Após deixarem a ilha de Comodo de forma furtiva, o trio de Regina se esgueirou de volta para as minas escuras da caverna subaquática. Vivenciando novamente seu pesadelo nos trilhos, dessa vez a tríade passou pela passagem que os levaria de volta para o Reino de Fantasia. Lemoy e Larry foram orientados a permanecerem escondidos próximos ao caís, uma vez que eram criminosos extremamente procurados na cidade.
Regina se surpreendeu com a felicidade dos moradores de Fantasia. Todos falavam sobre o fato do navio dos piratas Lemoy ter naufragado, acreditando que haviam se livrado de uma vez por todas do pirata que tanto os atazanava. Apenas a garota loira sabia da verdade. Se sentiu uma péssima pessoa ao esconder da bondosa Bárbara Zaira a verdade quando retornou para passar a noite em casa. E se sentiu pior ainda ao roubar comida enquanto ela dormia, para levar até ao caís e alimentar o ex-capitão pirata e o menino rato.
Foi pouco antes do nascer do sol, quando todos de Fantasia estavam dormindo, o momento em que eles deixaram o Reino. Levaram um pouco mais da metade de um dia para chegar ao destino deles. Passando pela floresta Esmeralda e então subindo a cansativa montanha Rubrique. Ao pico da montanha estava o casebre que buscavam. Chegaram em frente à porta no exato momento em que as estrelas começaram a iluminar o céu noturno.
A habitação rústica era a única construção em meio ao esverdeado cenário campestre. A choupana feita de madeira não aparentava do lado externo ser tão grande. O que foi uma surpresa para o trio ao abrirem sorrateiramente a fresta da porta; que não possuía tranca alguma, ao se depararem com uma sala imensa. A magia lançada pela bruxa dona daquela residência dava a impressão de que seu lar era bem menor e bem mais precário por fora, do que ele era realmente por dentro.
— Quem está aí? — A bruxa Bridge, dona do casebre, questionou ao ouvir um barulho vindo da direção da porta.
Bridge ergueu a cabeça, que até então estava direcionada a um caldeirão que borbulhava conforme ela mexia com uma longa colher de pau. Seu cabelo escuro cobria parte da maçã de seu rosto. Regina, Lemoy e Larry ficaram imóveis, temendo pela ferocidade daquela mulher de vestido lilás.
Miaaaau
— Ah, é você Christie? — Bridge se tranquilizou, pegando sua familiar preta que ronronava e se esfregava em sua perna. Com "a gata Christie" em suas mãos Bridge tornou a mexer a colher no caldeirão em movimentos circulares.
Do lado externo Regina suspirou de alivio, dando um passo para trás. Porém, não havia se dado conta que Larry; em sua forma humana, estava bem atrás dela. Ao esbarrar no garoto acabou perdendo o equilíbrio, caindo no chão e derrubando consigo o metamorfo e um balde de metal que estava próximo a ambos.
— Quem está aí?! — A bruxa tornou a repetir, dessa vez mais irritada, olhando em direção a porta.
Lemoy aproximou-se da fresta da porta, colocando ambas as mãos em forma de cone sobre os seus próprios lábios, falando com uma voz grossa:
— Outro gato! ¹
Regina bateu com a mão na própria testa. Bridge pegou rapidamente sua varinha de cima da mesa, erguendo-a em direção a porta. Conjurando uma magia na qual escancarou a porta, estando visível aquelas três pessoas paradas diante de sua humilde residência.
Christie se soltou dos braços de Bridge, correndo para cima de Larry. O menino se escondeu atrás de Lemoy. A felina sentia o cheiro de rato vindo das vestimentas brancas do garoto roedor. Regina suspirou, se levantando do chão e caminhando para dentro da casa mesmo sem ser convidada. Lemoy a seguiu, acompanhado de Larry que segurava a parte traseira de sua jaqueta de couro enquanto a gata tentava arranhá-lo.
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Fantasia
FantasyPossui algum problema com os clichês da fantasia? Então, talvez, esse seja o livro certo para você nesse caso. Ou, talvez, seja o último livro que irá querer ler na vida. Ao menos, para Regina Monroe a segunda opção é certamente aquela que ela escol...