Capítulo XIII

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Capítulo 13

Antes que eu pudesse perceber, Adam partiu para cima de James o deixando por baixo e distribuindo vários socos seguidos no loiro. Recuei, assustada. James retribuiu com alguns socos na mesma intensidade, mas Adam arrumava um jeito de reverter isso.

As pessoas a nossa volta começaram a gritar incentivando, mas a minoria surpresa. James, por um milagre, conseguiu empurrar Adam o fazendo levantar de cima dele, assim o loiro deu alguns socos no estômago e rosto de Adam, que o fez cambalear até o quintal, perto da piscina.

Me senti na obrigação de impedir aquilo, não por James, óbvio, mas por Adam.

Consegui ir correndo até os dois. E não fui a única, dois garotos seguraram James por trás para impedi-lo de continuar. Só pude ver James sendo arrastado pelos garotos para algum lugar, enquanto o mesmo xingava, relutante.

Porém os ignorei e me virei até Adam, que estava no chão e o ajudei a levantar.

ㅡ E eu achando que não valeria a pena vim aqui...

ㅡ Você está bem? ㅡ Perguntei analisando seu rosto.

ㅡ Depende da sua definição de bem... ㅡ Deu uma risada nasal, logo após fazendo uma careta de dor.

ㅡ Não sei como você pode está achando graça disso... ㅡ balancei a cabeça em negação torcendo o nariz o ver seus machucados. ㅡ eu vou te ajudar a limpar esse sangue.

ㅡ Não preciso de ajuda.

ㅡ Eu não perguntei. ㅡ Retruquei. ㅡ Espere aqui. ㅡ O guiei até uma das cadeiras de piscina, pois o mesmo estava com dificuldade de andar.

Não esperei todos voltarem para dentro de casa ㅡ ou até ficarem do lado de fora mesmo ㅡ para entrar correndo dentro da casa em busca do dono da festa. Foi quando dei de cara com Aurora, Victoria e Billy, cada um com um copo vermelho na mão e completamente confusos.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Victoria olhava as pessoas que comentavam sobre a briga com empolgação. ㅡ Estávamos te procurando e nem vimos quem brigou! ㅡ Eles pareciam frustrados.

ㅡ Depois eu conto, mas eu preciso do kit de primeiros socorros, alguém sabe onde o dono da festa está? ㅡ Perguntei ofegante, recebendo um olhar curioso dos três.

ㅡ Não precisa dele, eu sei onde está, vem comigo. ㅡ Disse Aurora me guiando entre as pessoas.

Eu perguntaria do porquê ela conhecer tão bem esse lugar, mas minha cabeça estava tão cheia que nem me dei o trabalho.

Todos estavam tão empolgados, que nem notaram quando Aurora abriu o armário de cima da cozinha, pegou o kit de primeiros socorros e colocou em minhas mãos.

ㅡ Obrigada! ㅡ Depois de pegar aquele kit às pressas, não encontrei Adam na piscina, apenas algumas pessoas conversando.

Sai pela casa a procura dele, até que finalmente decidi ir pela entrada da frente, foi onde eu o achei de costas, andando pela calçada lentamente, prestes a ir embora.

ㅡ Ei! ㅡ Gritei correndo em sua direção. ㅡ Você não escutou o que eu disse?

ㅡ Desde quando eu tenho que te obedecer? ㅡ Soltou um ar pelo nariz dando mais uns passos, apenas me posicionei na sua frente impedido a sua passagem.

ㅡ Por que tão teimoso? ㅡ Respirei fundo antes de continuar. ㅡ Não se deve andar com as feridas expostas desse jeito, Carson.

Ele revirou os olhos bufando, mas o que realmente me surpreendeu foi que ele de fato obedeceu. O vi indo se sentar sem muita pressa na beira da calçada, longe daquela casa tóxica. Parecia que eu tinha ficado horas sem sentir o cheiro do "ar puro", sem cigarros ou bebidas.

ㅡ Por que fez aquilo? ㅡ Me sentei em seu lado, tirando um algodão do kit.

