Garotos maus com histórias terríveis

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-Viva a capital de Devalok!- Burgueses bêbados berravam na mesa mais a direita da taberna.

Bem, hoje é um dia célebre.
Onde conseguiram que tivessem mais impostos á cobrar para os mais pobres da cidade.
E dessa vez, o lucro não precisava ser repassado para o rei.
Já que o mesmo disse que a próxima fissura no bolso público que eles fizessem, eles poderiam ficar com todo o ganho.

Ambiciosos malditos.
Sempre querendo mais, não é como se eles roubassem duas ou três vezes no mês, eles roubavam de diversas formas.
Aumentavam números de forma ridícula.
Algo que deveria custar á alguém cerca de cinco moedas se tornava dez ou mais.
E para quem voltava isso?
Para a política pública? Hospitais? Praças? Delegacias?
É óbvio que não.
Todo o dinheiro público passava por uma peneira que deixava no final somente os grãos mais finos e inválidos.
Toda a riqueza bruta ficava na parte de cima.
E era transformada em lindos adornos de ouro e prata, relógios de bolsos perfeitamente detalhados, cortejos para as damas mais sigilosas e obedientes da cidade.

Um jovem adentrou a taberna, com o cabelo bagunçado, cheio de neve.
Tirou as luvas e seu sobretudo chique e o jogou no cabideiro.
Esfregou uma mão na outra tentando esquentar e foi até o balconista.

-Um shot da mais forte que você tem, Marcel.- O garoto disse esquentando as mãos com o próprio sopro.

-Se afogando em bebidas de novo Eduard Anthony?- O balconista alto e de cabelos negros se aproximou do amigo.

-Dias ruins, Marcel.
Dos piores- O garoto sorriu.

-Tome aqui- Marcel maneou com a cabeça sorrindo, botou a bebida no copo e empurrou a para o amigo.

O garoto virou o copo e apertou os olhos.-Você tem comprado ótimas bebidas ultimamente.

-Sim, os fazendeiros têm dado tudo de si nessas produções.
Mas os estoquistas estão cobrando fortunas. Não sei nem por quanto tempo os aguento.

Eduard passou o dedo na borda do copinho de shot e olhou para o lado rapidamente.
Ele fez uma breve menção aos homens ao lado com a cabeça.-Ricos?

-Do pior tipo.
Eles estão comemorando mais impostos.
Mesmo sabendo que isso signifique a falência de mais e mais pessoas nessa maldita capital- Marcel travou o maxilar e cortou os homens inebriados com os olhos.

-Fale baixo, homem- Eduard chamou atenção do amigo.
Estavam bêbados, não bondoso.
Querendo ou não, eles ainda eram uma posição social mais alta do que o balconista.
Poderiam fazer da vida de marcel um inferno.

-Desculpe.
Esses malditos me tiram a paciência tão facilmente.- Marcel sorriu.

-Me dê mais uma, e largue de ser um falastrão.
Você sequer sabe brigar. Nunca ganhou uma contra mim

Marcel secou as mãos no pano em seu ombro, e colocou mais uma dose para o homem a sua frente- Você sempre gostou de ser exibido.
O que eu posso fazer?

-Veja como se resolve com essas criaturas horríveis- Eduard sorriu.
Virou o copo e o bateu no balcão, chamando a ateção dos burgueses para si- Perdi minha garota rapazes.
Ela queria algo perigoso demais, e eu jamais a deixaria o fazer.
Ela disse que faria por nós, mesmo que custasse nós.

-Venha cá garoto.

-Junte-se á nós. Chega de solidão

-Garotas podem ser como facas em nossos corações

Disseram alguns dos homens da mesa.

-Balconista, mas algumas para os meus amigos alí- Disse Eduard indo até os homens.

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora