acqua

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O sol já estava alto no céu quando o trem parou na estação movimentada de Veneza.

Alberto se moveu suavemente, levando uma das mãos aos cabelos ondulados de Luca para acordá-lo. Ele estava preguiçoso naquela manhã e, assim que se acomodaram na cabine do trem, simplesmente deitou a cabeça no ombro de Alberto e ressonou quietamente até agora.

— Ei, Luca, chegamos — sussurrou, acariciando o cabelo macio, e Luca piscou sonolentamente para ele fazendo um sorriso se abrir em seu rosto. — Chegamos em Veneza.

— Mas já? — ele resmungou, enterrando o rosto de volta no pescoço de Alberto. — Mas eu nem consegui dormir...

— Na verdade, você apagou durante horas. Até roncou e babou na minha blusa.

— Eu não ronco e nem babo, Alberto.

— Diz isso pra minha blusa e para os meus ouvidos.

Luca empurrou o lábio inferior para frente, fazendo um biquinho que Alberto achou adorável, porque Luca emburrado era a coisa mais preciosa do mundo. Eles então pegaram suas mochilas e saíram do trem, caminhando pela estação cheia e piscando os olhos para a luminosidade forte do sol.

Eles encontraram um lugar onde pudessem se hospedar e fizeram as reservas, trocando de roupa e deixando as mochilas no quarto. Voltaram para as ruas de mãos dadas, e neste ponto qualquer resquício de sono havia desaparecido do corpo de Luca.

— E então, meu guia turístico, onde nós vamos primeiro? — Alberto perguntou, animado, e Luca sorriu.

— Nós podemos fazer um passeio de gôndola — ele apontou para os diversos barquinhos de madeira escura que cruzavam as águas dos canais. — Eles são muito fam...

— Eu acho que tenho uma ideia melhor — Alberto interrompeu, o sorriso travesso enquanto olhava para o canal diante deles. — Vamos nadando!

— O quê? Ficou doido? A gente não sabe se...

— Vamos!

— Mas...

— Manda o Bruno ficar quieto! Vamos, vai ser legal! Vai ficar tudo bem, eu prometo.

E Luca apenas conseguiu encará-lo por dois curtos segundos antes de se dar por vencido, sorrindo enquanto concordava com a cabeça.

— Ok, vamos.

— Isso!

Eles então se aproximaram da borda, encarando desejosos as águas frescas do canal. Faziam algumas semanas que eles não nadavam.

Então um apito agudo soou bem atrás deles.

— Eu espero que vocês não estejam pensando em entrar aí — falou uma voz feminina, severa e inflexível, e eles se viraram para ver uma policial os encarando com desconfiança. — É proibido nadar nos canais.

— É claro que é. Nós sabemos disso, senhora policial, não se preocupe — disse Alberto, com um sorriso educado, e Luca mordeu o interior das bochechas para não rir. — Não estávamos pensando em entrar, só estávamos observando a água e toda a paisagem. É tão lindo, não acha?

Ela os lançou um olhar ainda mais cortante, enrugando os lábios em desagrado antes de dar as costas para eles e caminhar para longe.

E, assim que ela estava longe o bastante, Alberto soltou uma risadinha debochada e puxou Luca pela mão, derrubando os dois na água.

— Alberto! — exclamou, rindo, nadando com ele para o fundo do canal de modo que não pudessem ser vistos com facilidade. — Você é doido mesmo.

Sob as AnchovasOnde histórias criam vida. Descubra agora