Não podemos desistir

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O aroma forte invadia seu olfato, despertando o corpo adormecido aos poucos. Espalhou-se pela cama macia, agarrando-se as cobertas quentes que lhe deixavam ainda mais aquecido. Os olhos, recém abertos, encararam o local por inteiro, notando o pouco de Sol que adentrava; os raios pequenos lhe levando até o homem sentado no sofá, como em um déjà vu já decorado pelo seu cérebro.

Diferente de antes, Jinyoung sentou-se com calma, passando a mão no rosto e nos fios na tentativa de mandar para longe o resto de sono que ainda lhe invadia. Umedeceu os lábios, voltando sua atenção total ao outro que parecia entretido demais na refeição.

— Bom dia... — Murmurou baixinho, levantando-se e caminhando até o outro, sentando de frente para ele ao puxar a cadeira do canto. — Não vai falar comigo?

— Estou comendo. — O tom era rouco, monótono demais na visão do Park.

— Não era para termos acordado na biblioteca?

— Se soubesse que era do seu apreço, teria te deixado dormir a noite toda naquele chão duro. — Jinyoung sentiu a ironia na voz. Puxou o ar com calma, entendendo Jaebum no momento.

— Jaebum...

— Jinyoung. — Falou, finalmente lhe encarando. — Conversamos depois.

— Não. Conversamos agora. — Soou firme.

— As coisas não funcionam da maneira que você quer e no tempo que quer. Eu não funciono assim.

— Tudo bem... — Soltou o ar dos pulmões, buscando coerência no momento. — Conversamos depois. — Fingiu um sorriso, ganhando outro em troca.

Jaebum comia com calma enquanto o ômega fingia fazer o mesmo, sempre lhe cuidando com os olhos por cima da xícara, achando que não era notado. Quis rir do comportamento dele. Sentia-no desesperado por sua atenção. Era palpável aquele sentimento.

Levantou-se, arrumando os trajes. Seus afazeres, adiados pelo cio do mais novo, estavam uma total desordem e já conseguia imaginar o que estava por vir. Sua cabeça latejava só de pensar nas inúmeras coisas que tinha a obrigação e o dever de fazer.

— Onde você vai? — Jinyoung levantou abrupto, ficando na sua frente quando mencionou se direcionar até a porta.

— Resolver as coisas do Reino. Também tenho meus problemas.

— Não fale assim comigo!

— Estou falando normal. Você que não está agindo como sempre agiu.

— Jaebum... eu não quero você frio comigo, por favor. — Se aproximou. O alfa apenas recuou um passo sob o olhar alheio.

— Estou com problemas e preciso resolver.

— Você disse que iríamos conversar e que, ah! — Colocou a mão rapidamente sobre o pescoço, fechando os olhos com força enquanto sentia a ardência no local.

Jaebum lhe apoiou, pegando-lhe no colo e colocando-o sobre a cama. O olhar dele veio sobre a marca, assim como os dedos que, com cuidado, livraram-lhe do curativo.

— O que você está sentindo?

— Está ardendo. — Soou baixinho, encarando o rosto próximo do seu.

O Im não disse nada. Afastou-se de prontidão, caminhando até o banheiro. Voltou com o necessário, colocando ao lado do garoto sob o olhar quase perdido em si.

— É normal arder, então não se preocupe. — Molhou o algodão, logo levando-o até o local e o limpando com cuidado.

— Eu quero vê-la.

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