Capítulo 11

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A cara dela foi hilária. Depois que fecho a porta fico rindo sozinho.

No entanto meu sorriso logo vai sumindo e fico sério, e uma certa apreensão toma conta de mim, pois agora ela sabe que moro em frente ao seu apartamento.

Deito na cama e demoro a pegar no sono, pensando nela. Putz, enquanto caminhávamos juntos eu quase contei tudo a ela. Queria dizer que eu não a traí, que na verdade eu inventei essa mentira para esconder a esclerose múltipla. Que esses meses que passamos separados foram terríveis para mim e que eu só pensei nela. Que eu estava arrependido de ter terminado nosso noivado. Queria pedir que me perdoasse e que voltasse para mim. No fim, todas essas palavras ficaram entaladas na minha garganta.

Na terça à tarde vou para a fisioterapia. Minha mãe insiste que eu faça e por isso ainda continuo com elas. E porque no fundo eu ainda tenho esperanças de melhorar. Eu fazia três dias por semana, terça e quinta após encerrar meu expediente na concessionária e sábado de manhã. Segundo o médico tenho chances de recuperar os movimentos do lado direito do meu corpo, ainda que não seja cem por cento. No entanto, faz mais de um ano e não vi muitas melhoras e o que mais me incomoda são os tremores involuntários da mão direita. Amarrar um tênis é algo impossível para mim, por isso sempre opto por sapatos onde eu posso somente enfiar o pé.

Quando chego na recepção da clínica dou meu nome e vou para a sala da Luciana, que já me espera em sua mesa.

— Outra vez usando isso?

Apenas dou de ombros quando ela olha para minha bengala.

— Sabe que não precisa mais usá-la, né?

— Passei tanto tempo com ela que acabei me acostumando.

— Quem bom que veio hoje. Achei que fosse me abandonar como fez no sábado — ela se levanta para me abraçar e me dar um beijo no rosto.

Em outros tempos eu estaria interessado em Luciana, pois ela não deve ter mais de trinta anos e é solteira. Seus cabelos são num tom loiro escuro e as curvas de seu corpo são perfeitas. Ela nem usa jaleco, e pelas roupas de academia que veste fica muito mais parecida com uma personal trainer do que com uma fisioterapeuta. Embora Luciana seja linda, Cris foi a última mulher em minha vida e continuará sendo.

— No sábado eu não vim pois tinha umas coisas para resolver. Me mudei há algumas semanas e ainda estou organizando meu novo apartamento.

— Ah, me engana que eu gosto. Não caio nessa sua desculpinha não.

— Estou falando a verdade.

— Hum, bom, seja como for, que tal começarmos logo a nossa fisioterapia, hein?

— Minha animação não é das melhores, mas vamos lá.

Começamos com os exercícios primeiro em meu braço direito, com Luciana esticando e dobrando. O mesmo exercício se aplicava à perna. Para mim eram exercícios bobos e doloridos que não levavam a lugar algum, mas a minha fisioterapeuta afirmava que eles tinham sim uma grande utilidade.

Apartamento 301 (Série Apartamento - Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora