Capítulo XXXVIII

2.8K 254 119
                                    

➻ Capítulo 38

A noite estava apenas começando, e eu curiosamente no fundo, bem no fundo, me sentia empolgada.

Dessa vez, entrei na conclusão de que Priya e Hugo Watson já estavam se acostumando com o meu estilo de vida, meu verdadeiro eu. Ok, ok, tirando a piada sem graça, realmente eles não pareceram ligar quando avisei que iria à uma festa, de novo. E sinceramente, eu gostei disso. A sensação de poder sair ㅡ mesmo desinteressada ㅡ era relativamente agradável. Mas ainda assim queria voltar para casa. Ficar entre as minhas cobertas também era uma possibilidade.

Outra coisa, eu e Adam combinamos de nos encontrar na casa dela, por causa do trabalho dele. Como a casa da Aurora é um pouco longe da minha, recebi a carona de Billy, que ficou de me levar em um carro.

Se é dele ou não, ainda não sei, mas isso não tem tanta importância, com tanto que não seja roubado.

ㅡ Me diz, de quem você roubou esse carro? ㅡ Brinquei, mesmo curiosa, enquanto olhava sua mão no volante. Coloquei o cinto, conforme o carro se movimentava.

Eu estava ao seu lado, no banco do passageiro. Era interessante que, de nós três o único que tinha um carro era Aurora, mesmo a Victoria sendo a mais rica entre nós.

ㅡ De ninguém. ㅡ Riu. ㅡ É do meu pai, ele deixou eu vim no carro dele já que a Aurora não vai dar carona hoje.

ㅡ Incrível o quanto os seus pais confiam em vocês. ㅡ Olhei para a jenela do carro, passeando meus olhos pela linda vista da lua. ㅡ E a Victoria?

ㅡ Dessa vez ela foi sozinha, sabe, de aplicativo. ㅡ Respondeu, e assenti desviando minha atenção.

As nuvens cobriam um pouco da bola redonda cinza, mas ainda assim, não conseguiam esconder seu brilho. E mesmo dentro do carro, as brisas aconchegantes eram recebidas pela janela aberta.

ㅡ Mas então, já pensou em alguma coisa para saber se tenho alguma chance com a Aurora? ㅡ O ruivo mudou quase de imediato o assunto, me fazendo voltar a atenção para ele.

Não. Mas na hora eu vejo como fazer. ㅡ Informei, logo franzindo o cenho. ㅡ Me responde uma coisa Billy. Se ela não tiver interesse, você vai acabar a amizade com ela?

ㅡ Claro que não! ㅡ Por um momento ele desviou o olhar da rua, fixando eles em mim como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

ㅡ Tá bom, tá bom! Eu só perguntei! ㅡ Levantei as mãos conforme falava. ㅡ Só achei que você iria desistir se desse errado, sabe... É um pouco torturante ficar no lado dela assim, não acha?

Provavelmente. ㅡ Ele suspirou profundamente, pensando nas minhas palavras. Sua feição adotava uma preocupação genuína. ㅡ Acima de tudo, ela é uma boa amiga e, precisa de um amigo. Não que eu não seja substituível, só que... ㅡ Fez uma breve pausa relutante. ㅡ só que, seria mais torturante me afastar.

Fiquei calada, observando as ruas iluminadas pela lua. À um tempo atrás, não entenderia suas razões. Talvez agora, estaria chamando ele de louco ou até tentando entender como ele conseguia suportar tudo aquilo. Mas o pior de tudo era que, eu ainda o entendia.

ㅡ De qualquer forma, confio em você. ㅡ Quebrou o clima reflexivo após uns segundos, abrindo um sorriso enorme. Era engraçado como de repente ele mudou sua energia, como se de fato acreditasse na probabilidade. ㅡ Agora vamos falar de você e do Adam... ㅡ Sua expressão foi mudando para maliciosa, conforme a frase se completava.

Dei uma risada nasal, antes de responder.

ㅡ Não tenho nada a declarar.

ㅡ Qual é, nenhuma novidade? ㅡ Ele realmente parecia curioso, mesmo com os olhos fixos no caminho.

O Diário de Um ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora