Os dias no recanto das nuvens começavam nublados e frios e aos poucos ganhavam calor junto com os primeiros raios de sol, mas para Lan XiChen o frio era constante e nunca o deixava.
Fazia um ano que o líder do clã Lan se encontrava em reclusão, se escondendo do mundo e de suas coisas mundanas, evitando coisas que o trouxessem dor, evitando até mesmo seus próprios sentimentos.
Com uma rotina que se baseava em ir de um lado para o outro dentro daquele cômodo que acabou se tornando seu único refúgio após todos aqueles acontecimentos.
Ao acordar o Lan fazia parada de mãos durante algumas horas, e só parava após ver os primeiros raios de sol invadindo seu quarto pela fresta da janela, levemente aberta.
Depois de um longo banho o Lan se concentrava e dedicava um pouco de seu tempo para cuidar do pequeno jardim que tinha ao lado da residência, cuidando com carinho e atenção das pequenas flores que tanto admirava.
Não importava quantas vezes olhasse para aquelas pequenas flores, ele sempre se encantava com cada uma delas.
Algumas tão pequenas, outras que apesar de seu tamanho tinham uma aparência tão delicadas, outras que apesar de serem delicadas não permitiam que as tocassem com facilidade, era necessário paciência e habilidade para toca-lás, caso contrario quem quer que fosse a toca-lás com brutalidade, sairia machucado por seus espinhos.
Após cuidar de cada uma delas com paciência e devoção, passando longas horas ali, o Lan se dava por satisfeito observando o resultado final.
Após as oito Lan Xichen retornava para dentro já ciente que alguém viria visita-lo a seguir, afinal todos os dias após sua reclusão alguém sempre vinha entregar suas refeições diárias, mesmo que o Lan insistisse em dizer que não era necessário.
Pela manhã XiChen recebia a visita de seu irmão mais novo, que saia enquanto o marido ainda estava dormindo, para vir trazer a primeira refeição do dia, sendo recebido gentilmente pelo irmão mais velho, que o deixava entrar com um sorriso brando nos lábios.
Lan Zhan não era muito de demonstrar seus sentimentos, mas a preocupação com o irmão era evidente para quem quisesse ver, e o Lan mais novo aproveitava esse curto período de tempo com o irmão para analisar seu bem estar, verificando seu estado físico já que o emocional somente Lan XiChen poderia lhe dizer como estava, e ele não o faria tão cedo.
A tarde quem vinha entregar a refeição era um dos júniores, algumas vezes era Lan sizhui a bater em sua porta, dizendo com cuidado que a refeição estava pronta e que esperava que o mais velho se alimentasse, demonstrando em um simples ato toda a educação herdada de Hanguang-jun, aquele que o criou com tanto amor e carinho.
Outras vezes era Lan Jingyi que com seu jeito barulhento e bagunçado dizia que se ele não se alimenta-se ficaria muito chateado, pois trouxe a refeição com todo cuidado especialmente para o líder, e mesmo que o garoto fosse meio errado no modo em que dizia as palavras e levasse bronca por isso, o líder gostava quando ele aparecia, pois se divertia com seu jeito torto de ser.
A noite quem vinha era seu tio, que vinha verificar seu estado de saúde e discutir com Xichen sobre assuntos importantes envolvendo a seita, as vezes trazia consigo alguns relatórios para que o mais velho assinasse, já que mesmo em reclusão ele ainda era o líder, e tinha certas coisas que só o líder podia fazer.
Seus dias eram calmos, com uma paz encantadora, mas essa paz se esvai quando a noite caí e o Lan pega no sono.
Suas lembranças voltavam para o assombrar, primeiramente vinham os bons momentos, mas em seguida os momentos ruins o fazendo despertar no meio da noite, suado e atormentado, querendo que tudo aquilo não passasse apenas de um pesadelo cruel.
Mas a realidade era a mesma dos sonhos, e ao concluir aquilo vinha o choro, a angústia, a dor, a culpa, todos os demônios que o Lan controlava com maestria durante o dia, se soltavam durante a noite, o controlando até o nascer do sol.
E eram assim os dias em Gusu, tranquilos mas que escondiam um sofrimento que jamais poderá ser descrito em palavras.
Lan XiChen escondia por trás daquele belo sorriso gentil, dores que ninguém seria capaz de imaginar, engolindo e sufocando toda a dor dentro do peito, até que com o cair da noite elas pudessem sair, junto com as lágrimas que banhavam o rosto claro do líder Lan.
E assim os dias passavam em Gusu, com a felicidade daquele que passou anos atrás de sua alma gêmea, mas com a dor daquele que se culpava pela morte daqueles que tanto apreciava.
Oie, voltei.
Então me digam o que estão achando? Críticas construtivas são bem vindas.Perdoem qualquer erro :)
Então o próximo capítulo pode demorar um pouquinho pra sair, mas vou caprichar, beijos de luz! 💫
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um coração como o seu.
FantasyComo poderia um coração como o seu, amar um coração como o meu?