Um casamento desastroso

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-Não é possível que tudo esteja pronto em dois dias- Liz estava sentada no chão do quarto junto a Mathias.

-Mas está pronto, então é possível.-Mathias riu

-Realmente, hilário- Liz fez cara de tédio.

-Vocês se amam. Vai dar tudo certo.

-Eu o amo. Não sei se ele sente o mesmo.
Na verdade, não sei nem se eu ainda sinto algo além de raiva.

-Vai ficar tudo bem, vocês vão voltar a serem carinhosos.
Talvez demore um pouco. Mas no final dá tudo certo.

-Para mim não dá certo não.
Com certeza não dá nada certo.
Eu sinto vontade de fugir para qualquer lugar. Ele é agressivo, sufocante, as vezes estúpido, além de não confiar em mim.
E também, odeio ser controlada.

-Ele te ama.

-Mas eu me amo mais. Eu quero sair correndo enquanto há tempo.

-Tranquilize seu coração, quando a festa tiver terminado tudo já vai estar melhor.

-Claro- Liz fez uma pausa e sustentou um sorriso- Que não- Desmanchou o sorriso.

-Você me faz rir, senhorita Livard.
Mas veja, mais dinheiro, retomada de posse da capital, mais respeito.
Ele vai ter tempo para ficar contigo.
E sem esse tanto de gente enchendo a cabeça daquele pobre homem de minhocas, talvez ele consiga lhe dar mais atenção.

-Se ele não conseguir eu vou fugir daqui.

-Não diga besteiras- Mathias olhou para a porta em uma mensagem silenciosa.

-Estou brincado, eu o amo- Liz sorriu forçado.

Os dois ouviram passos se afastando.

-A Joséfa tem o costume de lhe observar o tempo todo?- Questionou Mathias.

-Sim. Infelizmente. Eu não tenho liberdade neste lugar.
Por isso te quero como meu amigo.
Apesar de que você é só mais um dos capachos do rei, acho que posso confiar em você.
Ao menos um pouco- Liz deitou no colo do rapaz que estava ao seu lado.

-Sim, pode confiar.

-Você dá tantas dicas, que tipo de sábio é você?

-Sábio nenhum, eu só sei que tudo tem seu propósito, e as vezes a gente tem que esperar. O amor é complicado.

-Amor. E você já amou alguém?

-É claro. Uma vez amei uma garota.
Meu melhor amigo esperou até que eu deixasse de amar esta garota para poder conquista-la.

Liz franziu o cenho- Espere, e você não falou nada a ela sobre o que sentia antes disso?

-Não. Éramos crianças. E meu amigo já gostava dela a mais tempo, só não sabia. Além do mais, ela ficava toda boba perto dele. Quem sou eu para afastar um casal assim.

-É verdade, talvez eles tenham nascido para ficar juntos.- Liz sorriu- Amor verdadeiro talvez exista.

-Existe, e é o que você sente pelo rei- Mathias zombou.

-Eu já disse que não sei se ainda o amo- A garota riu.

-Até que enfim, um sorriso da senhorita Livard.

-Mas depois disso, você nunca mais gostou de ninguém?- Liz mudou de assunto sem nem ver.

-Talvez

-Hum, talvez não é resposta.

-Talvez eu goste de alguém.

-Então "Goste" e não "talvez eu tenha gostado".
Quer dizer que é no presente, certo?

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora