Provoca quem sabe. Resiste quem consegue.
-Autor desconhecido
O silêncio se tornou constrangedor, nem um músculo foi movido, nenhum som foi profetizado, nem se quer o ar preso nos meus pulmões se atreveu a sair.
- Amor, não avisei que não gosto de provocações. - Morde o canto da boca que ainda estava na fase de cicatrização por minha culpa.
- Amor, não avisei que não tenho menor interesse na sua opinião? - É difícil ser menos revoltada perto desse ser cujo ofício é prender pessoas.
Ele estava com seu olhar furioso, porém a porta se abre e ele não pode mais me castigar, Janny encara a cena:
- O que diabos está acontecendo? - Seu salto bate nervoso no chão, fazendo um ruído semelhante a um tiro.
- Estávamos conversando. - Responde o Policial.
- Sério? - As sobrancelhas se apertam com ferocidade. - Porque pareceu que vocês estavam se agarrando.
- Eu adoraria, mas ela é teimosa. - Esbraveja.
- O quê? - Ela faz uma expressão perplexa.
- Qual é Janny? - começa ele em tom calmo. - Nós não estamos num relacionamento.
- Porque está fazendo isso? - Os olhos dela a bera das lágrimas. - Eu disse que queria um relacionamento com ele.
- Ele me agarrou, além do mais você ouviu ele. - Me afasto. - Ele não acredita estar em um relacionamento, qual é o seu problema? Você é bonita, inteligente e capaz de encontra alguem disposto a se comprometer, e vamos ser lógicos ele nem é tudo isso.
- Ei! - Rosna Liam.
- Não quero ouvir sobre como eu mereço mais! Estou com raiva, e quero muito estar. - Revida ela, me calando.
- Okay. - Digo baixo.
- Pode nos dar licença! - Exclama depois de processar minhas palavras. - Obrigado.
Deixo a sala lentamente, os sons são altos e pouco claros do meu quarto, apenas me lembro de ouvir Liam uma única vez, e ele gritou em plenos pulmões,"Calma, Janny! Calma", nessa exata ordem.O telefone toca exatamente no momento que começo a pensar se de alguma forma, não estaria fazendo o que Anne havia feito comigo. Se estaria virando a faca que machuca as pessoas, ao invés da dor, que sempre fui. E sim! Isso me magoou consideravelmente mais do que qualquer outra coisa.
- Alô? - Digo, afastando os pensamentos. - Alô?
- Sou eu. - Responde a voz, Anne.
- Oi! O que você tem? - pergunto ao notar que ela parecia melancólica.
- Eu preciso que venha me buscar. - Ela está receosa.
- O que aconteceu?
- Lucas e eu brigamos, ele voltou sozinho, e eu não tenho dinheiro. Pode vir me buscar? - Falou irritada.
- Claro, aonde você está? - Questionei.
- Hotel Belo Jardim, você sabe onde é! Tem uma foto na sua escrivaninha.
- Estou indo, vou chegar aí daqui uns dois dias, eu acho. - Respondo calculando.
- Porque vai demorar tanto? - Interroga.
- Porque você foi de carro até o aeroporto e então foi de avião, eu vou de carro, só de carro. - Falei secamente.
- Tudo bem. Obrigado. - Fala meio mal. - Eu sei que já fiz muita merda contigo...
- Passado é passado. - Afirmei. Sentindo os cacos presos na minha costela se deslocarem dolorosamente. Meu coração estava quebrado, junto a todos os outros órgãos que transmitiam se algum a forma "sentimentos".
Desliguei o telefone enquanto a porta batia raivosamente. Me dirigi ao quarto e comecei a separar as roupas, com um certo divertimento. Finalmente um motivo pra viajar para longe da máquina do tempo ambulante, chamado Policia.
- O que esta fazendo? - Questionou ele adentrando. Sem ser exato se referia ao que fazia naquele instante ou na minha vida.
- Fazendo pão que não é. - Respondi ávida.
- Você hoje está se superando. - Grunhiu. - Sério!
- Vou buscar a Anne. - Disse, raciocinando o fato de que meu carro estava no mecânico, e o único automóvel que eu poderia usar era do ser mais estúpido da face da terra. - Me empresta a caminhonete?
- Não! Eu aprendo com os erros, a maioria dos erros pelo menos. - Diz puxando o lábio esquerdo. - Além do mais, a última vez que pegou minha caminhonete ela acabou no fundo do rio, e sem falar que você acabou jogando o guincho lá também.
- Em minha defesa eu queria salvar a caminhonete, fazendo o guincho empurrar para cima, mas acabou que o guincho despencou na água - Suspirei. - Um problema de estratégia.
- Por que você está indo buscar a Anne? - Interrogou.
- Ela pediu. - Disse rapidamente.
- Por que ela pediu? - Questionou.
- Porque talvez eu não faria tantas perguntas quanto você. - Respondi nervosa.
- Vou ligar para a delegacia. E já vamos! - Afirmou o Policial.
- Você não vai! - Repliquei. Vendo meus planos serem destruídos.
- Vou! Por dois motivos, é a minha irmã e é a minha caminhonete. - Concluiu indo para o quarto e arrumando suas coisas, ao mesmo tempo que ligava para a delegacia.
Seria dois dias de viagem, 48 horas aguentando Liam, e infelizmente 2,880 minutos de lembranças, pois o hotel Belo Jardim guardava memórias, e não somente as recentes de Anne e Lucas.
- Onde ela...
- Hotel Belo Jardim. - Interrompo.
- o nosso Hotel Belo Jardim? - Perguntou me encarando. - Ela não estava fazendo um estágio? Que eu saiba, não tem estágios naquele Hotel! - Diz ele rangendo os dentes.
- Isso é denominado "mentira", e sabemos que você não a deixaria ir se lhe falasse, que na verdade queria ficar sozinha com o Lucas. - Respondo tentando chutar a mala para cima do banco do passageiro.
- Quem é Lucas? - Semicerrou os olhos me encarando depois de me impedir de continuar chutando.
- O namorado. - Respondo.
- Namorado? - Pergunta novamente. Depois de uma leve análise questiona temivelmente.
- Ela está em um Hotel com o namorado que eu nem sabia que existia. - Começa irritado. - E no nosso Hotel?
- É... - Respondi, porém no fundinho do estômago, sabia que a interrogação se encontrava longe do fim.
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8 Anos
ChickLitTheri, aquela que estava tão perto de colocar a vida nos eixos, de esquecer completamente o passado e suas dores, de esquecer lembranças boas que traziam o gosto amargo do fim, de esquece-lo. E de finalmente ter uma vida tranquila, assistindo séries...