O Príncipe de Soleil

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— Você sabe Jinyoung, você está em minhas mãos. Não adianta fugir. Eu tenho tudo o que você mais ama. Faça seu pai se orgulhar de você.

Os olhos esverdeados fitavam o vazio. Se sentia incompleto, usado como um objeto de troca. As lágrimas não desciam mais. Há muito tempo seus olhos tinham perdido a vida. Nada mais o importava, a não ser um pequeno resquício de esperança.

Era verdade o que diziam, a esperança é sempre a última que morre. E apesar de sentir seu lobo se degradando aos poucos, ainda restavam forças em si para lutar pelo que amava.

O príncipe do reino de Soleil era um ômega. Um ômega escondido dos olhos dos moradores do vilarejo há muito tempo. Ele era como um fantasma descrito, assim, pelo amontoado de pessoas do reino.

Ele é Park Jinyoung, o ômega de cabelos negros, pele branquinha, leitosa e de cheiro doce. Um cheiro perigoso, viciante e fatal.

O corpo definido, resultado das suas milhares de horas treinando arduamente; é belo e corajoso. Um garoto de dezoito anos, no qual odeia pertencer a sua classe social.

Ser ômega era honroso até certo tempo em sua concepção, mas hoje em dia, seus passos e movimentos se assemelham como o  de um guerreiro.

É isso o que ele é. Um guerreiro, não um ômega.

Um guerreiro que vê em sua arma, um motivo de vida e de luta. Um guerreiro que há tempos vem lutando em uma guerra interna de sobrevivência. Seu lobo grita. Chora; e morre aos poucos. 

Herdeiro de um reino belo aos olhos de muitos, mas que ao serem vistos por seus olhos mortos, é um reino sujo, ganancioso, egoísta e vaidoso. Mas apesar de  subjulgar o reino, Soleil se mostra o total oposto para seus viventes, que em suas concepções arrogantes o veem com olhos admiráveis, prepotentes e suficientes.

O reino de Soleil é próspero e que investe assiduamente em seu exército. Possui o melhor exército entre os distritos.

Localizado ao leste do Japão, Soleil se mantém forte, regido por um rei frio, calculista, ambicioso e sem escrúpulos.

Park YangMin é um rei que está sempre disposto a negociar; disposto sempre a colocar tudo em jogo. Ele não admite perder e nem ser enganado. Não é por menos que seu reino é temido e nunca é atacado pelos demais. É sempre Soleil quem ataca.

YangMin no auge de seu comando, ainda não mostra vestígios de fadiga e nem, muito menos, de remorso pelos seus deslizes. Pai de dois homens. Um alfa — em sua visão, é seu garoto de ouro — Park Jimin e Park Jinyoung, seu tão amado filho ômega — o seu pote precioso de ouro.

Park Jimin, aos olhos de seu pai, é um alfa perfeito. É um homem ousado no seu moderamento, inteligente e astucioso. Jimin era seu herdeiro perfeito. O alfa certo. O príncipe certo, com a classe certa. E principalmente, o futuro rei certamente.

Contudo, a personalidade de Jimin era peculiar. Em seus quase 21 anos, ele não demonstrava de maneira alguma razões para querer possuir o trono. Em suas teorias, o trono não lhe pertencia e apesar disso, ele dava seu melhor nos seus estudos, lutas para ser um bom rei.

Não que Jimin não quisesse ser rei, longe disso, ele só não achava justo ser logo ele, um alfa com… tantas falhas; e que talvez, aos olhos da sociedade perfeita, nem mesmo um alfa ele poderia ser. Todavia, ele não se importa com isso, a única preocupação que o filho mais velho possui é com seu irmão ômega. E que naquele momento estava ali, deitado na cama espaçosa do alfa. Encolhido e protegido.

Jimin sabia que seu irmão não estava nenhum pouco bem e infelizmente, ele sabia perfeitamente os motivos.

— Hey, não fique assim, huh! Eu… eu vou estar com você. Não se preocupe. Eu estarei sempre com você. — o loiro acariciou os cabelos negros e sedosos. Dedilhou seus dedos pelo rosto branco, fitando os olhos verdes, quase cinzas, de tão sem vida que estavam.

Jinyoung precisava de ajuda e Jimin sabia disso. Sabia melhor que ninguém do que o irmão precisava, ou melhor, de quem o irmão precisava.

