Gotas e oceano

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JunHo encarava seu reflexo naquele espelho. Os trajes lhe caíam feito uma luva, valorizando seu corpo e belo rosto. Estava diferente. Talvez voltasse a ser quem era agora.


O príncipe do Norte. O herdeiro do Trono.


Não gostava de todos aqueles títulos, mas no momento, era tudo que tinha. Era tudo que lhe cabia.

Respirou fundo, saindo daquela cabana e pegando o cavalo que lhe foi dado. Seu tio achou melhor continuar naquele lugar, por segurança, até que pudesse voltar para o Norte em segurança, sem ameaça de nenhum lado.

JunHo havia se irritado com o mais velho quando soube que ele estava fazendo acordos com Jaebeom. Não conseguia acreditar que depois de tudo, Chansung ainda se dava ao desfrute de encarar um tratado com aquele alfa.

Taecyeon poderia ter tido todos os defeitos do mundo, mas ele ainda era o seu irmão. Ele ainda era o único que havia se importado consigo desde a morte dos seus pais.

A relação era conturbada, JunHo não negava. Ela existia e resistia entre eles e tudo piorou quando Jinyoung apareceu em suas vidas. Mas nunca viu Taecyeon como uma parte ruim. Passaram por momentos tão difíceis e complicados que pensar nas pequenas coisas que os levavam a se desentender, parecia tão pequeno que não valia o esforço.

Jaebeom não tinha o direito de julgar um nortenho. Nunca teve e nunca teria. E Lee JunHo faria questão de provar aquilo.


O burburinho na feira invadiu seus ouvidos. Arrumou o capuz assim que desceu do cavalo, olhando ao redor.

Seu olhar caiu sobre um dos feirantes, se aproximando e pegando um dos tomates, como se jogasse sobre ele todo seu interesse.


— Boa tarde, senhor! O que deseja para hoje? — Uma voz animada veio em sua direção.

Ergueu o olhar, encarando o alfa na sua frente que estreitou os olhos, arregalando-os em seguida.

JunHo sorriu de lado, um tanto maldoso, jogando o tomate para cima levemente e o pegando de volta.


— Há quanto tempo, Kim Yugyeom?


O outro não ousou responder, engolindo seco e se afastando de leve da mesa. JunHo apenas revirou os olhos, tendo o corpo empurrado à medida que Yugyeom se desvencilhou e correu para longe.

Respirou fundo, largando o tomate e caminhando calmamente, sem alarmar muito como o Kim acabara de fazer. Quando chegou em uma das vielas menos movimentadas, apressou-se.

Seu olhar estava mais escuro, demonstrando algo descontrolado dentro de si, enquanto seus caninos lhe incomodavam, necessitando de pele fresca.

— Você sabe que não pode fugir de mim, não é?

Falou baixo, mas sabia que o outro havia lhe escutado muito bem.

Correu na direção dele, o pressionando contra a parede. O Kim não se moveu. Ficou parado, apenas esperando o próximo ataque. Mas ele não veio.

— Achou que eu não te encontraria?

— Não estava esperando uma visita tão... asquerosa como você. — Yugyeom devolveu, empurrando o braço alheio contra o seu pescoço. — Que merda você está fazendo aqui?

— Yangmin me soltou — avisou, tirando o capuz.

— De graça? — Yugyeom apenas estreitou os olhos, desconfiado daquilo.

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