Distração

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Anne  abriu mais cedo o antiquário. Melhor dizendo, às seis horas já estava de prontidão. O seu olhar tentava dissimular a apreensão e vontade voraz de ver mais uma vez o jovem que mais lhe alcançou o íntimo.

Distraído com as coleções de Rudolf,  Vogel procurava textos e pretextos para tornar este outro encontro mais especial.

Ele via nas moedas funções bastante interessantes. Podia apalpar a história de vários povos, aquilo era poder. Havia em suas mãos uma moeda do Brasil Colônia que tinha gravada em seu reverso a imagem do D. João - VI, Rei de Portugal. Com as enciclopédias do avô,  Friedrich decidiu procurar mais informações a respeito daquele objeto. Sua intenção era formular um repertório de assuntos no intuito de manter um longo espaço de tempo com a sua musa.

Enquanto isto, ela recolhia papéis em sua mesa de madeira envernizada. Buscava obter o registro de todos os seus clientes, mas a distração era tanta que repassou mais de cinco vezes por aquele bendito documento. Talvez a sua mente estivesse fazendo uma viagem na calda de algum cometa ou, até mesmo, fazendo o percurso das 20.000 Léguas Submarinas.

Ela pensava em Vogel! A sua distração era aquele jovem que convidara para o Café Strauss.

Sentira-se desejada, sabia que ele a comia com os olhos. Tocava em si mesma imaginando as mãos dele escorrendo pelo seu corpo... Passando por suas coxas... Pegando-lhe à nuca para um beijo quente e repleto de prazer.  Ela queria senti-lo dentro de si.

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