— Minnie, e-eu… eu não vou ter forças para isso. V-você sabe, eu, eu preciso dele. Eu o amo tanto. A presença dele em mim está cada vez mais fraca. Eu estou com medo. Não quero morrer. Não quero que ele morra, Minnie. — As finas lágrimas desciam, moldando o rosto belo. A voz embargada, sôfrega e medrosa ecoou pelo enorme cômodo, fazendo assim, com que o coração do alfa se despedaçasse ao poucos.

Jimin levou sua canhota até o rosto do irmão o fazendo o encarar em seus olhos amarelados. Jimin mantinha sua presença de alfa protetora, acalmando a respiração descompassada e os batimentos cardíacos acelerados do ômega. O alfa sabia que se não fizesse aquilo, seu irmão teria outra crise e talvez não iria suportar mais uma.

É difícil se viver longe de quem amamos, mas principalmente, de quem faz parte de nós.

E isso faz com que ômegas sejam vistos como frágeis. Eles sempre precisarão de algo para viver. É da natureza deles serem assim. Dependentes, submissos e carentes.

E é essa natureza suja, impugnante que Jinyoung odeia. Ele odeia se sentir aos poucos morrendo. Ele odeia ser ômega.

— Preste atenção em mim, meu amor. Eu prometo, prometo que não vou deixar você em momento algum, e eu também prometo, que eu vou mover céus e terras para encontrá-lo, ouviu bem? Eu prometo. — Os braços bem moldados do alfa envolveram o ômega de semblante triste em um abraço caloroso, regido por uma presença protetora, que só Jimin poderia dar ao Park mais novo.

Jinyoung estava quebrado. Seu lobo estava definhando aos poucos. Os olhos estavam perdendo a cor viva do verde que ele, só ele, possuía. Ele já tinha problemas demais, e agora, tinha esse casamento. Um acordo absurdo que seu pai fizera por pura ganância e egoísmo. Um casamento com um alfa que sequer conhecia e que não fazia questão de conhecer, e, nem ao menos perguntar; se, pelo menos se ele estivesse com o ômega... Quem sabe eles poderiam fugir, só os dois, ir para bem longe daquele distrito que só o trouxe desgraça e o afastou de quem ele mais ama.

— Minnie, eu não quero ir para Carlon. Eu não quero me casar com aquele alfa que eu nem sei o nome. Eu não o quero perto de mim. Não quero ele me tocando. Não quero casar com ele. Por favor Jimin me ajuda. Me ajuda a fugir disso. Por favor. — Os olhos suplicantes pegaram o alfa loiro de surpresa. Jinyoung não era de implorar. Jinyoung nunca implorava por nada.

— Eu sinto muito Jinyoung, eu sinto muito maninho, mas não posso. — Os olhos do ômega furavam como agulhas o olhar de remorso do alfa. Jimin estava mal, mas ele sabia que seria melhor assim.

Jinyoung precisava se casar. Precisava conhecer um novo alfa. Precisava voltar a viver. Construir uma família e ser feliz.

Jimin só queria ver aqueles olhos reluzentes, vivos de novo. Vivos como antes; como na época em que os dois saíam para caçar borboletas no lago.

Jimin queria Jinyoung vivo, nem que para isso, ele tivesse que tomar atitudes impensáveis, só para salvar o irmão.

Jimin iria abrir mão daquilo que mais amava, só para salvar o lobo perdido e coração quebrado de seu pequeno ômega.

Ele iria junto com Jinyoung para Carlon. Iria o proteger. Iria lutar com unhas e dentes pela felicidade dele.

— Eu sei que dói pequeno, mas eu estou aqui com você. Eu estou aqui. Sempre e por todo sempre.

[...]

Bom, você já vai completar suas vinte e uma lua. Sabe o que isso significa não é? Pare de se encontrar com o filho do arquiduque. Você irá se casar com o príncipe ômega do distrito leste. O príncipe de Soleil, meu filho. E não adianta dizer não. Essa união já está em pauta há tanto tempo… antes mesmo do seu nascimento. Você se tornará o Rei. O Rei mais poderoso desse mundo. O Rei de Carlon e Soleil.




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Espero que estejam gostando gente.

SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora