Lágrimas, desejos e quereres

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A tarde que antecedia o dia do casamento, na visão do alfa herdeiro de Soleil, passava lentamente, mesmo o próprio sabendo que não era bem isso que estava acontecendo. Mas para si era torturante estar daquele modo, em frente ao seu pai, o ouvindo relatar ao duque do distrito leste, os feitos que tinha conquistado para o reino soleiniense. Céus, queria fugir dali, queria falar a todos que não estava mais aguentando fingir sorrisos e assuntos que não lhe convinham.

Pelos sóis, não era seu papel aquilo. Apesar de ser filho de um rei temido, não estava em seu sangue ter que bajular cortes e fingir contentamento com algo.

— Jimin me parece ótimo, suponho que esteja feliz com o casamento de seu irmão, apesar dele estar casando primeiro que você. Aliás, quando pretende se casar? Já está na hora de formar uma família, suas vinte uma luas chegam daqui alguns meses, precisa ter em mente quem será seu parceiro ou parceira. — Jimin crispou os lábios contendo a vontade que apossou seu corpo de cuspir o vinho dentro da boca, que naquele momento desceu-lhe rasgando a garganta e queimando o estômago.

— Jimin logo encontrará uma ômega para si. Já estou providenciando isto. Afinal, ele é meu herdeiro e precisa de uma parceira a altura de sua posição. Apenas iremos deixar passar o casamento de meu filho mais novo e assim que, voltarmos para nosso reino iremos em busca da nova rainha de Soleil. Não é Jimin? — YangMin bebericou de seu vinho fitando cada detalhe do filho. Jimin sorriu pequeno, segurando-se para não perder a pose e educação que ainda lhe restavam.

— Claro meu pai. Não vejo a hora de encontrar uma parceira, estou... estou ansioso para tal feito. — o de fios estranhos buscou as palavras certas. Estava ansioso sim, ansioso para deixar bem claro que não se casaria com qualquer um que fosse. Não iria abrir mão de sua liberdade e nem muito menos, abrir mão de ser quem era, para vangloriar o pai que tinha. Se fosse coroado e tomasse posse de Soleil, não seria casado com nenhum ômega. Não iria se rebaixar aos quereres do pai, não foi feito para isso.

Chanyeol não estava ali para lhe assegurar de que tudo estava bem, muito menos para lhe dizer que logo seu pai deixaria de sandices e o deixaria em paz. Ao contrário, Chanyeol estava longe de si e tão irritado quanto o mesmo. E observando o amigo a alguns metros de si, enquanto seus ouvidos eram obrigados a ouvirem os prodígios de seu pai, seus olhos se mantinham atento nas caras e bocas do comandante soleiniense.

Jimin sabia que Chanyeol não estava no seu bom humor total e que a mão de KyungSoo em seu ombro, era a deixa certa que lhe mostrava com exatidão que o próprio estava correto. O Park mais novo conhecia o amigo como ninguém e sabia que quando KyungSoo o segurava daquela forma, ele estava prestes a esganar alguém. Sorriu pequeno e contido com aquilo, Chanyeol nunca mudaria.

Se pôs a observar com mais atenção o desenrolar de entradas e saídas do salão, que diga-se de passagem, estava cheio de pessoas. Todas elas com um único intuito, mostrar quem possuía mais poder. Céus, aquilo tinha virado um antro de exibicionismo capital. As esposas se atentavam a mostrar suas jóias cravejadas das mais belas e puras pedras preciosas, enquanto seus maridos, gabavam-se de suas proezas e riquezas ganhas. Disputavam quem tinha mais posses, mais dinheiro e mais moral nas cortes. Eram todos afundados em suas ambições e ganâncias egocêntricas, e pelos sóis, ele fazia parte daquilo. Se sentia nauseado em meio aquelas pessoas tão afundadas no próprio egoísmo.

Não se demorou muito a ficar no mesmo lugar que o pai, saiu a francesa, como gostava de fazer. Seu pai não notaria seu sumiço, já que estava afundado em sorrisos que esbanjavam suas conquistas. Alfas da corte japonesa o cercavam, o elogiando e lhe perguntando qual seriam seus próximos passos.

Negociadores infames!

Era isso que eram. Pelo Sol, era um casamento e não um negócio. Era uma união entre duas pessoas e não entre objetos de mercadoria.

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