O Numismático

A visita

(Toc toc)

-Tem alguém aqui, preciso ver quem é!- Com o coito interrompido, Vogel se veste rapidamente. Tropeçando no próprio jeans, sai em disparada para abrir a porta. Não havia marcado hora com ninguém, mas essa era a primeira vez que tinha certeza, aquela visita era mesmo para ele.Observou uma figura singular por detrás da porta, através do olho mágico.

 - Sou eu, seu professor, tenho um assunto de extrema importância para tratar contigo, talvez, não sei, essa deve ser uma hora importuna.

 - Na verdade, era sim uma péssima hora! Imagine você, prestes ao ápice do prazer ser interrompido. Mas o fato é que o misterioso assunto deixara Vogel deveras curioso.

 - Olá professor, o senhor nunca me incomoda, vamos, entre!

 - Sabe que tenho muita estima por ti, e não é de hoje que tenho te acompanhado. Sinto que é hora de revelar um segredo que tanto vem me apavorando. Receio cair sob o peso do teu julgo, mas entendo, és detentor deste direito e só me cabe aceitar as consequências.

 - Agora o senhor está me assustando. O que este segredo tem tanto haver comigo?

 - O senhor Albert tirou um lenço do bolso, limpou a testa onde o suor habitava, passou a mão em seu cabelo e com pigarro na garganta tentou falar, mas fora vencido pelo medo.

- Vogel?... Volta pra cama, estou com saudades! – Gritou Anne, seminua, enquanto era tocada pelo frescor do vento que a invadia por debaixo do emaranhado de lençóis que rejeitava cobri-la.

- Por favor, professor, diga-me logo o que está acontecendo! -Franziu a testa, coçou a cabeça demonstrando total ansiedade.

- Não quero estragar o seu dia, outra hora eu volto! – Inseriu três tapinhas no ombro de Vogel, virou-se e saiu em disparada, antes que o anfitrião completasse qualquer frase.

- Quanta gente doida! – Respondeu a si mesmo incrédulo com a atitude do seu mentor.