Epílogo 2

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Dez anos depois

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Dez anos depois...


— Como eu tô, pai?

Meu filho abre os braços esperando que eu avalie seu figurino. Ele parece um homenzinho, daqueles de banda boyband capaz de arrancar suspiros do sexo oposto. A calça jeans é colada ao corpo e por cima da camiseta branca ele usa uma jaqueta preta de couro. Na cabeça, um chapéu de caubói todo estiloso cobre os fios castanhos e um pouco enrolados idênticos aos meus.

Heitor não só se parece comigo fisicamente, ele herdara também meus dons e hobbys antigos, como amar carros e cantar e tocar violão.

— Está um espetáculo. Você vai arrasar, cara.

— Não sei não. Tô nervoso. É a primeira vez que vou tocar pra muita gente...

— Isso é normal, meu filho. Pra tudo sempre tem uma primeira vez. E é seu maior sonho, tocar em um palco.

— É, mas agora acho que não é mais. E se eu errar as notas e me perder no ritmo da música. As pessoas vão rir de mim e...

— Heitor — me agacho, ficando na altura de seus olhos, deixando a bengala de lado —, você é um dos melhores violonistas que eu já vi. E não estou dizendo isso porque é meu filho. Tem apenas dez anos, mas sabe tocar violão melhor do que muito marmanjo por aí. Então, não deixe que o nervosismo te vença. Eu te amo e sei que vai arrasar naquele palco.

— Obrigado, pai — ele me abraça e aperto seu pequeno corpo. — Eu prometo que vou fazer meu melhor naquele palco.

— Eu sei que vai.

— Heitor!

Uma criança o chama. Quando bebê Isa era bem loira, mas agora seus cabelos ficaram mais escuros e ela se parece muito mais com sua mãe Vanessa. Ela é três anos mais velha que Heitor.

— Temos que subir no palco e ajeitar os instrumentos. Vamos, porque o show já vai começar!

— Preciso ir, pai.

— Vai lá, meu filho. Boa sorte.

Ele sai correndo e sorrio orgulhoso enquanto ele segue em direção às outras crianças que tocariam com ele. Desde pequenininho Heitor mostrou talento com a música, e aos dois anos tocou seu primeiro violão de brinquedo. Isa seria a baterista e outros dois coleguinhas de sala tocariam baixo e guitarra.

— E aí, conseguiu acalmar nosso príncipe? — Levanto os olhos e vejo minha esposa. Ela está linda como sempre, com um vestido longo de alcinha vermelho e sandália sem salto, o cabelo solto em belas ondas. Sua barriga rechonchuda de oito meses é a parte mais bela de seu corpo.

Fico de pé com a bengala novamente. Cinco meses depois da última vez que fiquei numa cadeira de rodas consegui andar outra vez. Para muitos médicos isso seria impossível, mas eu não desisti e persisti até poder me locomover com as pernas outra vez. Não consegui recuperar cem por cento dos movimentos e preciso de bengala para andar. No entanto, considero isso uma grande vitória. A bengala por fim acabou se tornando uma grande amiga e companheira minha.

Apartamento 301 (Série Apartamento - Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora