Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
- Clarice Lispector
O queixo visivelmente rígido, os lábios inquietos, as veias saltadas, e as sobrancelhas puxadas, fazendo com que sua imagem se torna-se aterrorizadora para o Jeff, e linda para mim. Os meus passos foram se arrastando pelo chão. "Porque ele tem que ser tão bonito?", disse entre olhares ao Jeff que simplesmente sorrio como quem não tinha a menor ideia, e segurou com mais equilíbrio minha cintura, como tive conhecimento ao notar que essa parte especifica do toque de Jeff em mim, estava martirizando o Policial. E quando notei isso, percebi também outra coisa, ele me afetava com absoluta certeza, essa parte era inegável, mas eu fazia o mesmo a ele, se não pior. Liam pegou o telefone e foi procurar privacidade na cozinha.
- Ele ficou preocupado. - Começou Janny.
- É? - Perguntei sem demonstrar meu interesse.
- Sim. - Olhei na direção que á poucos, ele havia saído. - Ele está falando com o delegado. - Respondeu Jenny antes que eu me rendesse a pergunta.
- Algum motivo em especial? - "Sem demonstrar interesse", me concentrei.
- Você, ele mandou te procurarem, pensou que houvesse acontecido algo. - E sua voz se dissipou no momento que ele entrou. Seus olhos se negando a me encarar, sua aura completamente bipolar, e um alivio preso entre suas costelas, o mesmo, que não consegui definir.
- Quero dormir. - Resmungou Jeff, me fazendo parar de encara-lo, coisa que todos, inclusive o alvo de minha observação estavam percebendo.
- Vamos então. - Me levantei, joguei os sapatos em um canto da sala e levei ele até meu quarto, e depois de derruba-lo na cama, coisa que o fez dormir instantaneamente. Senti uma respiração soprar meus cabelos.
- Ele não vai dormir na sua cama! - Disse autoritário. Assim que chegamos ao corredor.
- Quer apostar?
- E onde você vai dormir? - Mudou ele de assunto.
- Na minha cama, com o Jeff. - Falei fria.
- Dorme na minha cama, vou ter que fazer turno extra mesmo. - Estava prestes a negar, eu não seria uma pequena garota que obedeceria as ordens de um homem, mesmo aquele que poderia me prender. - Tem mais espaço. Por favor, Theri.
- Por que eu dormir com ele parece te incomodar? - Nenhuma resposta. Mas seus olhos estavam de um modo irreconhecível, um sentimento que não pude definir transbordava dele. - Tudo bem, eu durmo na sua cama.
E ele despareceu novamente, como em todas as vezes, ele vem e vai, como quem nunca pertenceu a lugar nenhum. Entrei em seu quarto. O seu cheiro estava em cada canto, suas roupas amassadas. Me sentei na cama, e respirei profundamente aquele cheiro viciante. No canto, em cima de seu criado mudo, estava um anel prata que eu já tinha usado, anos atrás.
- Catherine, preciso entrar! - Falou o Policial de repente me fazendo deitar na cama. - Ele atravessou o quarto para junto do criado, pegou um papel para disfarçar que ele havia tirado o anel da fácil visualização. Péssimo ator pensei. Ele sentado na cama, eu deitada, me trouxe lembranças de algumas manhãs, não somente para mim, pois pela sua expressão, ele tinha lembrado da mesma coisa.
Alguma coisa havia mudado, mesmo eu não conseguindo definir.
- Onde você estava? - Perguntou o Oficial.
- Não lhe interessa. - Respondi.
- Se não interessasse eu não estaria perguntando. - Retrucou.
- Se lhe interessasse eu estaria respondendo. - O silencio pairou. - Janny... - Falei com uma dor que rompeu a barreira do desinteresse.
- Eu... - Tentou ele com uma suavemente.
- Não. - Interrompi. Me levantei e fui até a porta, e ele a fechou antes que pudesse abrir a porta, nos trancando lá dentro.
- Vamos esclarecer as coisas. - Se sentou na cama de frente a mim, que continuava em pé.
Esperando comentários.
Obs: Estou pensando em uma nova capa para a historia, se alguém encontrar uma boa, me manda.
- Lu

VOCÊ ESTÁ LENDO
8 Anos
ChickLitTheri, aquela que estava tão perto de colocar a vida nos eixos, de esquecer completamente o passado e suas dores, de esquecer lembranças boas que traziam o gosto amargo do fim, de esquece-lo. E de finalmente ter uma vida tranquila, assistindo séries...