Capítulo 5

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 Já era quase metade do dia quando Eda amassou mais um esboço e jogou no lixo, suspirando desapontada. Não queria admitir que as atitudes de um homem que mal conhecia podiam a afetar tanto, mas a falta de concentração era a prova de que ele era capaz de mexer com seus nervos. Como alguém conseguia ser tão doce e respeitoso num instante e um completo imbecil no outro? Ela depositou o lápis com raiva em cima da mesa e estava pronta para sair em busca de mais um café quando Ergin apareceu na sua frente.

-Eda! - Ele sorriu tão abertamente que foi impossível não desfazer sua carranca e sorrir de volta. - Quer almoçar? Acho que precisa sair daqui um pouco.

-Eu ia beber um café...

-Almoço, Eda. - Ele a interrompeu pegando a caneca que estava em suas mãos e depositando em cima da mesa. - Você precisa comer.

Ela o olhou desconfiada.

-Ordens do Serkan?

Ergin ruborizou.

-Não, claro que não. Eu só achei que você estava tensa demais... - Ele continuou falando rápido, mas suspirou vencido quando ela o encarou com uma das sobrancelhas arqueada. - Tamam, você venceu. Ordens do Serkan.

-Diga para ele parar de se meter em minha vida! - Despejou com raiva e pegou a caneca de volta.

-Eda, por favor, vamos lá. Você precisa comer, Serkan disse que passou a semana passada toda comendo sanduiche em sua mesa. Isso não é saudável. - Ela quase riu de desespero por ele usar o amigo para tentar controlá-la. Era possível alguém ser tão desequilibrado?

-Ok. - Ela concordou quando seu estômago reclamou fazendo ela se lembrar que só tinha bebido café até agora.

Ergin sorriu vitorioso como uma criança que vence uma discussão e ela o acompanhou até o carro. A conversa com ele fluía tão levemente que Eda sentia que o conhecia há anos. Escolheram um restaurante próximo da escritório e ela o agradeceu por insistir quando a comida foi servida e o aroma invadiu seu nariz.

-Agradeça ao Serkan, se eu não te alimentasse hoje tenho certeza que ele me engoliria vivo. - Ele respondeu rindo.

-Qual é a do seu amigo? - Perguntou curiosa. - Como ele pode ser tão complicado?

Ele suspirou e descansou o garfo no prato.

-O Serkan é uma boa pessoa, Eda. Ele só esquece disso às vezes. - Voltou a mexer na comida pensativo. - Ele era diferente quando o conheci.

-O que aconteceu? - Ela não pode conter sua curiosidade. Queria o conhecer, mas tinha a estranha sensação de que Serkan não deixava ninguém se aproximar o bastante para isso. - Desculpa, eu não quis me intrometer.

-Eu acho que ele vai te contar em algum momento. - Sorriu para ela. - Ele é diferente com você, apesar de tudo.

-Diferente como?

-Se importa realmente com você. É difícil para ele se expressar, mas tem seu jeito de cuidar das pessoas que estão à sua volta.

-Eu não acho que ele se importa comigo, Ergin. - Eda se encostou na cadeira com os braços cruzados. - Só tem muito a perder se eu desistir do contrato. Eu também tenho, mas as ações parecem serem muito importante para ele.

-Sei que parece que só se importa com o trabalho, mas acredite em mim quando digo que ele se importa com você!

-Eu achei que eu e ele estávamos nos dando bem, sabe? - Pensou por um momento antes de continuar. - Pensei que poderíamos ser amigos até ele conseguir as ações e eu me mudar para a Itália, mas é como se ele se esforçasse muito para ser um babaca sem coração.

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