27 [FINAL]. O Pé na Estrada Eu Vou Botar Que Já Tá na Hora de Ir

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          Regina se perguntou o que se passava na cabeça de seu pai, ao deixá-la naquela situação alarmante sozinha. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos enquanto o arranha-céu continuava a desmoronar ao seu redor. A iminente destruição da cidade da Luz, com o desaparecimento da estrutura que a sustentava acima das nuvens, tornava tudo ainda mais assustador.

          Enquanto os escombros do prédio caíam ao seu redor e a sala branca se tornava cada vez mais instável, Regina percebeu um som poderoso de asas se aproximando da janela. Com grande esforço, ela se arrastou até o local, avistando o colossal dragão Vilgax do lado de fora. Suas asas vermelhas se estendiam energeticamente, prontas para levá-la em segurança. No entanto, a janela era demasiadamente pequena para que Regina pudesse passar. Um sentimento de desespero tomou conta dela, enquanto balançava a cabeça com tristeza, reconhecendo a impossibilidade de escapar por aquele caminho.

          Como desgraça pouca não vem só, uma nova ameaça surgiu quando a porta foi violentamente aberta. Dezenas de gárgulas, que até então eram apenas decorações do majestoso local, ganharam vida e invadiram o ambiente, suas garras afiadas e bicos ameaçadores prontos para ceifar a vida da jovem loira.

          Regina, assustada, gritou e imediatamente fechou os olhos ao se abaixar, buscando se proteger do perigo iminente. No entanto, seus ouvidos captaram o som de um chute e o estrondo de pedras se desfazendo ao seu redor, o que a fez abrir os olhos novamente. Para sua surpresa, diante dela estava o Saci-Pererê, saltitando com uma perna só, com seu tradicional cachimbo pendendo da boca.

         Enquanto o Saci sorria para a garota, uma gárgula se aproximou sorrateiramente por trás dele, mas antes que pudesse ser atacado, a criatura mitológica rapidamente se transformou em um redemoinho humano, girando velozmente e lançando as criaturas malignas contra as paredes desmoronantes do prédio.

          Agradecida pela ajuda do Saci, Regina viu nessa uma oportunidade para escapar do local. Determinada, ela correu em direção à porta, habilmente desviando de duas gárgulas que vinham em sua direção pelo corredor estreito. Seus olhos se iluminaram ao alcançar o pé da escadaria, revelando uma cena deslumbrante à sua frente.

          Centenas de gárgulas tentavam alçar voo em direção a Regina, mas diversas criaturas mágicas impediam seus avanços. Essas criaturas posicionaram-se estrategicamente entre as gárgulas e a loira, barrando seu caminho além da escadaria.

          No meio da escadaria, o gnomo mal-humorado "Senhor Jerônimo", do qual criou certa antipatia por Regina quando ela chegou naquele mundo, brandia sua enxada com destreza, ceifando a vida das criaturas de pedra com um olhar resmungão. Cada golpe preciso do gnomo deixava uma trilha de destroços petrificados em seu rastro. Ao mesmo tempo, o Centauro dava coices poderosos nas gárgulas, impedindo-as de subir além do seu posto.

          Lá no alto, a fada Glória liderava um exército de fadas, cujas magias da natureza eram lançadas com precisão, desferindo ataques fulminantes contra os seres de pedra que ousavam avançar. Seus brilhos florescentes pareciam como o de vagalumes, iluminando a torre escura.

          Ainda no céu, Moria e Katherine sobrevoavam com suas asas de morcegos, liderando um exército de vampiros ao seu lado. Com velocidade e agilidade, eles mergulhavam em direção às gárgulas, derrubando-as uma a uma do céu. Enquanto isso, uma formação de bruxas montadas em suas vassouras mágicas voava em círculos ao redor do grupo de Regina. Empunhando suas varinhas com maestria, as bruxas lançavam feitiços poderosos contra os inimigos da loira, criando explosões e rajadas mágicas que despedaçavam as gárgulas em pedaços.

          O êxtase de Regina diante da incrível batalha e da demonstração de poder mágico ao seu redor a fez perder completamente a noção do perigo iminente. Ela estava tão envolvida na cena maravilhosa que se desenrolava que nem sequer se recordou sobre o arranha-céu desmoronando ao seu redor. Foi apenas quando um tremor intenso sacudiu o prédio, fazendo com que o chão se partisse e se abrisse um abismo negro diante dela, que ela finalmente despertou para a realidade. Com um grito de surpresa e desespero, Regina perdeu o apoio do corrimão da escadaria e começou a cair em queda livre em direção ao vazio abaixo.

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