Parte 12

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Quando Alberto encontra Bruno, ele fica sem acreditar, infelizmente eles não conseguem se escutar, por conta da barreira dos tanques.

Alberto pensava que Bruno estava morto, a última vez que o viu, nem mesmo tinha conhecido Luca ainda.

Há muito tempo atrás, quando Alberto era apenas uma criança, morava com seu pai, Ronaldo, e seu irmão mais velho, Bruno. Eles viviam fugindo, se escondendo pelos mares. Na época, Alberto era criança demais para entender, assim pensava seu pai, então não o explicava do que tanto eles fugiam, porém, eles fugiam de humanos que os caçavam. Sempre em um lugar novo, a infância de Alberto foi sempre uma aventura, até que um dia, seu pai resolveu que seria melhor para a família se eles fossem viver como humanos, na superfície. Próximo a Riviera Italiana, foi onde pela primeira vez, Alberto se transformou em humano. Ele lembra desse período como mágico, empolgante, tudo era novo, como aprender a andar, sentir o vento no rosto, tentar correr, e todas as outras coisas que a superfície oferecia. Apesar desse período ter sido magico para Alberto, não foi assim para seu pai e seu irmão, que estavam sempre a espera de um ataque. Durante o período de adaptação de Alberto a superfície, ele ficava bastante apenas com seu irmão, Bruno, que era sempre muito super protetor com ele, e os dois ficaram por um tempo em uma pequena ilha de um farol abandonado. Enquanto isso, Ronaldo, pai de Alberto, ajudava outros híbridos a fugirem de ataques humanos, e chegarem a superfície. Um dia, seu pai voltou, estava machucado e desesperado, ele havia encontrado a mãe de Alberto, Lara, do qual eles pensavam que havia morrido com o primeiro ataque humano, anos antes. Porem ela estava machucada, e Ronaldo não havia conseguido resgata-la em meio ao ataque do qual haviam enfrentado. Sabendo que Lara estava próxima, Ronaldo resolve voltar ao mar e resgatar sua amada. Bruno tenta ir no lugar dele, já que ele estava ferido, mas Ronaldo não queria colocar seu filho em perigo. Horas se passam e nada de Ronaldo voltar. Na época, Alberto não fazia ideia do que estava acontecendo, mas Bruno resolve ir atrás de seu pai, e também entra novamente no mar. Infelizmente, aquela foi a última vez que Alberto viu seu irmão super protetor.

Sozinho, ele passou dias naquela pequena ilha abandonada, lembrando que seu irmão o havia dito que iria voltar, contando os dias para isso acontecer... Sem entender a situação, o jovem Alberto chega à conclusão que foi abandonado por sua família, deixado sozinho naquela ilha. O tempo foi passando, e ele foi encontrando formas de sobreviver sozinho lá.

Quando Alberto vê seu irmão, no tanque na sua frente, vivo, ele fica em choque. Seu irmão, Bruno, fica eufórico que esteja revendo Alberto, mas ao mesmo tempo fica triste, por que sabe que aquele lugar não é seguro.

A porta do salão se abre, os cientistas entram com um novo tanque, e Alberto sabe que Luca está dentro dele. Infelizmente, eles são colocados longe um do outro.

O dia amanhece na Riviera italiana, com o sol da manhã brilhando como ouro no céu. Apesar do dia brilhante, a casa de Massimo está uma bagunça. Lorenzo e Daniela chegam de uma intensa noite de busca pelos mares, infelizmente sem sucesso. Daniela está inconsolável. Massimo sente que a situação realmente é alarmante. Giulia decide informar aos outros sua decisão de ir até Londres.

- Não tem nada mais que possa ser feito. Eles não sumiram, eles foram levados. Não podemos ficar aqui esperando eles voltarem, porque não vão, eles não são assim, eles nunca sumiriam dessa forma. Temos que agir. - Diz ela, decidida e determinada.

Massimo decide ir à polícia local e falar do desaparecimento dos meninos. Lorenzo e Daniela resolvem continuar buscando no mar, são os únicos que podem. Giulia prepara sua mala para fazer uma viagem até Londres. Ela liga para a única pessoa que conhece de Londres, seu nome, Ercole Visconti.

Ercole viveu grande parte da vida na Riviera italiana, e quando Giulia era criança, os dois tinham uma severa implicância, mesmo ele sendo bem mais velho. Quando perdeu o campeonato da cidade para as crianças Giulia, Luca e Alberto, Ercole resolveu que a vida de campeonatos já não o agradava mais, buscou um emprego no porto. Nos anos seguintes, o relacionamento entre Giulia e Ercole ficou mais pacifico, e quando se viam na rua, se cumprimentavam, e com o passar do tempo, até mesmo riam das disputas do passado. Em um lindo verão de férias escolares, Giulia soube de um grande problema que havia acontecido na família de Ercole. Aparentemente, Ercole havia se apaixonado por um outro homem que também trabalhava no porto, e os dois estavam vivendo um romance secreto, até que um dia alguém da cidade os viu aos beijos e resolveu contar ao seu pai, machista, que ficou enfurecido com o filho. Giulia não lembra bem, e nem sabe de toda a história sobre como as coisas realmente aconteceram, apenas os rumores que percorreram a cidade na época. Foi uma grande confusão. Ercole, mais maduro, decidiu não se esconder, e assumiu seu romance, mas infelizmente seu pai o agrediu e o expulsou de casa. Machucado e sem ter para onde ir, Massimo levou Ercole a sua casa naquele dia, o deu abrigo. Giulia lembra bem desse dia em específico, porque foi o dia que teve uma das conversas mais honestas com Ercole. Enquanto Massimo havia ido à casa do pai de Ercole, tentar conversar com ele a aceitar o filho, Giulia encontrou Ercole machucado, limpando seu sangue no rosto, sentado na cadeira da cozinha de sua casa.

