Luca, Alberto e Giulia

Parte 11

A casa do pai da Suzi estava uma grande bagunça. Roupas pelo chão, latas de cerveja, comidas estragadas, enquanto ele dormia no sofá, com a TV ligada.

Quando Giulia e Suzi entram, Suzi se sente envergonhada pela situação da casa e do pai, ela resolve ir desligar a TV, que está com um som alto, mas Giulia a impede, diz que é melhor deixar ligada, para ele nao ouvir elas, e continuar dormindo como já está. Giulia nota um telefone no sofá, Suzi confirma que é o celular de seu pai, Giulia pega e as duas vão para a cozinha. Nas chamadas recentes, Giulia encontra várias e várias ligações pelo horário da manhã, feitas para Rubens. O contato salvo como "Rubens Thomas". Elas se olham como quem fala "encontramos algo!". Suzi então leva Giulia para seu quarto, para poderem conversar longe da TV alta e de seu pai bêbado.

No quarto, Giulia diz que vai ligar para Rubens, Suzi sente receio, teme que seja perigoso. Giulia não se intimida, ela quer descobrir mais pistas, então liga para Rubens, e não demora muito para o telefonema ser atendido, a secretaria de Rubens que atende. Giulia pergunta por Rubens, a secretaria informa que ele está indisponível. Giulia começa a inventar uma história, diz que precisa contatar Rubens, para um assunto importante, ela vai falando e falando sem parar, e vai tirando algumas informações da secretaria, informações do tipo: que local era aquele, o trabalho que faziam, onde se localiza, com o que Rubens trabalha, e coisas do tipo. Ao todo, Giulia não consegue informações sobre Luca e Alberto, aparentemente Rubens é apenas um ex-militar, cientista que trabalha na base de pesquisa militar de Londres, nada demais. Quando vê que não tem mais informações para tirar com a secretaria, Giulia termina a ligação.

Giulia e Suzi resolvem pesquisar Rubens Thomas, e a Base Militar de pesquisa de Londres, na internet, e todas as informações se confirmam. Não parece ser nada de mais, nenhum indicio de seres híbridos, ou pesquisas relacionadas.

Em Londres, na Base secreta Z, Luca é levado para uma sala branca. Sua visão é turva, então as luzes parecem tão fortes no seu olhar. Essa sala tem bastante luz, branca, paredes brancas, mobília branca. Luca está usando uma camisa de força, que o impede de qualquer movimento.

Sentada em uma cadeira branca, está Agatha, também vestindo branco. Luca está com uma mordaça na boca que o impede de falar, então Agatha manda os seguranças retirarem a mordaça.

- Me fale, como foi a escola? Como era ficar tanto tempo fora da água? - Pergunta ela, empolgada.

- Onde eu to? Cadê o Alberto? - Pergunta Luca, ainda um pouco dopado.

- Alberto é nome dele então? Certo. - Diz ela, anotando em um papel.

- Onde eu to?! Você não pode fazer isso, não tem o direito! - Diz ele, com mais fúria.

- Direito? Você nos estudou então? Você sabe as leis? Você sabe história? Sabe matemática?... Não importa. Você e seu amigo, Alberto, são provavelmente os híbridos mais similares com a raça humana que conseguimos capturar em muito tempo.

- O que você quer de mim? - Pergunta Luca, com raiva, menos dopado que antes.

- O que eu quero de você, você não precisa saber, porque eu vou ter de qualquer jeito. Mas o que estamos fazendo aqui, durante as últimas décadas, pode mudar o mundo, a raça humana, o processo evolutivo. Você é lindo. - Diz Agatha, com brilho no olhar, olhando para Luca como se fosse apenas uma coisa, um objeto.

Em outra área da Base secreta Z, Alberto é levado pelos corredores, dentro do seu tanque, para uma outra sala, lá há vários outros tanques, enfileirados, deitados na horizontal. Colocam o tanque de Alberto junto a fila, também deitando na horizontal, e lá Alberto pode apenas ver o teto, escuro. Os cientistas o deixam lá e saem.

Dos dois lados de Alberto tem outros tanques, e um desses se ilumina, com sensor de movimento, há outro hibrido dentro, acabando de acordar, aparentemente. Alberto está assustado com tudo que está acontecendo. Ele tenta ver melhor o hibrido no tanque ao lado do seu, mas ele está de costas. Até que o híbrido começa a se virar lentamente, e seus olhos se encontram. Alberto sente que aquele olhar lhe é familiar, o outro híbrido também sente o mesmo. Os dois tocam no vidro de seus tanques, tentando inocentemente se tocarem.

- Alberto? - Pergunta o híbrido.

- Bruno? - Pergunta Alberto.

Giulia e Suzi voltam para a casa de Massimo, lá elas contam o que descobriram, mas infelizmente não é o bastante. Daniela e Lorenzo ficam em uma tristeza inconsolável, enquanto Massimo tenta acreditar que Luca e Alberto vão aparecer a qualquer momento.

Giulia sobe para seu quarto e leva Suzi. No quarto, Giulia se mostra determinada, ela fala "Temos que ir para Londres!" Suzi não entende qual a ideia, então Giulia explica.

- Nós já sabemos onde essa base fica. Se estão realmente mantendo Luca e Alberto lá, deve ser um enorme segredo, nunca vamos descobrir. Podemos ir lá, podemos nos infiltrar, podemos descobrir alguma coisa. Tudo que o Luca, a família dele, e os outros vêm passando, isso é inadmissível! Precisamos lutar pelo que é certo, pelo que é justo. Salvar nossos amigos. Isso é.... um reinado de terror! Levaram eles assim, sumiram, e sabe se lá o que eles estão passando agora. Isso tem que acabar, o Luca e o Alberto são humanos também, eles têm corações, eles têm sentimentos, eles são pessoas boas, eu cresci com eles. O mundo precisa parar de tentar destruir qualquer coisa que seja diferente do que estão acostumados. Temos que ir pra Londres, o mais rápido possível, encontrar uma forma de entrar naquele lugar, e salvar nossos amigos.

- Isso parece loucura..., mas, se eles estão lá mesmo..., mas e se?... - Suzi dá uma pausa e pensa um pouco, parece triste.

- Não pensa no pior... eu sei que eles tão lá fora, precisando de ajuda.

- Eu acho que meu noivado com o Alberto foi desfeito... A gente não devia buscar as autoridades? - Diz Suzi, pensativa.

- As autoridades fizeram isso. Tudo bem se não quiser fazer isso. É loucura demais, eu sei. Eu só sei que eu não vou parar até ver eles de novo, são minha família.

- A gente tem que esperar mais um pouco, não faz nem um dia... eles podem estar... não sei. O Alberto é uma das pessoas mais especiais que já conheci. Ele fez um momento muito difícil da minha vida, ser um dos melhores... Como você pensa em ir pra Londres? - Pergunta Suzi, intrigada.

- Tem alguém que conheço que mora lá. Não nos falamos faz algum tempo, mas pelo que me lembre, ele mora perto da Base. Ele pode ajudar.

- Quem?

- Seu nome é Ercole Visconti.