8. Second Death

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De pé no meio do nada; enquanto um véu de trevas cobria meus olhos, quase vítreo. Solo gradualmente inexistente. O ambiente, porém, era reconhecível. O lado obscuro de mim mesma. Da minha mente. Castiel trouxe-me aqui uma vez, mesmo que poucos minutos. Agora, conhecia a sua verdade e o quê gostaria de alertar-me sobre.

E no momento em que cogitei chamá-lo, o rosto jovial se fez presente, seguido do corpo coberto com o traje habitual. Os olhos azuis cinzentos do anjo analisaram os meus, e sua postura me pareceu estranhamente militar. Sem perceber, meus punhos cerraram, e as pequenas unhas causaram dor ao precionar a pele.
Em sua presença mística, sentia seu poder reverberando entre suas veias irreais ou não. O som emitido era diferente do de Justin; que se assimilava a um zumbido que ameaçava partir meu crânio em dois.

— Haamiah, imagino que saiba o porquê de estar aqui novamente. — a voz soou calma, mas grave. E mesmo que tentasse cobrir qualquer sentimento da face, minhas sobrancelhas uniram-se.

— Ele é o diabo. Filho de lúcifer. E está tentando sair do inferno, cuja única forma de saída está nas mãos de uma garota órfã. Você é Castiel; um anjo do senhor ou qualquer outra pessoa. Mas por quê não aparece pra mim como ele?

— Anjos não podem descer à Terra sem a permissão do senhor, tão pouco invadir os sonhos humanos. Entretanto, estou aqui sem que ninguém saiba. Descartei temporariamente uma parte da minha graça, e isso permite que eu consiga penetrar em sua mente sem ser detectado por meus irmãos. — o rosto impassível tornou-se sombrio ao mencionar seus irmãos. Seus iguais. E eu me questionei a razão pela qual decidira executar tal plano às escondidas.

— Traiu sua família para me ajudar? Mas... A troco de quê? o que posso lhe oferecer além da minha capacidade de pensar com clareza e criticar livros com conteúdos duvidosos? — minha voz ecoou na escuridão, e Castiel manteve o rosto repleto de expressões que não pude ler.

Por um momento, pensei que não responderia às minhas perguntas, mas surpreendi-me quando o anjo ergueu a mão para o nada e ali estendeu-se imagens. Plantas crescendo ao passar do tempo; animais de diferentes espécies cuja aparência era diferente da que acreditávamos ser; e dois humanos. Sozinhos em um jardim belo e repleto de vida inexplorada. Com aquilo pude concluir: era o início dos tempos. O começo do amor, do pecado, da morte e da traição.

— Humanos: a criação de mais orgulho de meu pai. Nada se compara a como ele se sentiu quando descobriu o pecado dos seus primeiros. — as imagens agitaram-se mais, oscilando entre sombras uivantes e implacáveis do meu próprio ser. Anos se passando; Eras. Reis erguendo-se, e reinos destruindo-se. Fome. Sede. Morte. E todas as coisas resultantes do pecado inicial dos filhos de Deus. — Ele acreditou na redenção humana, no entanto sua criação... Creio que o pai tenha ficado bastante abalado após a queda do primogênito Lúcifer. Mas tenho confiança de que ele não deseja a destruição daqueles que amam, cuidam e ainda assim se ferem.

Os detalhes da face nítida do homem modificaram-se, e notei que estava alheio àquele tipo de emoção que mencionara. As fragmentações luminosas exibiram ilustrações de famílias felizes, sorrisos, e crianças. Muitas delas aproveitando sua infância a correr pelo jardim de casa; como um dia eu fizera. Entretanto, Castiel analisou as demonstrações com admiração, embora aquilo talvez nunca pudesse fazer parte da sua realidade.

— E onde ele está? — O anjo virou-se em minha direção; o rosto confuso ainda que distante. — Seu pai. Onde ele está? Você... Você tem ideia de quantas coisas ele poderia ter evitado? Todas essas guerras... Ele poderia eliminar todas apenas com um estalar de dedos! Ele permitiu que inocentes morressem, que passassem fome, sede, e muitas outras coisas pelos erros daqueles que sequer reconhecem como verdadeiros.

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