vita

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Se havia uma coisa que Luca e Alberto aprenderam em todos aqueles anos vivendo entre os humanos, é que tinha uma coisa que eles sempre buscavam entender: o sentido da vida.

Muitos deles acreditavam que o verdadeiro sentido da vida era encontrar algum tipo de vocação especial, algo em que você é o melhor, e então passar todos os seus dias exercendo aquilo. Outros pensavam que era lutar por aqueles que amavam, ou até mesmo vingar a dor ou morte deles. Outros, ainda, pensavam que era lutar pelo planetinha azul em que viviam, ou então construir uma bela família nele.

Luca e Alberto pensavam que, talvez, a vida não tivesse um sentido. Talvez o sentido dela simplesmente fosse diferente para cada um, sendo o “certo” aquele que faz bem e o que clama o coração. Talvez algo tão complexo, misterioso, grande e infinito como os curtos anos de uma vida humana ou marinha fosse apenas viver.

Porque a vida na verdade não tem sentido nenhum, mas, então, ela tem todo o sentido do mundo.

Talvez ela fosse uma grande viagem onde você não devesse estar preocupado para onde estava indo ou como tudo terminaria, mas apenas concentrado em aproveitar a vista e os momentos e criar memórias.

Porque assim, talvez, quando você realmente chegasse até o final de tudo, percebesse que ela valeu a pena.

E eles acreditavam firmemente que o sentido da vida deles era o amor e a felicidade. Era o amor que sentiam por sua família, pelo mundo, pelas descobertas e aventuras e, especialmente, aquele que sentiam um pelo outro.

E era exatamente por este motivo que sorrisos gigantes e verdadeiros não saíam de seus rostos, os cantos dos lábios não deixando de se curvarem para cima nem mesmo quando se beijaram ao final da cerimônia de casamento. Nem mesmo quando os lábios se separaram, porque as mãos ainda estavam um no outro, seus corpos ainda estavam juntos, e eles simplesmente não conseguiam parar de sorrir.

Alberto juntou suas testas e risos baixinhos e emocionados soaram dos dois, e era quase como se tudo e todos ao redor tivessem deixado de existir naquele momento.

— Você se casou comigo, Sr. Paguro — Luca confidenciou baixinho, como se aquele fosse um segredo engraçado que mais ninguém poderia saber, e Alberto riu antes de segurá-lo nos braços e o jogar para o lado, apoiando o peso de seu corpo com firmeza.

— E você se casou comigo, Sr. Scorfano — confidenciou de volta, beijando-o outra vez. — Meu marido. Amore mio.

A festa que se seguiu depois durou até quase o amanhecer. Houve muita música, dança, risadas e comidas dos dois povos, em uma mistura tão perfeita quanto o casamento havia sido, e não havia sequer uma pessoa naquele momento meramente infeliz ou incomodada com aquilo.

Quando o céu começou a clarear, Luca bocejou e encostou a cabeça no ombro de Alberto, rindo sozinho enquanto começava a cantarolar uma melodia familiar, e o moreno apenas sorriu ternamente antes de passar o braço ao redor do corpo do seu agora esposo e o levar para casa.

Luca continuou cantarolando a música, se balançando para os lados e parecendo quase completamente rendido ao sono enquanto Alberto o livrava da coroa de conchas e flores e do paletó. Em um dado momento ele tropeçou nos próprios pés, rindo bobamente ao se segurar nos ombros fortes, ouvindo a risada de Alberto soar baixinha em seu ouvido e as mãos pesadas o agarrarem firmemente pela cintura, o dando estabilidade.

— Acho que você deveria dormir um pouquinho — Alberto sussurrou, mas Luca apenas continuou cantarolando, conduzindo o moreno em uma quase dança.

— Coloque sua cabeça em meu ombro... — murmurou, a voz mole pelo sono, um risinho escapando quando ele deitou a cabeça no ombro de Alberto. — Sussurre em meu ouvido, amor, palavras que eu quero ouvir...

Sob as AnchovasOnde histórias criam vida. Descubra agora