A lâmina ou as grades

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-Ah, meu rei- Dave falou do outro lado da rua.

-Dave...-O rei disse e olhou para Gael que estava ao seu lado.
Lembrava-se da noite passada.

-Se o senhor quiser eu tiro esse homem daqui, em apenas alguns segundos- Gael se prontificou a ajudar seu rei.

-Não é necessário garoto.
Mas gosto de sua prestatividade.

-Sempre ao seu dispor meu rei.

-Rei Lian.
Eu como um de seus súditos lhe devo imensuráveis desculpas.- Dave se ajoelhou na frente do homem.- Você confiou em mim, como seu amigo.
E me tratou até melhor do que se devia tratar um simples filho de uma garota das mais julgadas de toda a capital.
Eu agradeço ao detetive Gael, por ter me parado alí, e mesmo que com toda aquela violência, tenha feito o que se era melhor para mim em determinado momento de minha fúria e, irracionalidade.

-Fique tranquilo.
Não traiu minha confiança.
Eu nunca sequer confiei em você.
E realmente deve agradece muito ao pequeno prodígio, ou sua cabeça rolaria ladeira a baixo ontem mesmo.- Lian não demostrava feição alguma enquanto falava.

-Eu agradeço a sua misericórdia, senhor- Dave odiava ter que se humilhar daquela forma.
Mas era o melhor a se fazer para se manter vivo, para seu salário, para ter o que comer, para não parar nas lavouras.

-Agradeça por sua vida, todos os dias Dave.
Mas agradeça a mim.

-Agradecerei, meu rei.
Mas, voltaremos a ser amigos? Beber juntos?

-Ah, não voltaremos.
Nunca fomos amigos, você é meu serviçal, só isso. Se eu precisasse te matar, mataria sem nem pensar.
Ou até pensando.

-O que eu posso fazer para demostrar minha devoção, senhor?

-Te mandaria beijar as minhas botas.
Mas a neve nem está tão sujas quanto você.

-Junte-se á nós no café, Dave- Gael enfim se pronunciou.
Dave parecia não ter gostado nada da última fala de Lian.
E o garoto via um pontencial enorme para uma nova briga, dessa vez ambos em pleno estado de consciência, sem perdão algum, e com um história de problemas próprios bem vasto.
Mais mortes na capital.

Gael resolveu chamá-lo para um café pois era uma armadilha dupla para qualquer possibilidade de briga.
Se Lian aceitasse, o clima melhoraria.
Ou talvez o café ajudasse o cérebro de Dave trabalhar e reconhecer o perigo que corria de perder a própria cabeça por um deslize. Assim o fazendo pensar melhor antes de qualquer coisa, e agir como um verdadeiro beija-botas real.

E a segunda face da carta de Gael era mais simples.
Se Lian negasse que o seu "amigo" se juntasse a eles em uma xícara de café e conversas a cerca de pensamentos sobre o que se era melhor parar o reino, Dave perceberia que sua presença era indesejada naquele momento.
Talvez nem levasse como um ataque pessoal, tendo em mente o fato de que o rei havia recém perdido sua primeira e única filha.

Mantenha seu inimigo controlado Gael.
Nem perto, nem longe, nem no meio termo. Ele nem pode saber que você o controla.
Apenas o mantenha em seu controle, como em um truque de mágica.

-Claro, eu adoraria.
Se estiver bem para você também, meu rei.

-Eu sou um homem que sabe separar as coisas, Dave.
Aquilo que aconteceu na taberna se deve ao fato de que como súdito não deve opinar em nada e, como amigo você foi um traíra.
Mas eu sei que estava tão bêbado quanto eu, também sei que de fato sua intenção era falar aquilo a muito tempo.
Mas você teme, e assim não fala e nem faz.
E é isso que eu quero, não me importo com o que você pensa, e sim com o que faz. A maioria do povo me odeia, mas me respeita. Então, não vou perder meu tempo com isso.
Eu esqueço aquilo já que fugiu de seu domínio.
Mas se você tentar qualquer outra coisa, eu te mato.
E sim, vai ser em praça pública, mas não na guilhotina.
Faço questão de tirar pedras insistentes de meu caminho usando as minhas próprias mãos.- Lian sorriu- Junte-se a nós, Dave.
Pegue uma cadeira alí-O homem insensível apontou uma cadeira na mesa ao lado.

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora