Regina encontrava-se em uma sala de paredes graciosamente brancas e iluminadas, com uma única e pequena janela retangular ao seu lado direito, oferecendo uma visão deslumbrante do mundo além das nuvens. Uma mesa de madeira de tamanho moderado ocupava o centro da sala, enquanto um espelho misterioso cobria um terço da parede lateral, refletindo sua própria imagem. No entanto, não havia sinal de vida além dela mesma naquele ambiente solitário.
Incredulidade refletiu-se de igual forma em seu rosto. Não era possível que não houvesse ninguém no local. Aquele era o ponto final, o mais longe que poderia chegar. Com um misto de expectativa e, de certa forma, esperança a garota loira se inclinou buscando algo ou alguém abaixo da mesa, sendo o único local onde sua visão periférica não tinha acesso até então.
No momento em que Regina se inclinou, surpreendeu-se ao avistar um rato preto de bigodes escondido sob o móvel. O susto foi tamanho que, involuntariamente, ela bateu a própria cabeça na mesa. Levando a mão até a nuca em sinal de dor, Regina se ergueu, permitindo que o roedor saísse furtivamente de onde estava escondido.
O rato, habilmente, subiu por uma das quatro pernas da mesa, até que chegasse em cima dela e se erguesse sobre suas duas patas traseiras. Diante de Regina, o roedor passou por uma metamorfose surpreendente, revelando-se como um simples garotinho de aparência jovem, com cerca de treze anos de idade. Vestido com uma bata branca que ia até a altura do quadril e uma bermuda da mesma cor, o garoto revelou-se como Larry. Sentado na mesa, balançando suas pernas e com um sorriso radiante, ele segurava em suas mãos seu diário de capa azul.
— Larry?! Isso não é possível! — Regina olhava com incredulidade para o aprendiz de Edward Lemoy. — Por favor, me diga que não era você o informante do Autor.
— Gina, Gina... — Larry permanecia balançando as pernas, sob o olhar assustado da mais velha. — Sempre buscando encontrar o melhor dentro daqueles que, mesmo em situações adversas, lhe apunhalam pelas costas. Bom, o que posso dizer a priori é que: não. Eu não sou um informante do Autor.
Regina soltou um suspiro de alívio, sentindo seu sorriso voltar a tomar forma em seu rosto. Já que ele não era um informante do Autor, e já que ele também não estava mais congelado, significava que ela teria um aliado ao seu lado na busca pelo Autor.
Contudo, a expressão de alívio de Regina logo se transformou em desespero ao ver Larry remover a sobrecapa de seu diário. À medida que a jacket caía no chão, revelava-se que o que ela acreditava ser o diário de Larry era, na verdade, um livro de capa de couro com inscrições douradas, ostentando o nome "Fantasia".
— Eu não sou um informante do Autor — Larry repetiu. — Eu sou o próprio Autor — Seus olhos faiscavam diante da loira.
A incredulidade estampou o rosto de Regina, refletindo uma profunda decepção. Muito além da traição da princesa Jasmine ou do Fauno Cello, a proximidade que ela tinha com Larry era muito mais significativa. Ele esteve ao seu lado durante a maior parte de sua jornada em Fantasia, compartilhando segredos íntimos e momentos de pura diversão. Regina confiou no menino rato, acreditando genuinamente que ele fosse seu verdadeiro amigo.
Mas tudo não passou de pura atuação dele. O homem que ela mais odiava havia enganado sua confiança, infiltrando-se em seu círculo de amigos. Ele sempre esteve tão próximo, bem debaixo de seu nariz. Nesse momento, a possibilidade de perdão era inexistente. Com uma fúria intensa e sem precedentes, Regina correu em direção ao menino, erguendo os braços com intuito de capturá-lo.
Antes que as mãos de Regina pudessem alcançá-lo, o menino desapareceu da superfície da mesa. Como por magia, ele reapareceu alguns metros atrás dela, um sorriso malicioso estampado em seu rosto, enquanto batia suas botas de camurça no chão com um ar provocador.
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Fantasia
ФэнтезиPossui algum problema com os clichês da fantasia? Então, talvez, esse seja o livro certo para você nesse caso. Ou, talvez, seja o último livro que irá querer ler na vida. Ao menos, para Regina Monroe a segunda opção é certamente aquela que ela escol...