Bebidas e amigos

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-Eu não sei se você percebeu, mas aqui não é seguro para nós.
Nenhum de nós- Liz tentava convencer o rei a não deixar que Mathias, um serviçal machucado saísse nas ruas naquele estado.
Morte ao rei era o mais novo e, principal, ditado de toda Devalok. Independente de quem seja você, se está com rei, está contra todos.

A população não costumava ser piedosa com seguidores do rei.
Mas quem pode julgá-los, o homem matou suas famílias, saqueou seus bolsos, deixou os filhos da capital morrerem de fome e frio nas ruas.
Subiu ao palco para mentir, humilhou um dos que faziam parte da rebelião.

Um dos.
O atentado contra a rainha do dia anterior revelou que há muito mais deles.
Praticamente toda a capital desejava mais que tudo que o rei e todo esse reino caísse de uma vez.

A dias atrás toda a capital cantava com felicidade "viva ao rei".
Hoje eles gritam juntos "Morte ao rei".
Mas veja pelo lado dos homens, tão enganados, e quem sabia que era engando não podia demonstrar insatisfação. Seria morto no mesmo dia. Com todo esse enfraquecimento do rei, todos podiam falar a vontade sobre o quão ruim era seu comando.
Ninguém teria o poder de derrubar um homem tão poderoso sozinho, ele poderia simplesmente chamar dois donos de capitais e pronto. Todos iriam presos...e mortos.

Qualquer um deve pensar, "Mas isso faria um abalo muito grande na capital."
Não é como se fosse a primeira, então, matar quem for contra si não era uma grande novidade para Lian.

Portanto, sim, as pessoas podiam ir para rua, opinar em decisões, mas, nem cogitar ir contra o rei, não de frente, de fato mostrando seu real rosto, o resultado disso seria o mesmo que ocorreu e ocorre com Eduard, ou pior. Se é que dava para ser pior.

-Para que você acha que ele serve?
Se não tem utilidade nenhuma eu o jogarei para as lavouras.

-Eu sou útil, estou bem. E posso lhes provar isso se for necessário- Mathias entrou na sala macando e de moletas.

-Como você provaria algo assim, garoto. Está encapacitado de andar direito, imagine controlar um animal.

-Venha ver.- Mathias fez um sinal com a mão para que o rei lhe seguisse.

-Você não vêem que é loucura? Ele está ferido, não tem de provar nada- Liz reclamava enquanto andava atrás dos homens.

-Eu concordo com o rei, senhorita Liz.
Se não tenho serventia, para quê estarei aqui, e ainda mais com um salário tão bom.- Mathias abriu a porta.

-Seu cavalo, Lardean-Arthur entregou a corda do animal a Mathias e nem o olhou.

-Obrigada- Mathias assistiu ele adentrar o castelo sem nem falar mais nada.- Vejam só.- O garoto subiu no cavalo e jogou as moletas no chão.
O charreteiros ajeitou a postura e deu o comando. Deu três voltas no castelo da forma mais rápida que conseguia,o que, por menos eperado que fosse, era absurdamente veloz.- Isso está bom, meu rei? Sou o suficiente?- Mathias parou na frente de Lian.

-Não.
Preciso que prove que daria a vida pelo reino.
Vá até o centro da cidade, usando este casaco- O rei tirou o próprio casaco e o arremessou para Mathias- Ele tem o brasão do castelo, se você tem coragem de ir até o centro assim terá coragem de se sacrificar se for preciso. E eu preciso de pessoas assim.

-Você não acha que literalmente levar um tiro por mim e servir como um escudo humano enquanto um atirador dava cinco segundos de descanso é o suficiente para provar isso, Lian?- Liz ficava cada vez mais irritada com aquela situação desnecessária.

-Não. Se peço que ele faça algo é porque é necessário.
Vá garoto, e terá minha confiança, traga bebidas se quiser minha amizade.

-Até mais, meu rei- O garoto saiu com o cavalo.

The decline of the thousand-headed kingOnde histórias criam vida. Descubra agora