Capítulo 12

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Quinta - feira

De pé, postura altiva como sempre, Draco estava parado em frente a um caminho que se dividia em dois. Precisava seguir por um deles, mas ambos os sentidos - direita e esquerda - pareciam levar a lugares muito agradáveis, maravilhosos.

E à medida que permanecia em dúvida, sentia-se cada vez mais pressionado a fazer uma escolha; porém era impossível seguir um destino sem a dor de abrir mão do outro.

O som distante de asas cortou o céu cinzento que o cobria - diferente do azul luminoso adiante - e uma coruja entregou-lhe um bilhete. Sentindo um aperto estranho no peito, desenrolou o papel:

"Cada escolha, infinitas renúncias. Aceite e siga em frente, o tempo está acabando."

- Ainda não, preciso de mais tempo! - respondeu, aflito, mas a coruja pousou em seu ombro e começou a cutucá-lo com o bico. - Ai! Não faça isso, eu disse que preciso de mais tempo!

A ave então passou a chirriar muito alto e a beliscar sua orelha; para atordoá-lo ainda mais, a luz de um relâmpago quase o cegou e um som alto de trovão retumbou, parecendo gritar: "ESCOLHA... ESCOLHA... ESCOLHA..."

- NÃO POSSO! - gritou ele, já desesperado e tentando se livrar do pássaro e de todo aquele caos - NÃO QUERO ESCOLHER!

A dor na ponta da orelha e no ombro aumentava, a luz queimava suas íris e o som parecia prestes a enlouquecê-lo. Percebeu então que só havia uma saída e doeu quase tanto quanto optar por uma das opções, mas ele fez: deu as costas para os dois caminhos que prometiam maravilhas.

Começou a correr sob o céu opaco e sentiu uma tristeza imensa envolver seu coração. Era como a névoa negra que cobria todo o chão rochoso, sem vida, e começava a espiralar ao seu redor.

Entretanto a fuga foi em vão, pois a confusão de dor, luz e barulho insistia em acompanhá-lo. Já começava a sentir os pulmões apertados pelo esforço da corrida, mas nada mudava. Na verdade o sofrimento parecia crescer quanto mais se afastava.

Por fim, apenas rendeu-se e caiu de joelhos. A névoa rodopiou, subindo lentamente; era pútrida, venenosa, e estava prestes a entrar em suas narinas para sufocá-lo e aprisioná-lo para sempre em caos, tristeza e solidão...

Nesse momento, Draco acordou.

- Ah! - exclamou, sentando-se na cama e puxando o ar como se tivesse ficado sem respirar por muito tempo.

Um raio de sol iluminava exatamente seu travesseiro e, perto dos seus pés, farfalhando as asas impacientemente, uma coruja cinzenta o encarava com olhar de julgamento.

- Morana... - chamou, divido entre a raiva, já que ainda sentia a pele arder por causa daa bicadas, e a gratidão, porque a algazarra ao menos tinha-o libertado do maldito sonho. - Ela te mandou me acordar, não foi?

Visivelmente irritada, Morana voou até ele e estendeu a pata, partindo no instante seguinte. Assim que o rapaz quebrou o lacre de cera, a carta saltou de seus dedos e um recorte no formato de lábios vermelhos flutuou à sua frente.

- Caralho, Draco! - soou a voz de Pansy, tão clara como se ela estivesse ali - Mais dez minutos e eu iria até aí, ver se você estava vivo!

- Céus, que drama... - respondeu ele, passando as mãos pelo rosto e notando que estava molhado de lágrimas.

- Voz de sono! São 5 da tarde, o que houve?! A Juliet disse que você não foi à loja ontem e tirou o resto da semana de folga. Você tá doente? Quer que eu vá aí? Você tá bem?? FALA!

Draco rolou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir ao ouvir o tom preocupado na voz da amiga.

- Pam, relaxa... - pediu, sendo obrigado a pausar a fala para dar um bocejo - Eu estou bem. Estou ótimo, maravilhoso, esplêndido, espectacular. E não se esqueça de lindo e muito gostoso.

Calendário - Drarryone ~FINALIZADA~Onde histórias criam vida. Descubra agora