Tempo

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-Como isso saiu no jornal, meu rei?-Mathias perguntava a Lian.
Se referia as notícias que saíram na mais nova manchete.
"O rei realizou um massacre em uma vila que negava o poder a capital"
"O rei matou seu pai"
"O rei gostava de matar pessoas."
"O rei rouba"
"Lian não acha as forças policiais competentes"

-A pergunta não seria se isso é verdade?

-Não, não era essa a pergunta.
Mas, se essa é a certa a se fazer, é verdade?

-Lógico que sim.
Mas a questão é como isso chegou até os jornalistas. Mas eu tenho uma idéia de quem possa ter sido.
Dave...- O rei pensou no homem.
Fazia três dias que não conversavam, e o homem tinha criado uma espécie de rancor por Lian.

-Quem é dave?

-O único que esteve comigo em todos esses momentos.
Portanto, o único que sabia.
E ele tem seus motivos para contar.

-Não acredito que existam motivos para trair um rei.

-Concordo plenamente. Mas não posso simplesmente matá-lo.
Talvez eu o prenda.

-Você quer deixá-lo vivo para quê, meu rei?

-Eu descobrirei quem são os jornalistas por trás de cada matéria, quem autorizou postar, e mais algumas coisas.
Os deixarei apodrecer um tempo naquelas coisas fedidas que chamam de cadeias.
E só então, matarei aquele homem, e seus acompanhantes.

-O senhor Lian é alguém muito engenhoso, de fato.- Mathias sorriu.

-Com licença- Gael entrou na sala e Mathias fez cara de tédio.

-Tenho de me retirar, meu rei.
Eu e Arthur temos que comprar algumas coisas que faltam para o castelo.- Mathias deu qualquer desculpa e saiu do local.- Fique longe de mim. Eu estou á dois passos de lhe matar.- Ele sussurou para o detetive e lhe deu dois tapas nas costas.

-Eu não entendo o porquê de ele me odiar tanto, meu rei- Gael riu.

-Eu também não.
Talvez você tenha roubado o coração da garota dele.

-Talvez.
Mas por qual motivo ele guardaria tal mágoa?
Acredito que o coração dele já pertença a uma nova dama.
Sem contar que, não nos conhecemos a tanto tempo.
Conheci este rapaz ano passado em um dos meus casos um pouco mais distantes. Tive de pedir para que ele me levasse.
Mas desde esse dia ele já começou a me odiar.

-As vezes o amor nos faz pensar besteiras garoto.
Perdoar quem não deve ser perdoado.
Culpar quem não deve ser culpado.
Fechar os olhos para coisas que ninguém jamais deveria ter ignorado.

-Está falando dela, não é?

-Sim.

-Como homem, você a perdoaria?

-Perdoar de que é a questão.
Meu coração nunca conseguiu julgar a tal garota com quem sonha culpada de algo.

-Entendo, entendo.

-Mas já como rei.
Eu não posso permitir isso.
Não posso ignorar.

-Lian, você ainda não tem provas o suficiente. Espere ao menos uma semana.

-As vezes dói muito.
Aperta o peito, sabe? Vazio e escuridão.
Ela mentiu para mim esse tempo todo? E eu realmente achando que existiria alguém que me amaria e cuidaria de mim de tal maneira.
Enganado estava.

-Pobre homem.
Vamos beber? Assim esquecer um pouco de tudo isso.

-E eu terei de beber todo aquele chá horrível de novo?

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora