Capítulo 22

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Acordou cedo naquele dia. Deixou as coisas da sua casa organizadas e limpas. Fez a sua mala para os dias em que precisaria ficar fora e finalmente fez um pouco de chá para relaxar. Ele viajaria até o antigo clã em que ele serviu. Uma longa e cansativa viagem e era muito provável que seu irmão ficasse ansioso com isso. William podia negar e tentar esconder, mas ele conhecia o ômega melhor do que ninguém. Ele sabia que o outro estava com medo de voltar ao seu antigo clã. Com medo do que poderia ouvir. Com medo de que Yami pudesse olhar diferente para ele .

Licht suspirou pesado enquanto separava a mala no canto do quarto. Ele também não gostaria de voltar para lá, mas jamais deixaria o seu amigo ir sozinho. Seu irmão, na verdade. Agora que ele tinha as memórias de sua vida antiga e principalmente de Rael. Não conseguia ver William como o melhor amigo. Eles eram irmãos e em todas as vidas que se seguiram, Gael não foi nada além de amável com ele. Seja ele na forma de animal ou como humano.

E por falar nessas memórias, Licht sentia que ele devia se permitir aproveitar melhor a sua vida. Como o próprio William já havia dito, ele deveria buscar a felicidade. Até há um tempo, o alfa achava que estar perto do ômega e protegê-lo seria o suficiente. Porém, havia um alfa bastante impertinente de quem ele havia se aproximado que fez com que novos sentimentos surgissem dentro de si. O que começou com apenas uma atração física, passou para algo mais concreto e romântico. Admitia para si mesmo que estava apaixonado por Rhya e sabia ser recíproco, não era idiota. A questão é que tantas coisas estavam acontecendo antes que eles dois não passaram das provocações e muito menos do flerte. Algo que Licht pretendia mudar.

Não conseguiu divagar por muito tempo logo Rhya estava o chamando na porta de casa. Sorriu pequeno e sentiu o coração acelerar um pouco. Avisou que já estava indo atender e assim que abriu a porta, o alfa já foi logo lhe abraçando e entrando dentro de casa.

- Oi Licht! Bom dia, posso entrar? Claro, Rhya, sinta-se à vontade – brincou e o alfa gargalhou.

- É, foi isso que eu quis dizer... Eu vim tomar o seu café e comer os seus biscoitos que você me disse ontem que faria... Eu quero! Você fez certo?

Licht gargalhou com as falas ansiosas do alfa. Concordou enquanto sorria pela espontaneidade do outro e avisou que faria apenas um café fresco para ambos.

Enquanto a água fervia, Licht chamou Rhya para ficar na sala conversando um pouco. Falaram sobre amenidades, sobre a viagem, o que ambos levariam e alguns assuntos mais voltados para a guerra. Até que o tom divertido de Rhya foi mudando e ele começou a ficar um pouco inseguro com o que queria dizer.

- Olha, Licht... - começou um pouco hesitante - Confesso que depois que eu vi você falando daquele jeito com a gente quando você recebeu aquelas memórias e tal, eu achei que você se transformaria em outra pessoa... Não sei... Fico feliz que você seja o Licht que eu conheço.

Antes que o alfa pudesse responder, ele ouviu o barulho do bule e sinalizou para que o alfa o seguisse para poderem tomar o café com os biscoitos.

- Não se preocupe Rhya... Eu sou a mesma pessoa que você conheceu... A única diferença é que eu tenho mais de 800 anos de memória em mim – disse em um tom simplório, como se não fosse nada demais.

- Uau! Nossa, jura? Quer dizer... Você... Deve ser difícil... - pensava em coisas para dizer, para logo em seguida as falar, ou melhor, deixar de falar. As falas do alfa estavam saindo bem menos lógicas e organizadas do que ele gostaria.

- Sim, um pouco... Mas eu procuro evitar ficar remoendo as coisas ruins que aconteceram nesses séculos e focar que estou perto de salvar o meu irmão dessa maldição.

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