ㅡ Você deveria me perguntar porque eu não continuei. ㅡ Fez uma careta de dor quando limpei um machucado do canto da sua boca. ㅡ James ia te bater, não acho que precise de mais um motivo...

Seu maxilar estava preso e seus olhos perdidos fixos na rua vazia. Por um momento o silêncio ficou claro entre nós, até que decidi tomar a vez.

ㅡ Isso tem haver com o término da "amizade" de vocês? ㅡ Franzi as sobrancelhas.

ㅡ Talvez. ㅡ Ele deu um sorriso ladino, finalmente me olhando nos olhos. ㅡ Mas se eu não fizesse nada, ninguém ia fazer, nem você que ficou parada.

ㅡ Eu fiquei paralisada, ok? Se eu tivesse no meu juízo perfeito, não deixaria ele me tocar e jogaria ele pela janela! ㅡ Disparei.

Adam apenas riu, ainda com uma careta pela dor. Sem perguntar tenho a absoluta certeza que ele deve estar com as articulações todas dormentes, principalmente o rosto. Ele nunca tinha feito isso, não desse jeito violento para me defender.

Olhei em seus olhos, e dessa vez foi diferente. Pude ver nitidamente aqueles olhos verdes entrarem em sincronia com os meus e, apesar de não falarmos nada, tinha algo sendo falado, mas em silêncio.

ㅡ Sabe, ㅡ desviei meu olhar para seus ferimentos que eu ainda limpava. ㅡ Eu nunca agradeci por você me ajudar nessas horas, quero dizer, dessa vez foi pior. ㅡ Ele ergueu uma das sobrancelhas curioso e eu pude continuar. ㅡ Não preciso que alguém me defenda, mas eu sei quando tenho que agradecer, e agora é um desses momentos. ㅡ Tirei a mão do machucado suspirando. ㅡ Obrigada, Carson. ㅡ Dou um sorriso simples, mas que podia falar muita coisa. ㅡ Por tudo.

ㅡ Tenho que admitir, talvez você não seja tão chata quanto eu imaginei. ㅡ Ele deu um sorriso de canto, e continuou. ㅡ Digo, nunca fomos amigos para eu saber.

Torci o nariz com seu comentário.

Ele me achava chata? Só por quê eu não sou como ele? Pelo menos eu não mato aula, e foco nos estudos. Isso é pecado agora?

ㅡ Por outro lado, nunca me imaginei passando de ano com todas as matérias tendo um A+, um histórico escolar limpo e perfeito, e com os pulmões saudáveis, admiro você por ser assim.ㅡ Riu abafado dando uma pequena pausa, enquanto eu estava sem entender aonde queria chegar.

Novamente, ele deslizou seu olhar até o meu. Aquilo estranhamente mexeu comigo, senti um embrulho lá na boca do estômago como se um vento vazio sambasse nele.

E eu não gostei disso.

ㅡ Mas de nada. ㅡ Sorriu. ㅡ E obrigado sabe, por isso. Você seria uma boa enfermeira. ㅡ Ironizou apontando para suas feridas.

ㅡ Eu odeio hospitais. ㅡ Respondi. ㅡ Mas você seria um bom lutador de boxe, sabe bem usar as mãos.

ㅡ Não seria má ideia. ㅡ Manteve seu sorriso. ㅡ Mas odeio ringues.

Touché. ㅡ Demos uma breve risada.

E por algum motivo estranho, durante toda aquela noite, foi a única vez que senti um calor verdadeiro em meio ao frio. Não falamos mais nada, apenas voltei a limpar seus machucados em completo silêncio.

Foi quando notei que, eu gostava de conversar com Adam, apesar dele as vezes abusar do sarcasmo, eu me sentia bem de estar com ele, coisa que nunca eu esperava sentir, ainda mais na presença dele.

Não é a primeira, e com toda certeza, não seria a última vez que nos falamos. E o mais estranho disso é que, eu mal podia esperar pela próxima vez.

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