- Como você tá? Sinto muito. - Disse Giulia, chegando mais próxima dele.

- Eu... - Ele tentava falar, mas as palavras o engasgavam, o choro preso na sua garganta, as lágrimas se segurando para nao cair, a raiva explodindo em sua mente.

Quando Giulia sentou na cadeira ao seu lado, ele se virou, como se estivesse com vergonha.

- Ei, deixa eu te ajudar. - Giulia resolveu pegar um pano molhado e ajudar a limpar o sangue. Ercole pareceu resistente a tentativa de Giulia de se aproximar, mas a deixou o ajudar. Então ela continua falando, enquanto limpava o sangue no rosto dele. - Sabe? Nada disso é sua culpa. Nada! Você não fez nada para merecer isso. Você merece amor, merece ser amado, estar perto de pessoas que te amam e te apoiam. - Enquanto ela falava, ele tentava não chorar. Segurando suas lagrimas, olhando a janela, tentando não pensar. Ela toca em seu queixo e o faz olhar para ela, e diz: - Amar não é um erro, e você não pode ser punido por amar. Quem não puder entender isso, não te merece. - Nesse momento, ele cai em lagrimas, desabafa todo o seu choro que segurou tentando parecer forte frente aos outros. Giulia continua: - Você tem que buscar sua felicidade, é o que importa.

- Obrigado. Obrigado mesmo. É tão difícil, ter escondido isso todos esses anos. Eu não aguentava mais, me sentindo tão sem ar, tão sufocado, tentando fingir ser alguém que nao sou, para agradar os outros, para me... tentar fazer parte, sabe?... E eu finalmente encontrei alguém que me ama, e que eu amo também... Desculpa - Diz ele, limpando suas lagrimas.

- Você não tem nada pra se desculpar. - Diz Giulia, com um sorrido amigo.

- Obrigado de novo... acho que ninguém nunca me disse essas coisas. - Diz ele, olhando para ela, e seu olho diz "Você não sabe como é importante ouvir isso". Ele respira fundo, e continua: - É só tão difícil, é meu pai sabe? É minha família. Tem uma ligação entre mim e eles que é pra vida, e eu me importo tanto com eles, é duro ouvir o que ouvi deles hoje. Me abominam. Mas eu sempre fui assim, Giulia, eu sempre fui assim. Sempre fui eu, eles sabendo ou não.

Ela abraça ele, um abraço necessário de amigos para aquele momento tão honesto.

Alguém bate na porta. Ercole limpa seu rosto novamente das suas lagrimas, diz "É pra mim" se levanta e vai até a porta. Quando ele abre, é um homem lindo, seu nome é Jean, namorado de Ercole.

- Eu chamei ele. - Diz Ercole para Giulia, que nota algumas malas de viagem junto com Jean.

Ercole apresenta Giulia e Jean.

- Vocês vão viajar? - Pergunta ela.

- Ele tem família em Londres, vamos para lá. Eu não posso mais ficar aqui. Eu preciso respirar. - Diz Ercole.

Massimo chega em casa, de volta da casa do pai de Ercole. Massimo diz "sinto muito", e Ercole sabe que seu pai não mudou de ideia, e nunca vai.

- Ok garota! Já chega dessa tristeza, não quero sair dessa cidade parecendo um coitado. Eu sou Ercole Visconti! Não nasci pra ser um coitado. - Diz ele, tentando se animar antes de sair.

Giulia sorri, um sorriso amigo. Ercole agradece Massimo e Giulia, e vai em direção ao carro de Jean, mas percebe que precisa fazer algo antes de sair, então volta até Giulia e a abraça, e depois do abraço, diz para ela "pirralha" com um sorriso de um amigo implicante, que logo muda para um sorriso de gratidão, então volta para o carro, e os dois partem.

Giulia liga para Ercole para avisar que está indo para Londres e que vai precisar de sua ajuda. Quando ele atende, ele parece estar bem ocupado, e nem reconhece a voz de Giulia inicialmente, mas quando ela explica, ele fica feliz, com seu jeito implicante de sempre, diz que vai receber Giulia em sua casa. Giulia pergunta sobre a Base militar de Londres, e Ercole confirma que é perto de sua casa, e diz que seu marido, Jean, trabalha lá. Giulia fica empolgada, agora já sabe como vai começar sua busca em Londres.

Luca, Alberto e GiuliaOnde histórias criam vida. Descubra agora