Prólogo

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            O tempo estava cinzento. Nuvens carregadas cobriam o céu, indicando que a tempestade se aproximada.

            Ninguém está pronto para deixar alguém que ama, não é?

            Claro que não.

            Ele forçava a cabeça da garota contra o lago, a mantendo submersa. Mesmo sentindo-a se debater para sair, ele não a dava nenhuma esperança, a puxando pelos cabelos.

            Os olhos brilharam em pavor, antes que sua cabeça fosse levada ao chão, acertando uma pedra. Continuamente ele a fazia bater a cabeça. Ela já nem estava mais resistindo, havia perdido totalmente a vitalidade.

            Ainda não podia parar.

            Nunca se deve deixar um trabalho pela metade...


            A casa estava silenciosa naquela manhã. Ele estava cansado. Não tinha tanta disposição como antes, sentia como se a energia fosse drenada a cada passo que avançava.

            — Está tudo bem? Parece que foi algo pesaroso.

            — E foi mesmo! Acha que é fácil lidar com uma garota como ela?

            — Não se faça de velho, seu irmão teve mais trabalho que você.

            — Foda-se, tio! Você sempre joga na minha cara que ele é melhor que eu. Por que eu estou aqui e ele morto, então?

            — Porque você fez cagada demais. Está aqui como meu coadjuvante, não como meu sobrinho.

            Ele suspirou, vendo o tio alto e loiro se afastar, colocando um cigarro entre o indicador e médio. Sentou ao lado de seu superior, ainda se sentindo levemente mal.

            — Me dê um. — Disse, recebendo um cigarro.

            — Tens muito o que aprender, garoto.

            — Você não é um bom professor, Lúcifer.

            — Disse que tem muito o que aprender e não que eu iria te ensinar.

            Olhou para seu reflexo pelo lago. O cabelo tingido havia ficado um tanto esquisito no tom de azul cinzento, então acabou retornando ao tom negro. De relance, teve o impulso de tocar o pescoço, mesmo que não usasse nada ali há muito tempo.

            — Vamos, precisamos voltar. — Disse o loiro, jogando o cigarro apagado no lago, dando-lhe as costas e pondo-se a andar.

            Ele olhou para o corpo uma última vez. Boiava sobre a água do lago. Olhava-o de um jeito acusador.

            "Você é mau, Chase. Mau! Não esqueça disso!"

            Eu sou um Heylel. Os Heylel são maus! — Repreendeu-se, impedindo-se de se manter deprimido pelo que fez.

            Logo alcançou o tio, andando por entre a mata do jardim dos Conrad.

A Paixão do Imortal 3: Vidas DestruídasOnde histórias criam vida. Descubra agora