ㅡ Chloe! ㅡ Chamou quando percebeu minha presença, isso quando passei pela mesma. ㅡ Preciso falar com você!
Me virei suspirando dando de cara com seus olhos azuis marcados pelo forte preto do lápis de olho.
ㅡ Estava me esperando por acaso? ㅡ Dei uma risada nasal, insinuando uma piada.
Contudo, ela respondeu com o silêncio pré confirmando o que acabara de dizer.
ㅡ Fico feliz que você tenha resolvido chegar bem cedo hoje, vai dar tempo de falar com você. ㅡ Sorriu. ㅡ Claro, se me permitir...
Olhei ao redor pensativa. Como mencionei antes, não estava nem um pouco atrasada, tanto é que mal há alunos pelas ruas.
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O Diário de Um Clichê
RomansÁgua e vinho. São coisas completamente diferentes. E assim como essas bebidas distintas, Chloe e Adam demonstram ser bem diferentes um do outro, mas de alguma forma estão sempre ligados. Chloe Watson, a quieta e reservada da escola. Seus únicos amor...