25. O Labirinto do Fauno

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          Diante da presença de Cello, Regina ficou boquiaberta, estando seus olhos arregalados de surpresa. O pensamento de que ele poderia ser o informante do Autor invadiu sua mente, preenchendo-a com uma mistura de desconfiança.

— Cello, não me diga que você está por trás disso tudo, está? — Ela perguntou, com certo receio de sua resposta.

          Com um sorriso leviano estampado no rosto, o Fauno Cello ergueu-se da mesa. Seus olhos fixaram-se intensamente em Regina, como se confirmasse seus pensamentos mais profundos. A expressão enigmática do Fauno deixava claro que ele possuía relação com os eventos que o Autor causava dentro do livro.

— Ele está te controlando, não é? — Regina deu alguns passos em sua direção, ainda confiando que existia bondade no delegado da cidade. — Com o poder da escrita, ele está te usando de fantoche para me capturar. Só pode ser isso.

          Com uma gargalhada estrondosa, que ecoou pela sala, Cello estufou o peito e balançou o dedo indicador negativamente, aprofundando ainda mais o temor de Regina. Em seguida, ele caminhou em direção a um armário situado no fundo da sala.

          Regina, intrigada e curiosa, recordou-se de quando, após ser solta daquela mesma delegacia, havia recebido um macacão dado pelo delegado no interior desse armário. No entanto, desta vez, ao abrir a porta, a loira foi surpreendida por uma visão muito mais deslumbrante e valiosa. O armário abrigava um tesouro inimaginável: incontáveis moedas de ouro reluzentes, cuidadosamente empilhadas dentro de um grande saco. O brilho das moedas era tão intenso que iluminava a sala, capturando a atenção e a cobiça de Regina.

          Após mostrar seus bens mais valiosos a garota, Cello se prontificou a explicar a presença daquele tesouro deslumbrante diante dos olhos da jovem.

— Há algumas semanas o Autor entrou em contato comigo. Me propôs um acordo inegável. Dois milhões de moedas de ouro, para que eu aceitasse servir ao seu lado. Ele tinha a opção de me controlar sim, mas não o quis fazer. Ele me deu o livre arbítrio de aceitar ou recusar sua proposta. O Autor queria saber o que eu estava disposto a fazer por tamanha quantia de ouro. Obviamente que aceitei, mesmo que isso custasse a segurança de uma menina idiota que caiu do céu.

          Com um olhar perplexo, Regina observou atentamente enquanto o Fauno retirava do armário um pequeno controle, tão compacto que poderia ser facilmente escondido na palma de sua mão fechada. Com um movimento, ele pressionou o único botão presente no dispositivo. Para surpresa de Regina, a porta da cela ao fundo da sala se fechou abruptamente. Em seguida, Cello clicou novamente no botão, e a porta se abriu imediatamente. Ele repetiu esse ato várias vezes, enfatizando cada vez mais a mensagem implícita.

— Acho que com isso já compreendeu, não é? Quando esteve aqui pela primeira vez, e a cela insistia em se abrir e fechar, na realidade não era obra do Autor. Era eu quem fiz aquilo, apenas seguindo as ordens que o Autor me impôs — Após se explicar, o homem-bode guardou o controle de volta no armário.

          Regina estava estupefata. O homem que deveria defender a justiça no reino de Fantasia, era na verdade uma criatura corrupta que foi facilmente comprado pelo Autor. A menina deu dois passos para trás ao vê-lo se aproximar, mas não foi ágil o suficiente para escapar de sua mão que agarrou seu antebraço com demasiada força, a impedindo de escapar.

— Agora não há mais ninguém para vim socorrê-la. Todos se foram. Você está sozinha. Seu fim chegou, Regina Monroe — Com o rosto bem próximo do dela, o Fauno lhe dirigia a palavra em uma entonação alucinada e, quase, doentia.

— O que você vai fazer comigo?!

— O que vai acontecer com você não me diz respeito. Você só precisa ser levada viva para um lugar.

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