Capítulo LXXVII

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➻ Capítulo 77

Faz três dias que o Sr. Oliver partiu, nos deixou e levou consigo parte de nós. Apesar de eu pensar que a minha ficha tinha caído no mesmo dia, eu não poderia estar mais errada. Ela talvez nunca fosse cair.

Era quinta-feira, um dia comum e vazio, representava bem o que todos que amavam o Sr. Oliver sentia. Pela manhã seria seu velório, nesses três dias faltei na escola e faltaria amanhã também, não tinha condições de me concentrar para nada.

Além de mim, seria egoísta sentir toda a dor, apesar de desejar isso só para não ter que ver Lucy pior que eu. Ela mal comia, mal bebia, mal saia do quarto. Na verdade, ela só comeu depois de quase obrigá-la a isso, eu e Adam. Como se não bastasse, realmente todos se abalaram mais do que deviam e não tinham nem ao menos uma resposta de como o vazamento de gás se fez presente de forma que isso acontecesse.

A lanchonete era o de menos, com o dinheiro do seguro, tanto feito pelo Sr. Oliver quanto ao seguro de vida, a lanchonete seria reerguida facilmente. Bom, poderia, uma vez que Lucy nem quer saber de lanchonete e muito menos de sair do quarto por um bom tempo. Mas ela queria sair hoje apenas para o enterro.

Aurora e Billy tinham ido nos visitar para dar os pêsames para mim e para Lucy, já que tanto eles quanto Victoria estavam na escola. Ao contrário de Adam que junto comigo tirou a semana de luto.

Eu, Adam e o Yuri tínhamos esperado na casa de Lucy, enquanto ela se preparava, ficamos em um silêncio pesado e ensurdecedor na sala de estar.

Eu chorava, Adam estava em choque e Yuri chorava e estava em choque. Quando Lucy desceu, não falou nada e nem mesmo tivemos o trabalho de falar alguma coisa, a não ser o Yuri que iria nos levar até a igreja onde Lucy e o Sr. Oliver haviam se casado. Ele seria cremado após o velório, pelo pouco que Lucy falou era isso que ele desejava em conversas sobre a vida e a morte, além de que suas cinzas seriam transformadas em adubo para a plantação de árvore que ficaria no pequeno quintal da casa, bom, as cinzas de seus restos mortais pela explosão.

Durante o caminho tentei não chorar mais ainda como estava na sala, por causa de Lucy. Eu não era a única, Adam ainda tinha aquela expressão de choque, mas um pouco menos tensa, mas era nítido o desconforto de Yuri enquanto dirigia.

Meu pai e Bárbara iriam para o velório separadamente. Ele deu a entender que Priya iria. E sim, ainda não a vi durante esses dias, tanto por eu estar mais dentro da casa de Lucy dando apoio do que pela Priya estar fugindo de mim.

Eu estava totalmente enganada antes quando disse que tudo isso não tinha como piorar. Tudo era totalmente caótico e angustiante, principalmente por como tudo aconteceu. A polícia havia dito que foi uma explosão estranha, já que a origem não veio diretamente da cozinha, pelo possível vazamento de gás o, mas sim perto de uma área do lado de fora. Não sei como descobrem essas coisas, mas sei que não fariam muito para verem o que tem de errado nisso, apesar de terem dito que iriam ver.

Nesse momento eu reservei os dias para estar totalmente de luto, não tinha cabeça para nada além da dor de perder alguém.

Chegando no local, todos saíram no carro com Lucy liderando o caminho até o interior da igreja, com alguns presentes já sentados, todos de preto. Lucy sentou na primeira fileira, lágrimas solitárias começando a descer pelo rosto dela novamente. Eu, Adam e Yuri também sentamos na primeira fileira, em silêncio.

Demoraria alguns minutos para começar, já que nós estamos adiantados.

Meus olhos baixos se ergueram ao ver pela visão periférica alguém tocar no ombro de Lucy. Era Kevin que estava no banco atrás da gente com uma expressão mais séria, um pouco pálido como quase todos aqui. Ele já havia expressado antes os pêsames, então um toque no ombro dela, um aceno para mim, Adam e Yuri já era o suficiente no momento.

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