Solidão de uma culpa

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"Eu irei ter seu prestígio. O orgulho que brilha em teu olhar será direcionado a mim. Não irei falhar... Não serei mais um tolo, não ao ponto de perder o único que é capaz de aceitar, o louco que há em mim."


O olhar exausto estava fixo na cama vazia à sua frente. Sentia-se frustrado, revoltado consigo mesmo por ser tão descuidado ao ponto de decepcionar a única pessoa que lhe dava confiança.

Seu peito doía com a culpa lhe corroendo mais do que podia imaginar. Havia passado a noite inteira em claro, procurando por qualquer que fosse o rastro do ômega. Jinyoung evaporara de repente, o fazendo se perguntar por horas onde ele poderia ter se metido. Seus empregados não lhe informaram absolutamente nada e não poderia sair desesperado atacando todos que aparecessem pela frente, afinal, precisavam manter as aparências e não seria nada bonito de explicar o fato de não saber onde seu ômega estava.

Suspirou exausto, afundando-se mais nas almofadas distribuídas pelo estofado. Jaebum não entendia de onde vinha a necessidade de ficar se torturando ao olhar a cama vazia e bem arrumada ou porquê o incomodava abrir os olhos e não dar de cara com Jinyoung deitado sobre ela. Principalmente quando o cheiro do ômega era tão intenso e presente por todos os lados.

Fazia dois meses que conviviam no mesmo quarto, dois meses acostumado a ter que sentir o cheiro doce vindo do rapaz logo que acordava. Porque, de fato, quando Jinyoung acordava, a muito custo, sua fragrância natural se tornava mais forte, deixando Jaebum zonzo muitas vezes. Se tornando familiar à sensação de quase senti-lo na boca.

E, além do perfume já acostumado, também existia aquela temperatura que muitas vezes o deixava nervoso, beirando a um colapso de irritação por não saber lidar com aquele calor além da conta.

Park Jinyoung era quente. Como todos diziam; quente e solicitado como o Sol de uma bela manhã acolhedora. Jaebum não poderia negar, em hipótese alguma, que o ômega era amado por muitos dentro daquele reino e nunca saberia explicar tal façanha conquistada em tão pouco tempo. Todos sabiam o quanto o povo carloniano era complicado de se lidar, portanto, ver o Park nos encantos de Carlon era inusitado. Talvez soubesse explicar o porquê de todos amarem o moreno, porém lhe faltava coragem... vontade para dizer todas as palavras em voz alta. Novamente, seus amigos tinham razão, era um covarde.

Fechou os olhos, pedindo aos céus que seu sono viesse. Já havia amanhecido e os primeiros raios de Sol adentravam o quarto, assim como o vento que fazia as cortinas moverem-se no ar. Estava frio, mas mesmo com a sensação boa que a estação lhe proporcionava, continuava ali; sozinho... vazio.

E, assim, voltava a pensar no Park, porque Jinyoung odiava o inverno e em sua cabeça se perguntava se o mais novo estava bem agasalhado, pois lembrava-se que ele estava com pouca roupa quando saíra em disparada para longe de si.

— Que droga! — Levantou-se, caminhando pelo quarto, tentando achar uma maneira de se livrar daquelas sensações dentro de si.

Se sentia agitado e não era só seu lobo que brigava para ser ouvido, era mais... muito mais. Estava em uma luta interna entre seguir sua razão ou seu instinto que gritava. Por fim, buscou calçar a pantufa e ir atrás do Kim e do Jeon, mesmo que soubesse que ambos arrancariam seu fígado com unhas e dentes ao lhes contar sobre o sumiço de Jinyoung. E Jaebum torcia muito para que o ômega estivesse com eles, para o bem de seu lobo. Levou a mão até a maçaneta, porém não foi preciso esforço algum. A porta foi aberta, lhe obrigando a se afastar. Seus olhos caíram sobre a figura à frente, lhe fazendo engolir a sensação de nervosismo e surpresa.

— Jin-Jinyoung? — O ômega adentrou o quarto, arqueando uma das sobrancelhas em direção ao alfa. — Onde você estava? Eu te procurei a noite toda! — Seu tom beirava ao desespero, porém Jinyoung parecia incapaz de entender aquilo.

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