Fechamento de estradas.

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-Diga o que você conversou com o Rogers ontem, Lian?

-A salvação para nossos problemas, mas para que você quer saber?

-Ele fechou a estrada pela qual iríamos passar.

-Fique tranquila, ele deu a desculpa de que precisava fazer algumas inspeções naquela parte.
Assim, todas as famílias de lá tiveram que sair. Isso significa que irá ter menos probabilidade de terem pessoas lá e atrapalhar tudo.
Mas quanto ao bloqueio na divisão, quando chegarmos lá ele vai liberar a nossa entrada.
 
-Resumindo, agora as estradas até a capital estão totalmente vazias?

-Sim.

-Isso é ótimo.
Isso vai facilitar tudo, assim, não morreremos- Liz sorriu e Lian deu de ombros.

-E eu já falei o charreteiro, ele pareceu estar meio exitante quanto a ir pois irá deixar seu único melhor amigo. Mas no final ele aceitou.

-Seria perigoso demais para o garoto- Liz também ficou triste ao pensar em deixar seu amigo.

-Seria perigoso demais para nós.- O rei corrigiu- Quem se importa com aquele moleque?
Eu desconfio que assim que sairmos daqui aquele rato se juntará a todos esses protestantes imundos.

-Você precisa parar de falar assim das pessoas.

-E você precisa simplesmente parar de falar. Não há nada de útil que saia da sua boca. Agora suma de minha frente, eu tenho coisas a fazer.

-Como você quiser- Liz saiu e foi em direção ao quarto de Arthur- Ei! Eu atrapalho?

-Não, jamais, minha rainha- Arthur se levantou da cama em forma de respeito a Liz.

-Está tudo bem, garoto, pode se sentar.
E Liz é o suficiente. Não somos amigos?

-Acho que sim?

-Está errado.
Não é para achar, é para ter certeza.
Você é meu amigo. Sempre foi.
Muitas vezes é o único.

-Obrigada por me considerar tanto Liz.- Arthur sorriu.

-Você nunca mais foi ao meu quarto ver a lua.

-Eu não sabia se podia.

-Pode, e deve.
Inclusive, está noite, vá até meu quarto.
Quero falar com você, ou só olhar a lua, o que você preferir.

-Estarei lá, minha rainha.

...

A noite caiu, e lá estava o garoto na frente da porta de Liz- Senhorita Livard?

Liz foi até a porta na ponta dos pés e abriu- Entre, rápido.- O garoto entrou de forma tão ágil que parecia já estar lá dentro- Está cansado, não é?- Liz foi até a janela, retirou as cortinas da frente da grande lua e abriu as portinhas de madeira.

-Um pouco- Arthur se juntou a Liz na janela.-Foi um dia longo- Arthur desviou um pouco o assunto que claramente seria tratado alí.

-Você sabe que não é disso que estou falando- Liz sorriu-O que você faz quando está exausto?
Quando tem que fingir que não está destruído por dentro, quando tem que mentir, quando sabe que pessoas estão contra você, quando não pode ficar perto de quem ama por pensar diferente.

-Eu não faço nada.
Deixo meus infelizes pensamentos tomarem conta da minha mente e me atormentarem por dias, até que eu finalmente aprenda a conviver com isso.
E você?

-Livros...
Eu costumo ler por dois motivos, primeiro, é algo que me interessa bastante.
E o segundo motivos é que é um alívio.
É duas linhas e você não está mais no mundo que lhe joga para baixo a cada quinze segundos. Não precisa da aprovação de ninguém, não precisa se esconder, não precisa de tanta preocupação, não precisa ouvir o tanto de idiotices que todo o planeta parece achar sobre você. Não precisa fingir que isso não te afeta. Você pode respirar fundo, chorar, correr por todo quarto, é só você. E é a única paz possível.
Alguns livros são trágicos, tem finais inesperados, alguns me fazem chorar, mas é muito melhor do que estar imerso em uma vida de tédio, isto é inegável.

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora