Parte 3

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Chegando na casa de Massimo, Alberto vai ajudá-lo com a refeição de mais tarde. Luca avisa que seus pais iram participar, e Massimo fica empolgado com a reunião. Subindo as escadas, Luca logo dá de cara com o quarto de Giulia. Ela está vendo seus livros antigos, em particular, um sobre astronomia, um que a anos atrás, quando crianças, ela havia dado para ele.

- Já faz tanto tempo. Até parece que foi em outra vida. - Diz ela, quando nota Luca na porta.

- Vai ver, foi. - Responde ele, com um sorriso suave no rosto. Ele pega sua mochila que estava no quarto dela e segue andando no corredor.

Anos atrás Massimo resolveu ampliar a casa e fez um quarto para os meninos, Alberto e Luca, dormirem; com o tempo, claro, se tornou mais um quarto do Alberto do que de Luca.

Quando entra no quarto, Luca se sente nostálgico, como tudo naquela casa o faz sentir. Há um canto na parede com fotos, um local de recordações feito por Alberto. Luca chega mais perto para ver. Há fotos dele com Massimo, fotografias da linda cidade tiradas por Alberto, há uma foto dele com sua noiva, Suzi, também há uma foto dos três, Giulia, Alberto e Luca, crianças, segurando o troféu do campeonato da cidade. São boas lembranças para Luca. Logo atrás dessa foto dos três, um pouco escondida, há duas fotos juntas, de Luca e Alberto, uma delas quando crianças, e outra tirada a cerca de 2 anos atrás. Alberto entra no quarto e Luca tenta fingir que não estava vendo as fotos.

- Já vou logo avisando que a cama é minha! - Diz Alberto, sobre o local que cada um vai dormir. Ele logo se deita na cama, enquanto assobia alguma melodia. De peito para cima, com os dois braços em baixo da cabeça, e pernas cruzadas.

Luca, que estava fingindo mexer em sua bolsa, de costas para Alberto, se vira para ele, pensativo. Ele se apoia em uma cadeira atrás, um pequeno espaço com uma mesinha e uma cadeira, que fica bem em frente as fotos que Luca estava vendo antes.

Agora olhando para Alberto, Luca está hesitante sobre o que falar, mas vai em frente e fala sobre o assunto que tem lhe incomodado:

- Noivo então? - Diz ele, um pouco sem jeito, mas também se mostrando um pouco frustrado.

Do quarto, Giulia escuta, e começa a prestar atenção na conversa dos dois.

- É... quer dizer, sim, é recente. - Alberto fica um pouco sem jeito respondendo, e continua. - Porquê você não veio nas férias do meio do ano?

- Muitos estudos... - Diz Luca, olhando para o chão, com a mão na nuca.

- Você e sua escola... se tivesse ficado, talvez eu estivesse noivo de outra pessoa agora. - Diz Alberto, sentando na cama, olhando para Luca, que fica corado, ainda olhando para o chão.

Do quarto, eles escutam a voz de Massimo, gritando chamando Alberto, pedindo que ele o ajude no jantar indo comprar algumas coisas.

Alberto então se levanta da cama, ainda olhando Luca, que está parado, escorado na cadeira que fica bem do lado da porta, para onde Alberto começa a caminhar, mas quando chega perto de Luca, ele para de andar, fica parado olhando para a porta, mesmo estando lado a lado de Luca, enquanto Luca sente um frio no estomago, com Alberto tão próximo dessa forma, uma tensão fica no ar, como dois imãs tentando não se encontrar. Esse sentimento faz Luca ter medo, medo de se deixar sentir, então ele continua de cabeça baixa, ainda com a mão na nuca, quase se escondendo, não olhando para Alberto, que está bem na sua frente, de lado. Alberto também sente um frio na barriga, essa sensação que você sente quando algo muito bom está prestes a acontecer, mas que pode também ser um grande estrago. Alberto pensa em virar seu rosto para encarar Luca, ele inclina a cabeça levemente, mas muda de ideia no meio da ação, cedendo ao medo desse sentimento, então segue seu caminho para fora do quarto.

Quando Alberto sai, Luca sente a tensão no ar saindo também. Ele sente como se conseguisse respirar de novo, pois estar tão perto de Alberto, depois da conversa que tiveram, o deixou tão nervoso que ele sentiu como se tivesse esquecido como respirar, ou seu coração esquecido como bater.

Giulia vê Alberto passar pelo corredor para descer as escadas, então ela vai até Luca, que já está sentado na cama.

- Eu ouvi, as paredes são finas. - Diz ela na porta.

Luca olha para ela e sorri, um sorriso que diz "não sei o que acabou de acontecer". Giulia entra no quarto e senta na cama ao lado dele, ela segura em sua mão e sorri.

A noite chega e o jardim da casa já está todo iluminado, com uma grande mesa no centro para receber os convidados. Os três já estão se preparando.

Massimo está empolgado, vai colocando a comida na mesa. Ele pergunta a Alberto se Suzi vai poder estar presente, que ele deveria ir buscar ela e apresentar sua noiva para Giulia e Luca, e Alberto responde que sim, e que está indo busca-la, então ele tira da garagem sua velha vespa vermelha, e vai levando para fora da casa.

Luca sai da casa no mesmo momento, ele vê a vespa e fica empolgado, lhe faz ter memórias positivas, e vai direto até ela. Há alguns anos atrás, os dois foram comprar ela juntos, uma época que ainda eram mais próximos, e na época, assim que bateram o olho nela se apaixonaram. Alberto acabou comprando para si, enquanto Luca voltava para a cidade grande sempre que as férias acabavam.

- Como ela ta bem cuidada! Você soube cuidar bem direitinho. Quanto tempo que não via. - Diz Luca, com os olhos brilhando vendo a Vespa.

- Pois é, ela já passou por alguns concertos, mas segue firme. - Diz Alberto, subindo nela.

- Pra onde você vai? Eu poderia ir junto. - Diz Luca envergonhado, mas empolgado.

- Na verdade... eu to indo pegar a Suzi. Pro jantar. - Diz Alberto, sem jeito.

- Ah! Claro... claro... é... vai com cuidado. - Diz Luca, totalmente embaraçado.

Quando Alberto sai, Luca fica pensando consigo mesmo "Vai com cuidado? De onde tirei essa?"

Giulia assiste toda a cena, pensativa. Seu pai vai falar com ela um pouco.

- Você ainda olha pra eles assim! Não sei qual dos dois... - Ele começa a dizer.

- O que o senhor quer dizer? - Pergunta ela indignada.

- Filha?... - Ele responde como quem diz "você sabe".

- É complicado... - Diz ela, abaixando a cabeça.

- Nada é simples com vocês jovens, no meu tempo as coisas eram tão simples! - Diz ele, arrumando as cadeiras ao redor da mesa.

Da porta, Luca vê o mar, e vê seus pais saindo dele, o jantar está prestes a começar.

Luca, Alberto e GiuliaOnde histórias criam vida. Descubra agora