O detetive prodígio

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-Acredita que o garoto pediu para entrar no caso, Liz?

-Que garoto, meu amor?

Liz e Lian estavam na sala de jantar do castelo, fazendo a refeição da noite.

-Gael Spencer. O detetive.

-Perdão?- Liz engasgou- Spencer?

-Sim, algum problema?

-De forma alguma, Lian.- Se recompôs- Ele tem uma certa fama pela capital, não?

-Sim, e como sabe?

-Tenho lido muito os jornais.
Depois da morte de Eloise não tenho ânimo para livros.
Mas ainda sou muito apegada a leitura, então os jornais locais são o que me resta

-Ao menos desistiu daqueles livros ridículos.
Você deveria...hum, aprender a tricotar ao invés de perder seu tempo e meu dinheiro com isso.

-Eu jamais largaria o meu mundo literário por motivo algum, meu rei.
Se isso lhe incomoda podemos nos afastar, se assim for sua vontade.
Até porque, eu não sou nem um caso oficial de vossa majestade.
Não há problemas em simplesmente deixar mais uma, não é?

-Olhe como você fala garota!- O rei bateu com a mão na mesa, mostrando um claro comportamento agressivo.

-Me perdoe, Lian.
Mas é que eu sequer te desrespeitei em algum momento.
Apenas lhe lembrei que tenho casa.
E se não gostar de como sou, deixe-me voltar para o lugar de onde eu saí.

-Cale esta boca, mulher.
Quero dizer, se não quiser que eu mesmo lhe faça calar.

-Como quiser, meu rei.
Mas quanto ao garoto.
Pensa em aceitá-lo? -Liz sorriu.

-Ele aparentemente é bom.
E o caso é fácil.
O problema é que ele exigiu que eu não matasse.
Se eu aceitar, vou ter de cumprir com minha palavra.

-Desde quando você tem que ser honesto com alguém, Lian?

-Você questiona a minha honestidade, Liz?
Que bixo lhe mordeu hoje, senhorita Cortez?
Não enxerga seu lugar, e o perigo que corre falando desta forma com o seu rei?

-Sim, sei dos riscos.
E volto a dizer que não estou lhe desrespeitando.
Mas é que você é o rei.
Não precisa necessariamente cumprir com seu acordo.
Você manda. Poderia forçar o garoto a trabalhar no caso.

-Bom, eu não posso fazer isso.
Ele é inteligente, inteligente demais.
Saberia o que eu planejo.
E seria bem ruim para a minha imagem fazer algo assim com um detetive respeitado.
E que nem pediu dinheiro, apenas deu uma condição de misericórdia. Além de tudo,  apontou ótimos motivos para que eu não matasse Joshua.

-Como tem tanta certeza de que realmente foi este homem quem matou Eloise?

-Quem mais poderia ter sido?
De que esses livros e toda essa leitura te adiantam, se continua burra feito uma porta?

-Pergunte a si mesmo, meu rei.
Com licença.- Liz se retirou deixando boa parte de sua comida na mesa.

-Mal espero o casamento.
Assim poderei finalmente ensiná-la á como respeitar um homem.- Lian pensou por uns trinta minutos.
Levantou-se, pegou seu casaco e saiu do castelo.- Talvez seja bom ter a criança em meu caso.
Claro, bom para ele pois trabalhar com um rei deve aumentar, e muito, sua popularidade.
E para mim pois ele é bem rápido em seus casos.
Além de que, como ele me mostrou, deve ser bom para minha reputação.- O homem pensava enquanto ia pelas ruas um pouco movimentadas em direção a casa de Dave.

Lian bateu na porta de Dave diversas vezes- Abra homem!

-Olá, meu rei- Dave sorriu.

-Com licença.- Lian entrou empurrando e quase atropelando o homem.

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora