- 𝖳𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗍𝗁𝗋𝖾𝖾

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Minha mãe tinha razão. O banho ajudou. Virei a cabeça na direção
do jato e deixei a água quente me lavar e me senti muito, muito melhor.

Depois do banho, quando desci outra vez, eu me sentia como uma nova mulher. Minha mãe tinha passado batom, e ela e Aidan conversavam em voz baixa.

Os dois pararam de conversar quando me viram parada na porta.

— Muito melhor — comentou minha mãe.

— Onde está o Noah? — perguntei.

— Ele voltou ao mercado. Esqueceu a grapefruit — explicou ela.

O timer disparou, e minha mãe tirou os bolinhos do forno com um pano de prato. Sem querer, tocou a forma de bolinhos com a mão, deu um grito e deixou a forma cair no chão, com os bolinhos para baixo.

— Droga!

Aidan perguntou se ela estava bem antes de eu perguntar.

— Estou ótima — respondeu ela, colocando a mão sob a água fria.

Então recolheu a forma e a colocou no balcão, em cima da toalha.

Eu me sentei em um dos bancos altos do balcão e vi minha mãe tirar os bolinhos e colocar em uma cesta.

— Nosso segredinho — brincou.

Os bolinhos precisavam esfriar um pouco antes de desenformar, mas eu não disse isso a ela. Alguns se despedaçaram, mas a maioria parecia boa.

— Coma um bolinho — sugeriu.

Peguei um, e ele estava pelando de quente e desmoronando, mas
estava bom. Eu o devorei.

Quando terminei, minha mãe disse:

— Você e Aidan, levem o lixo pra fora.

Sem dizer uma palavra, Aidan pegou dois dos sacos mais pesados e deixou que eu pegasse o que estava pela metade. Eu o segui até os latões de lixo no final da entrada de carros.

— Você ligou pra ela? — perguntou ele.

— Acho que sim.

Esperei que ele me chamasse de bebezinha por ligar para a mamãe no instante em que as coisas ficavam assustadoras.

Aidan não fez isso. Pelo contrário, ele disse:

— Obrigado.

— Às vezes você me surpreende — falei, olhando para ele.

Ele não retribuiu o olhar.

— E você dificilmente me surpreende. Ainda é a mesma.

Olhei furiosa para ele.

— Muito obrigada.

Larguei meu saco de lixo no latão e exagerei na força ao fechar a tampa.

— Não, eu quero dizer...

Esperei que ele dissesse alguma coisa, e pareceu que ia dizer, mas então o carro de Noah virou na rua. Ficamos observando ele estacionar e sair com uma sacola de compras. Veio até nós, os olhos brilhando.

— E aí? — disse para mim, balançando a sacola.

— E aí — respondi.

Eu não conseguia sequer encará-lo. Tudo voltou à minha cabeça quando eu estava no banho. Eu fazendo Noah dançar comigo, fugindo com Aidan  e ele me pegando no colo e me largando na areia. Como foi humilhante. Como foi horrível eles terem visto eu me
comportando daquele jeito.

It's not a game without you • Aidan gallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora