— Mais devagar! — Reclamei.
Minhas pernas já estavam pedindo misericórdia, todavia quanto mais eu pedia para Ludovica desacelerar, mais parecia que ela acelerava.
— Vai, seu idoso!
Gemi, sentando no acento da bicicleta, desistindo de tentar acompanhar seu ritmo.
— Minhas pernas doem! Eu não sou velho, droga, você que deveria com as pernas doendo assim, não eu!
Ouvi ela rir, desacelerando. Quando finalmente a alcanço, ela sorri zombeteira.
— Não esquece que você ainda precisa patinar comigo.
— Vai precisar me dar uma boa recompensa por me fazer estar quase morrendo aqui!
— Morrendo?
— Você entendeu!!
— Relaxa, eu te recompenso depois da patinação. Fora que estamos quase chegando.
Os Conrad sempre foram talentosos, entretanto nunca tinha imaginado que Ludovica poderia dar uma surra em mim no mundo da patinação. Mas ela teve certa vantagem porque pedalar até aqui acabou me cansando demais.
Ela segura minha mão, quase tirando meu equilíbrio.
— Quer me fazer cair, não é?
— Não. Sabe, não é minha culpa você ser tão ruim assim.
— Já deu, né? Para de me humilhar — reclamei, girando, ainda segurando sua mão.
Meu celular vibrou em meu bolso. Li o nome de alguém que eu não conversava há praticamente dois meses inteiros.
— Quanto tempo, Ryan.
— Por favor, me diz que vocês vêm para o Natal.
— Vamos, sim. Amanhã já estamos de volta a Burkittsville.
— Nunca achei que ficaria feliz com essa notícia.
— Como se você não tivesse ficado depressivo quando eu quis voltar para Trenton.
— Eu??? Nunca!
— A gente se vê, Ry.
— Esperarei ansioso pelo retorno dos dois. E DO MEU BENTLEY!
꧁꧂
A época do Natal para mim não é o que podia-se chamar de "favorita", mesmo que muitos a considerassem como. Digamos que ao meu ver, era apenas uma boa ideia para lojas de brinquedos e de outros produtos faturarem por cima de uma ocasião consideravelmente especial, porém quem era eu para julgar? Um mero vampiro de vinte e três anos.
Lucas e eu acabamos nos empolgando na ideia de árvore natalina, mas posso me livrar de toda a culpa, pois quem encheu o carrinho com enfeites e uma árvore exageradamente grande fora euzinho — mas em minha defesa, quem me deu as coisas que coloquei no carrinho foi Lucas!
— Puta que pariu! — Lucas gritou ao cair da cadeira que estava em pé.
— Lucas, você está bem? Eu disse para me esperar! A árvore é muito alta para você, pequeno — disse ao vê-lo sentado no chão.
— Tenho só quatro centímetros a menos que você e eu queria te mostrar que conseguia sozinho...
Sorri, me agachando ao seu lado. Entreguei a estrela ao garoto.
— De que adianta ter crescido se ainda não consegue colocar a estrela na ponta da árvore?
— Fica quieto, nem você alcança! Eu acho que peguei uma árvore grande demais...
— Você acha? Ah, eu tive uma ideia...
E que provavelmente pode dar muito errado...
Ri, após a cadeira balançar.
— Pare!!
— Coloque logo essa estrela! Equilibrar isso está foda! — Resmunguei entre risos, segurando as cadeiras que Lucas se equilibrava.
Minha ideia havia se constituído em por duas cadeiras uma em cima da outra e equilibrar Lucas em cima delas.
— Coloquei! Coloquei!!
Ele pulou das cadeiras, abraçando o chão. Ludovica e Ryan nos olhavam, ambos apoiados no parapeito da grande escadaria.
— Algo está muito estranho...
— Por quê? Porque você e Melanie ainda não brigaram desde que voltou com Dimitri, de Paris?
— Não. Estou sentindo falta de algo. Você não?
As portas da mansão se abriram em um estrondo. Miramos James e Lewis.
— Galera, foi mal, não consegui segurar ele — diz o irmão mais novo, logo segurando seu único familiar.
— Por favor, alguém me diz cadê a Luana!
— Luana! — Ludovica brada. — É isso! Por isso estou sentindo que algo está faltando.
— A última vez que a vi foi antes do casamento. Ela não compareceu, até achei esquisito. — Ryan comentou.
— Ela não foi, eu também vi. Melanie não sabe de algo?
— Se soubesse, já teria feito algo sobre. Melanie não é do tipo que não se importa, pelo contrário. Ela é especialista em cuidar da vida alheia...
— Ludovica, o assunto aqui é sério.
Um grito agudo me fez cobrir os ouvidos, olhando para a cozinha.
— Veio dos fundos — falei, antes de correr para o cômodo.
Abri as portas de vidro, vendo Raphaelle. Ela estava pálida como uma bola de neve, os olhos de alguém em choque, corpo trêmulo e estava cobrindo a boca com a destra.
— O que houve? — Questionei, me aproximando.
Ela não conseguiu emitir som algum. A única coisa que seu corpo lhe permitiu fazer, fora apontar o indicador da canhota para o lago. Fora onde eu a vi.
Luana estava boiando no lago.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Paixão do Imortal 3: Vidas Destruídas
VampireUm bairro bizarro, uma família traiçoeira e uma decisão complicada. Isso foi o que virou a vida de Dimitri Parker. Dos dois anos que ficou em Burkittsville, presenciou e participou de vários acontecimentos que o marcaram e permaneceriam marcados até...