19. the mark of the devil

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Meus olhos se abriram antes mesmo que eu pudesse notar que era dia; e que não estava em meu quarto. Quero tudo o que tiraram de mim. As palavras ainda estavam frescas em minha memória, lembrando-me da presença sólida de Justin em algum lugar daquela cabana. Por alguma razão, foi inevitável sentir e ouvir os sussurros de sua magia, e conseguia quase deduzir que o próprio havia acordado duas horas antes.

Pus meus pés para fora da cama a sentir o chão gélido entre meus dedos. Meus cabelos, soltos e um pouco abaixo dos meus seios, estavam um pouco desgrenhados, e me apressei em iniciar o processo matinal quando senti um puxão no fundo de minha mente. Ande logo. Garota dorminhoca. — era quase como se pudesse ouvir a voz dele reverberar em meus ossos; em meus sentidos. E soube que de fato ele usara magia para me atormentar outra vez. Xinguei-o em pensamento, incerta de que ele ouvira, e acabei rindo involuntariamente enquanto escovava os cabelos de frente para o espelho. Porco Infernal e sádico.

Quando minha aparência estava apresentável o suficiente, virei em meus calcanhares e saí do cômodo, andando descalça pelo extenso corredor da cabana até chegar a cozinha. Antes que pudesse vê-lo, sombras vieram ao meu encontro, e o cheiro de enxofre e carvão queimado atingiram minhas narinas em um aroma fraco.

— Imagino que já tenha iniciado o desjejum sem minha companhia. — cantarolei para Justin, que tinha os braços cruzados, encostado no balcão em suas vestes negras.

As mangas estavam encurtadas até dois dedos após os cotovelos, revelando uma extensão de tatuagens: um emaranhado de distorções complexas, como nuvens e rosas e uma mulher com asas angélicas em um dos pulsos. À frente, a mesa posta com torradas, ovos, leite e café e queijos variados. Aspirei o ar, cheirando a presunto defumado desta vez.

— Precisa comer. Sua magia não tem força o suficiente quando não está bem alimentada. — ele disse simplesmente; o tom de voz desinteressado de sempre.

Revirei os olhos, sentando-me na cadeira diante da mesa e começando a comer. Coloco ovos sobre a torrada e dou uma mordida, tomando um pouco de café com leite sob os olhos monótonos da figura enfadonha que era Justin Bieber.

— O que vamos aprender hoje? — questionei, virando minha atenção para ele enquanto tomava mais um pouco do café com leite.

— A conjurar suas asas. — ao ouvi-lo dizer, segurei a xícara com mais força e pressionei os lábios quando senti um engasgo eminente com o líquido quente.

— Conjurar Asas? — perguntei alto demais, então fiz uma pausa para me recompor — E desde quando tenho asas?

— Desde os primórdios da criação dos anjos. Em que história infantil anjos não são possuidores de Asas? — Um leve inclinar das sobrancelhas espessas de Justin me fez sentir ingênua.

— Bem, eu... não consigo fazer isso. Eu nunca...

— É por isso que está aqui. Não quer aprender a controlar isso? Se não quiser, posso levá-la de volta para seus irmãos e desse modo você pode ler um pouco mais do Manual dos Anjos e Arcanjos sem interrupções.

— Não. Eu quero aprender. Mas conjurar asas... não poderíamos começar por outra etapa? Autodefesa? Mau consigo empunhar uma faca...

— Sei quais etapas precisará aprender primeiro, Winchester, não me questione.

— Me chame de Hailey. E tudo bem, não irei questioná-lo. — disse baixo antes de abocanhar minha torrada com manteiga e ovos mais uma vez.

[...]

Um gosto adocicado atingiu meu paladar; tão estranho e familiar que minha mente rapidamente denunciou o que seria: Magia. Magia sólida e constante, dançando em minha língua. De repente, já não estava na cozinha, ou em qualquer lugar reconhecível. Meu corpo parecia planar em meio a névoa e escuridão, e então meus olhos detectaram o branco de vestimentas superiores. O rosto anuviado de Justin afigurou-se impassível, o pescoço tatuado a destacar-se sob o colarinho claro. Atrás de si, asas como as de um enorme cisne negro permaneciam encolhidas feito um descomunal escudo de músculos e penas, fazendo-o parecer estranhamente mais alto. O retrato vivo de um mito que julguei jamais ter existido: Lúcifer. O filho dele estava em minha frente, e os olhos cor de bronze reluziam um vermelho predatório.

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⏰ Última atualização: May 03 ⏰

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