18. A Pedra Filosofal

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          Em um dos maiores salões da mansão, havia uma longa escadaria de carpete vermelho que conduzia até uma grande poltrona de mesma cor. A mulher de cabelos ruivos e sedosos que caíam como cascadas em seus ombros pálidos se encontrava sentada nessa mesma poltrona. Apesar de ser magra e esbelta, com curvas suaves e bem definidas, sua postura entretanto era um pouco curvada, dando a impressão de que ela estava cansada apesar de sua aparência jovial. Em seus dedos finos e longos segurava uma bola de cristal lilás que parecia emanar um brilho suave e misterioso.

          A bola de cristal era sua ferramenta de monitoramento, permitindo-lhe ver através da câmera externa da residência. Observou atentamente a presença dos intrusos em seu território. Oito criaturas desconhecidas tinham acabado de tocar a campainha da mansão e se encontravam aguardando do lado de fora. Com um sorriso malicioso no rosto, a Feiticeira analisou cada detalhe dos invasores através da bola de cristal. Ela se deleitava com a presença daqueles que ousaram incomodá-la, pensando em como lidaria com eles.

— Me diga, Barkley¹, quando foi a última vez que recebemos visitas? — A Feiticeira questionou para uma sombra abaixo da escadaria, fingindo não saber a resposta da própria pergunta.

— Nunca, senhora — Barkley, o cão-mordomo da Feiticeira, saiu das penumbras e surgiu ao pé da escadaria. O cachorro humanoide se mantinha em pé com suas duas pernas, usando um terno formal, enquanto mantinha um monóculo dourado em seu olho direito. — Foi para isso que a senhora firmou parceria com as mais diversas entidades das regiões que levavam até essa montanha, para afastar quem quer que seja daqui.

          A mulher de vestes de seda negra e decote levantou o olhar da bola de cristal para fitar seu criado.

— Parceiros de negócio? Não, seu incompetente, eles eram meus capachos, isso sim. Bem que suspeitei que o não recebimento de relatórios vindos deles significava perigo iminente. Há dias não recebo notícias do Abominável Homem das Neves e do Chupa-Cabra. Ontem, Drake não nos enviou um vampiro para afirmar que tudo estava seguro, como de costume. E nem mesmo os lobisomens apareceram até então, justo em uma noite de lua cheia.

"Mas não me surpreende, quando eu vejo quem veio atrás de minha cabeça. Thanatos² parece que veio finalmente se redimir da vez em que não conseguiu ceifar minha vida".

— Senhora, desculpe interrompê-la, mas os magos me informaram que a Morte não é mais o esqueleto. Aparentemente a Morte se trata de um cachorro chamado Dog. Onde já se viu, um cachorro ocupar tal cargo.

— Que seja — A Feiticeira balançou os ombros fazendo pouco caso. — Talvez ele esteja decidido a ter um acerto de contas após ter se aposentado. E não é o único, a bruxa junto a eles é uma velha conhecida. Bridge parece que guarda rancor da vez em que quase a matei.

— Os magos saíram para averiguar o sumiço dos seus aliados... Digo, servos, e por conta disso não se encontram na mansão. Nesse caso, deseja que eu peça para as Harpias cuidarem dos intrusos?

— Deixe-as onde estão. Vai saber se não prepararam também um ataque vindo do mar. Por hora, temos um exército poderoso o suficiente aqui mesmo na mansão para cuidar de oito ratinhos.

— Entendido, senhora — O cão-mordomo se curvou, e então se retirou do aposento.

          A Feiticeira olhou mais uma vez para a bola de cristal, e então desviou o olhar para a parede ao seu lado. Nela estava fixada uma redoma de vidro retangular. A pedra vermelha energizada que ela admirava estava protegida pela redoma e pulsava intensamente, emitindo uma luz avermelhada que se espalhava pelo ambiente. A pedra era muito semelhante a um rubi, mas parecia ter um brilho ainda mais intenso e vibrante.

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