— Tem certeza que quer fazer isso?
— Absoluta.
— Cris, acho tudo isso muito arriscado. E se essa sua ideia não der certo e ele desconfiar e tentar fazer alguma coisa com você?
— A agência está cheia de seguranças que só vão embora depois que o último de nós sair. Ele não vai ser louco de fazer alguma coisa comigo. Relaxa, vai dar tudo certo.
A agência já estava fechando e sobraram apenas os guardas e alguns poucos funcionários. Junto toda a minha papelada e coloco dentro de uma caixa que eu deveria levar para o sótão. Os papéis importantes que não usávamos mais a gente guardava lá embaixo nos arquivos. Eu precisava fazer uma limpa urgente na minha mesa e aproveitaria para colocar meu plano em ação.
— Vou aproveitar que ele foi lá embaixo agora e ter uma conversinha com ele.
— Ainda acho tudo isso uma loucura.
— Você quer ou não quer fazer justiça?
— Quero, mas...
— Então pronto. Olha, eu não tenho medo dele. E caso a coisa comece a ficar ruim, eu grito e você chama os seguranças. Ok?
— Ok — Jéssica concorda ainda receosa.
Pego meu celular e aciono o gravador, depois escondo o aparelho no bolso de trás da calça.
— Se esse cara não for preso, pelo menos aqui ele não vai trabalhar mais.
— Vou ficar escondida nas escadas atenta a tudo.
— Conto com você. Mas lembre-se, só venha me socorrer quando ver que a coisa ficou realmente feia. Quero fazê-lo falar o máximo possível.
— Certo.
Desço as escadas com a caixa e entro no sótão. A luz amarela não é suficiente para iluminar todo o lugar. Na verdade, ela quase é consumida pela escuridão. Tudo se parece muito com uma biblioteca antiga onde muitas prateleiras ficam uma ao lado da outra, mas ao invés de livros, há caixas e mais caixas velhas e corroídas pelo tempo. Nunca gostei de descer aqui sozinha e só faço isso agora pois preciso fazer Binho pagar por tudo o que fez. A propósito, não o vejo aqui. Tinha certeza de tê-lo visto descer as escadas do sótão.
— Olha só quem está aqui.
Levo um susto enorme quando ele aparece entre as prateleiras. Retiro o que eu disse antes sobre não ter medo dele, pois esse cara quase me fez borrar as calças agora.
— Só vim... trazer uns papéis — guardo a caixa em uma das prateleiras.
— Ouvi dizer que vai se casar com aquele inválido — ele fala, e meu sangue borbulha.
— Ele pode até não poder andar por enquanto, mas pelo menos não é um psicopata. Afinal de contas, alguém que coloca droga na bebida de uma pessoa não deve ser muito normal.
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Apartamento 301 (Série Apartamento - Livro 4)
RomanceCom o fim doloroso de seu noivado, Cris mergulha em noites regadas a bebidas e homens, mas quando seu ex-noivo se muda de frente para seu apartamento, arrependido e querendo outra chance, o que Cris fará? Lucas inventou a pior mentira para terminar...