Não precisa ter medo, eu não mordo.

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O coração de Yuna gelou ao escutar aquela voz tão próxima ao seu ouvido, era uma voz baixa e suave

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O coração de Yuna gelou ao escutar aquela voz tão próxima ao seu ouvido, era uma voz baixa e suave. Yuna queria se virar e encarar a pessoa que segurava em seu ombro, porém não conseguia mexer seu corpo, a aura de autoridade que emanava da pessoa atrás de si era muito forte. Ela ficou com tanto medo daquela voz, que não conseguia responder. O desconhecido se pronunciou novamente:

- Ora, ora. Não precisa ter medo, eu não mordo. - O desconhecido disse, dando uma risadinha baixa. - Qual você disse que era o seu sobrenome?

Yuna engoliu em seco, ela lentamente segurou na mão grande e fria em seu ombro direito e a afastou de si. A garota levantou o rosto levemente, os olhares assustados e surpresos de Aaron e Raiden em sua frente permaneceram focados no desconhecido atrás de si, a garota inspirou uma vez e falou:

- Todellinen...

A garota podia sentir o olhar pesado do desconhecido, que parecia poder atravessar sua pele. Yuna se virou para trás lentamente, sem olhar diretamente para o rosto do desconhecido, que parecia ser bem alto. Ela não teve coragem de levantar o olhar e encará-lo diretamente. Yuna ficou olhando para os belos sapatos do desconhecido por alguns segundo que mais pareceram horas, até que o lugar antes silencioso foi preenchido por um som:

- Haha! Haha!- Yuna pode ver como as pernas do desconhecido tremiam enquanto ele soltava leves gargalhadas.

Quando Yuna ergueu o rosto para encará-lo já era tarde, o homem a agarrou pelo pulso e se virou, a arrastando em direção a escada que levava até a porta do local. Os clientes curiosos, que antes observavam a briga entre crianças, se afastaram do caminho do homem, abaixando a cabeça quando o mesmo passava, sem sequer ter coragem de encará-lo nos olhos.

Antes que o homem chegasse na porta, Yuna tenta soltar seu braço puxando-o com força. O desconhecido largou seu pulso a empurrando para trás. A garota então segurou o pulso, agora com marcas de dedos, sobre o peito e disse ao desconhecido:

- Quem você pensa que é?! Eu não vou a lugar nenhum com você!

O desconhecido sorriu de lado, encarando a menina nos olhos como se ela fosse a pessoa mais estúpida que já existiu, então soltou outra risada curta e falou:

- Para de graça, criança. - O homem disse em um tom de voz ainda calmo e arrastado. E vamos logo.

O homem se aproximou novamente, com a intenção de segurá-la. Yuna se afastou rapidamente do homem alto, se escondendo atrás de uma coluna aleatória do estabelecimento. Yuna olhou para trás à procura de ajuda, e viu como Raiden era segurado pelo irmão, enquanto Aaron ainda encarava o homem desconhecido de cabelos escuros que a perseguia. Ela se virou e observou como o homem parou no lugar em que ela estava antes, inclinou a cabeça levemente e ergueu uma sobrancelha. Yuna soltou um suspiro e falou novamente:

- E-eu não vou a lugar nenhum! Então pare de insistir!

Ele parecia com raiva. Mesmo que ainda tivesse um sorriso estampado em seu rosto, Yuna podia ver uma veia pulsando na testa do homem alto de cabelo escuro. Ela viu quando o homem se aproximou dela, mas antes que pudesse correr ou fazer algo, ele se aproximou e a segurou pela cintura, a jogando por cima do ombro.

O homem de cabelos escuros subia as escadas sentindo socos fracos em suas costas, causados pelos punhos de Yuna. Ele abriu a porta da taberna e saiu, enquanto passava pelo beco sujo antes silencioso, que agora era preenchido pelos gritos e insultos infantis da garota. O de cabelos escuros se irritou com a menina, ele a colocou no chão bruscamente e a segurou pelos ombros para que não fugisse.

Yuna se debateu tentando se soltar, porém não conseguiu. Ela franziu as sobrancelhas e mordeu a parte de dentro de suas bochechas até que sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca, o que a deixou ainda mais irritada. A garota pisou com força no pé do homem mais alto, que só franziu a testa levemente, porém sem nenhuma outra reação.

- ME SOLTA! PARA ONDE VOCÊ ESTÁ ME LEVANDO?!

Ele inflou um pouco as bochechas, tentando se conter, porém alguns segundos após a gargalhada indiscreta e até meio infantil, o homem segurou a barriga e se apoiou na parede de tijolos do beco. Yuna encarava com descrença o homem de cabelos negros enquanto ele ria. Ela ficou muito irritada. Como aquele idiota poderia estar rindo de si? Então subitamente a mente de Yuna clareou e sua raiva se dissipou.

Ela estava livre agora, não é?

Aquele idiota gigante estava ocupado demais rindo dela como uma hiena para perceber que ela não estava presa e que a saída do beco estava livre. Um enorme sorriso se formou no rosto de Yuna, se ela fosse rápida e silenciosa, poderia fugir dele. A garota deu alguns passos para trás, tentando não fazer barulho.

Enquanto tentava fazer o mínimo de barulho possível, Yuna acabou sentindo algo duro em seu pé, a garota abaixou o olhar e viu uma pedra no chão, ela era menor que seu punho e pontiaguda. A garota olhou novamente para o homem de cabelos negros, sentindo a raiva crescer novamente dentro de si.

Yuna rapidamente se virou de costas e pegou a pedra pontuda, a garota tomou impulso e arremessou a pedra na direção do de cabelos negros. Sem se virar para olhá-lo, a garota girou os calcanhares e correu o mais rápido que podia para a saída do beco.

Quando Yuna virou a direita em uma rua aleatória, deu de cara em algo duro que a fez cair no chão por causa do impacto. A garota esfregou a testa com força. Isso é realmente sério? Quantas vezes ela já trombou com um estranho nas ruas hoje?

O estranho ofereceu a mão para ela e Yuna a segurou sem sequer pensar. Assim como Aaron, essa pessoa não fez nenhum esforço para puxar-lá do chão com somente uma mão.

A garota bateu as palmas em seu pijama azul, que agora estava completamente encardido. Hoje realmente não foi um bom dia.

Ela levantou a cabeça para falar com a pessoa estranha, e antes que pudesse se desculpar pelo seu corpo paralisou de medo. O par de olhos cor de mel que a encarava parecia cintilar mesmo que não houvesse nenhuma luz forte na rua. Yuna se afastou do homem alguns passos, só para ser segurada pelo pulso novamente.

- C-como você chegou aqui tão rápido? -

A garota perguntou com a voz trêmula. O homem não respondeu, somente deu um sorriso que seria considerado gentil se não fosse a situação.

Yuna pode ver o homem erguendo a mão e sentiu uma dor forte na nuca. A última coisa que conseguiu enxergar foi o rosto do homem de cabelos pretos, que não sorria.

 A última coisa que conseguiu enxergar foi o rosto do homem de cabelos pretos, que não sorria

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