21. A Garota Que Saltou no Tempo

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          A casa do Senhor do Tempo era composta por uma sinfonia de relógios para todo canto em que olhavam. Engrenagens ocupavam todos os espaços da acolhedora residência. Enquanto Chronos, com suas curtas pernas, caminhava desajeitado, os trinta visitantes adentravam o local. Ele parecia apreensivo com o pedido dos magos.

— Vocês têm noção do quão perigoso uma viagem no tempo é? — Chronos arregalou seus enormes olhos.

— Temos ciência disso. Porém, a garota vale o risco. Ela precisa encontrar o príncipe perdido — Violeta falou com firmeza.

— Chronos, por favor, considere. Ela foi responsável pela queda da Feiticeira, devemos isso a ela. A menina vingou a morte de Merlin — Azul disse de forma a convencê-lo.

          Por um breve instante Chronos pareceu refletir. Ao ouvir que a morte de seu velho amigo foi vingada pela loira, ele pareceu se convencer.

— Está bem. Vamos logo, não temos tempo a perder — O Senhor do Tempo se dirigiu a uma mesa com várias engrenagens ao fundo da sala.

          Regina sentia-se inquieta, sem compreender o que estava acontecendo ao seu redor. A ideia de viajar no tempo parecia absurda e incompreensível para ela.

— Querem me explicar o que está acontecendo aqui? — A loira perguntou, indo atrás do homem-relógio. — Para começo de conversa, onde estamos?

— Essa é uma dimensão isolada de Fantasia, porém ainda estamos dentro do livro — Chronos respondeu sem olhar para ela, mantendo-se focado nas engrenagens que girava em um cajado em sua mão. Regina se surpreendeu com o fato de que ele tinha conhecimento que era um personagem.

— Se você é capaz de me fazer voltar no tempo, então invés de me fazer voltar quando encontrei Charles pela primeira vez, me faça voltar no tempo antes mesmo de ter entrado no livro! — Regina falou como se fosse a coisa mais óbvia a ser dita naquele momento.

— Receio não poder atender seu pedido. Meu poder é limitado a eventos que ocorreram única e exclusivamente dentro do livro.

          Apesar de sentir uma leve decepção, Regina percebeu que essa poderia ser a única maneira de encontrar Charles. Se a viagem no tempo fosse a solução, ela estava disposta a embarcar nessa jornada. A empolgação começou a crescer dentro dela à medida que imaginava a possibilidade de adentrar uma máquina do tempo.

          O homem-relógio, de estatura baixa, finalmente se voltou para ela. Seu olhar transmitia uma intensa seriedade. Em suas mãos, segurava um cajado azulado com uma ponta de metal, adornado por um relógio de ponteiros em sua extremidade.

— Vamos as regras: a viagem no tempo pode ser mutável. Dependendo das ações que tomar, toda a realidade pode ser ramificada e quebrada. Um único bater de asas de uma borboleta fora do padrão, causará uma ruptura desbalanceada e linhas do tempo paradoxais convergirão em uma destruição massiva de todas as realidades.

          Regina se sentia o verdadeiro meme da Nazaré Tedesco, confusa e sem entender bulhufas do que ele falava.

— Em outras palavras, se você fizer merda todo o universo dentro de Fantasia vai deixar de existir — Bridge disse de forma seca ao notar o olhar de tonta da garota.

— Obrigada — Regina sorriu forçada para ela, voltando a ficar apreensiva em voltar no tempo.

— Em resumo, durante a viagem no tempo sua presença lá não poderá modificar os eventos que ocorreram. Tudo tem que ocorrer do jeito que era. Além disso, é imprescindível que sua versão do passado não a veja quando estiver lá — Chronos prosseguiu.

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