7. Splinter

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Ele era filho de lúcifer.

E seu poder era inegável, pois sibilava entre seus músculos a ponto de refletir diretamente em meus tímpanos. Não estava diante de sua presença implacável, mas ainda sentia seus olhos sobre cada célula de mim. A cada piscar, a imagem daquele rosto formava-se, e uma nova sensação assumia o controle, como marteladas contínuas.

— Você está bem, Hailey? — a voz de Sam alcançou meus ouvidos, e minha atenção recaiu sobre seu rosto, que inclinava-se para me ver no banco de trás do veículo.

— Dor de cabeça. — falei apenas, voltando minha atenção para a janela, onde vidas passavam em nosso ritmo.

— Ih, Sammy, eu acho que você fez algo à ela. Acho melhor se desculpar antes que as coisas piorem pro seu lado, não queira uma Hailey brava como irmã — Dean ousou dizer, e pude sentir a tensão do corpo de Sam quando silêncio se instalou no Impala.

— Eu não me lembro de ter feito nada.

— Claro que não se lembra, você nunca faz algo errado, não é mesmo? digamos que você é o Winchester mais santo que existe. — foi inevitável não pôr sarcasmo em meu tom de voz, uma vez que voltei a sentir emoções nada agradáveis em relação à minha última briga com Bella.

— Se eu fiz algo ruim, por favor, fique à vontade para me informar, porque eu não me recordo de ter feito qualquer coisa nesse nível. Achei que já tinha superado o lance de eu ter ido embora sem me despedir. — ao mesmo tempo que termina sua frase, o carro para na garagem de nossa residência, e minha primeira reação é abrir a porta e deixá-lo.

— Ei, mocinha, não saia sem nos dar uma explicação para isso.— Dean fez com que meus passos paralizassem antes de seguir para o interior da casa, e ao virar-me, encarei-o somente.

— Dean, o que você acha de irmãos que transam com a melhor amiga da irmã? — sem forçar qualquer tipo de emoção, meu tom de voz soou acusatório, e Sam moveu-se desconfortavelmente em seu próprio lugar.

— Esse não é bem o meu fetiche. É o seu, Sam? — ambos olhamos para ele, e seus lábios forçam-se um no outro, formando uma linha reta. Com as sobrancelhas unidas, sua expressão era de culpa e pesar.

— Eu posso explicar...

— Ela estava em um relacionamento. Tem ideia do que fez? do quê participou? — um passo à frente e eu estava mais próxima de seu corpo alto, e o nariz pontudo moveu-se quando os ombros largos ficaram tensos.

— Eu não sabia disso, Hailey. — encaro a íris profunda e vibrante; meu próprio reflexo nela. Embora a raiva pudesse ser um dos sentimentos predominantes, consegui ver a verdade através dele.

— Não retorne à pedir perdão ou agir como alguém correto, porque nós dois sabemos que você não é. — e assim pude notar outros tipos de emoções entrando em contato com seus neurônios, modificando a face. Diante daquilo, virei as costas, e nem mesmo a voz de Dean me fez parar.

A dor acompanhava-me a cada passo, quase como andar sobre vidro ou pregos em brasa. Tornando-se intensa, uivante. E mesmo quando adentrei meu quarto e fechei a porta atrás de mim, ela ainda estava vívida. Em minha cabeça. Em meus ossos. Elevei minhas mãos até meus cabelos e cravei as unhas no couro cabeludo, desejando perfurar meu próprio crânio. Mas ao fechar os olhos, concentrando a atenção no som interior, percebi o zumbido familiar. Ele estava dentro de mim.

E assim a sensação apertou meus músculos levando-me a curvar a coluna, grunhindo perante ela. Lutei para manter meus olhos abertos, para sustentar-me sobre as pernas fracas. Mas quando vi meu próprio reflexo no espelho; o quão dolorosa estava minha face, concentrei toda a minha força em tal figura até que a tortura fosse suportável.

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