O Diário de Um Clichê

Capítulo LXXIV

➻ Capítulo 74

Talvez eu não esteja preparada para a possível briga com a minha irmã.

Entrei na minha casa tal como uma criança entra depois de aprontar no lado de um responsável mais velho, no caso com Adam no meu lado, esperando algum sinal de vida dela.

ㅡ Ela vai me matar. ㅡ Murmurei para Adam, ainda parada na entrada no lado de dentro da casa, sem ouvir nenhum barulho em casa.

ㅡ Boa sorte. ㅡ Adam murmurou de volta com aquele sorriso torto idiota dele enquanto fechava a porta.

ㅡ Se ela me matar eu puxo o seu pé. ㅡ Dei passos até a escada e parei no pé dela, com Adam dando risadinhas atrás de mim.

Claro que eu estava mais preocupada com a reação da minha irmã do que com meu pai agora, pelo que Adam deu a entender, quem mais pareceu ter uma reação foi Priya, até porque sinto que meu pai compreende até demais o que fiz. Não que seja muito legal, mas fiz.

Quando eu ia subir as escadas para procurá-la no quarto, de repente o ambiente ficou mais silencioso do que já era. Quando olhei para trás vi Priya quase ao lado de Adam me olhando, na verdade me matando com o olhar que nunca pensei ver vindo dela para mim. Normalmente era para os outros, não para sua querida irmã mais nova.

Posso estar errada, mas naquele momento eu posso jurar ser capaz de pegar o ar nas mãos como uma massinha de tão denso e tenso que estava.

ㅡ Priya eu...

Não deu um segundo para terminar a minha frase pois a vi vindo em minha direção, mas quando pensei que era para mim, na verdade era para passar por mim, me dando as costas e subindo as escadas.

Agora o que Adam poderia ver poderia não ser a melhor das coisas.

ㅡ Priya! ㅡ Em desespero gritei o nome dela, não tive muito sucesso pois ela continuou subindo em passos pesados. ㅡ Priya, por favor, pare com isso!

Ouvi um bufar vindo dela ao ela se virar para mim, ainda na escada, pude perceber ela apertando o corrimão com força. Fiquei um pouco assustada, tanto que dei um passo para trás.

ㅡ O que é? ㅡ Irritada perguntou.

ㅡ A gente poderia pelo menos conversar?

ㅡ Você não quis conversar ontem a tarde toda com a gente, mas foi correndo para ela. ㅡ Cuspiu as palavras de uma forma tão arrogante que não entendi de primeira aquilo. ㅡ Por que? Não foi o suficiente falar com ela e deixar a gente de lado?

Franzi a testa perdida naquelas palavras, dando um passo frente.

ㅡ O que? pelo amor de Deus Priya! ㅡ Exclamei ainda com a minha careta confusa competindo com a careta de raiva dela. ㅡ Você está agindo como uma criança agora! Aliás, você queria que eu agisse como depois de descobrir 18 anos depois que minha mãe não morreu e sim fugiu? Você não pode me julgar pelo que fiz! ㅡ Coloquei minha mão também no corrimão com força.

ㅡ Qual é, você dormiu na casa dela, logo depois de saber o que ela fez com a gente. ㅡ Cuspiu as palavras com mais rispidez ainda. ㅡ Tá, a gente ocultou a verdade, e para ser sincera eu gostaria de estar no seu lugar e não saber de nada. Você deveria estar grata!

ㅡ E você por acaso sabe o que eu sinto agora?! Pelo amor, Priya! Você não tem ideia do quão confuso é! ㅡ Dei mais passos na direção dela, meio descontrolada também. ㅡ Você está sendo egoísta! Eu não sinto o que você sente e muito menos deveria!

ㅡ Eu não estou sendo egoísta!

ㅡ Está sim! Está no momento que está julgando o jeito que estou lidando com isso se baseando no que VOCÊ quer que eu faça! Não sou você!