Capítulo 40

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— Tem certeza que quer fazer isso?

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— Tem certeza que quer fazer isso?

— Absoluta.

— Cris, acho tudo isso muito arriscado. E se essa sua ideia não der certo e ele desconfiar e tentar fazer alguma coisa com você?

— A agência está cheia de seguranças que só vão embora depois que o último de nós sair. Ele não vai ser louco de fazer alguma coisa comigo. Relaxa, vai dar tudo certo.

A agência já estava fechando e sobraram apenas os guardas e alguns poucos funcionários. Junto toda a minha papelada e coloco dentro de uma caixa que eu deveria levar para o sótão. Os papéis importantes que não usávamos mais a gente guardava lá embaixo nos arquivos. Eu precisava fazer uma limpa urgente na minha mesa e aproveitaria para colocar meu plano em ação.

— Vou aproveitar que ele foi lá embaixo agora e ter uma conversinha com ele.

— Ainda acho tudo isso uma loucura.

— Você quer ou não quer fazer justiça?

— Quero, mas...

— Então pronto. Olha, eu não tenho medo dele. E caso a coisa comece a ficar ruim, eu grito e você chama os seguranças. Ok?

— Ok — Jéssica concorda ainda receosa.

Pego meu celular e aciono o gravador, depois escondo o aparelho no bolso de trás da calça.

— Se esse cara não for preso, pelo menos aqui ele não vai trabalhar mais.

— Vou ficar escondida nas escadas atenta a tudo.

— Conto com você. Mas lembre-se, só venha me socorrer quando ver que a coisa ficou realmente feia. Quero fazê-lo falar o máximo possível.

— Certo.

Desço as escadas com a caixa e entro no sótão. A luz amarela não é suficiente para iluminar todo o lugar. Na verdade, ela quase é consumida pela escuridão. Tudo se parece muito com uma biblioteca antiga onde muitas prateleiras ficam uma ao lado da outra, mas ao invés de livros, há caixas e mais caixas velhas e corroídas pelo tempo. Nunca gostei de descer aqui sozinha e só faço isso agora pois preciso fazer Binho pagar por tudo o que fez. A propósito, não o vejo aqui. Tinha certeza de tê-lo visto descer as escadas do sótão.

— Olha só quem está aqui.

Levo um susto enorme quando ele aparece entre as prateleiras. Retiro o que eu disse antes sobre não ter medo dele, pois esse cara quase me fez borrar as calças agora.

— Só vim... trazer uns papéis — guardo a caixa em uma das prateleiras.

— Ouvi dizer que vai se casar com aquele inválido — ele fala, e meu sangue borbulha.

— Ele pode até não poder andar por enquanto, mas pelo menos não é um psicopata. Afinal de contas, alguém que coloca droga na bebida de uma pessoa não deve ser muito normal.

Apartamento 301 (Série Apartamento - Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora