Yuna entrou com tudo pelas portas e não conseguiu parar a tempo, dando de cara com a parede de cor clara. A garota não se deu por vencida e se levantou rapidamente apoiando-se em um lugar aleatório, correndo atrás de Hayato que estava parado no fim do corredor encarando com os olhos claros arregalados.
Os cabelos escuros do garoto estavam bagunçados de um jeito engraçado enquanto suas roupas carmesim se encontravam sujas de poeira e lama. A bicolor de um sorriso desengonçado ao ver a expressão surpresa do mais alto.
Ela deu um salto e seu jogou nos braços de Hayato, que rodou pelo impulso enquanto a segurava. Yuna enrolou os braços no pescoço e as pernas na cintura do garoto, escondendo seu rosto quente no ombro do mais velho.
Hayato ficou paralisado por um tempo, parecendo chocado com a atitude ousada da garota, mas logo retribuiu o abraço fazendo um carinho desajeitado nas costas da mais nova.
- Então... você se lembrou de tudo?
Hayato se sentou no banco de madeira ao lado de Yuna, o mais alto passou a mão em seus fios escuros e soltou um suspiro. Yuna ao seu lado estava tirando a trança do cabelo enquanto balançava seus pés, a altura do banco não deixava que encostassem no chão.
Ouvindo a pergunta, Yuna soltou suas madeixas e levantou o olhar, observando a lua brilhando no céu, e respondeu inexpressivamente:
- Não muita coisa, mas o suficiente. - A bicolor abaixou o olhar e começou a encarar o chão como se fosse a coisa mais fascinante do lugar, tentando a todo custo evitar que seus olhos heterocromáticos se encontrassem com as írises cor de mel de Hayato . Seus dedos pequenos e finos se enroscavam em suas madeixas escuras, mais embolando do que arrumando.
O mais alto percebeu como a garota parecia desconfortável e soltou um suspiro longo, seu rosto bonito com uma expressão de poucos amigos.
- É meio decepcionante saber que você ficou apagada por mais de uma semana e só se lembra do básico. - Ele disse desanimado enquanto coçava sua nuca. - Mas isso não importa agora.
Por estar olhando para frente, ele não conseguiu reparar na súbita mudança na expressão antes vazia de Yuna. A garota agora tinha seus olhos arregalados e o rosto pálido, com a boca aberta em uma nítida expressão de choque. A bicolor pulou do banco, dando um tropeço em uma pedra aleatória. Quando se equilibrou, Yuna perguntou assustada:
- COMO ASSIM UMA SEMANA?! - Ela dizia, chacoalhando os braços de forma engraçada. Hayato inclinou a cabeça e suspirou.
- Isso não impo-
- COMO ASSIM ''NÃO IMPORTA''?!
- DÁ PARA PARAR DE GRITAR NO MEU OUVIDO?! - Ele elevou a voz, pondo as mão em cima das orelhas.
Yuna sussurrou um pedido de desculpas e se sentou no banco novamente, seu rosto queimava enquanto ela mexia desajeitadamente em seus cabelos, tentando se distrair da vergonha que sentia naquele momento.
- Enfim... - Hayato começou. - Sua Majestade, o Rei, está prestes a chegar. Quando ele estiver aqui você não pode ficar vagando pelo palácio. - Ele coçou a nuca, suas sobrancelhas se franzindo em claro sinal de desagrado.
- Se for possível, não saia do seu quarto quando eu estiver fora.
Yuna abaixou a cabeça e soltou um baixo ''tudo bem'', que saiu quase em um fio de voz. Hayato tinha ideia de como a menina se sentia, e em uma tentativa de consolá-la ele esfregou suas costas, sorrindo ao ouvir uma risada curta e baixa vindo da garota.
- Desculpa falar desse jeito. Eu ainda tenho que falar com o papai sobre você estar... - Ele pensou por um segundo sobre como continuar. - Bom, viva. - Hayato soltou de modo curto e direto.
Yuna suspirou
- O papai não vai ficar feliz, né?
- Não. - Respondeu.
A bicolor piscou algumas vezes, antes de se virar lentamente para olhar o rosto de Hayato. O rosto dele não tinha nenhuma expressão, seus olhos permaneceram vazios enquanto olhava para a lua. Yuna deu um sorriso triste, seus olhos se fechando lentamente.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, a garota sentindo seu peito doer, e Hayato olhando para o céu perdido em seus próprios pensamentos, sua expressão vazia e indiferente. Até que o moreno levantou de repente, andando até o portão.
- Acho que devemos entrar. - disse pondo as mãos nos bolsos. - Está ficando muito tarde.
Yuna concordou com um aceno e se levantou, seguindo o rapaz de olhos claros para dentro.
Hayato estava comendo no jardim com Yuna quando recebeu a notícia, o sorriso radiante desapareceu completamente do rosto dela quando o servo terminou de falar.
Após ouvir, Hayato ordenou imediatamente que recolhessem a mesa de café da manhã, mandou que as trigêmeas levassem Yuna de volta ao seu quarto e seguiu caminho em direção ao salão principal.
- Merda! - Hayato disse em um tom áspero, dando um soco em uma parede. O rapaz se sentia muito frustrado, ''Por que ele tinha que voltar agora?'' ele pensava. O de olhos claros suspirou e continuou o caminho até o salão onde estaria seu pai.
Quando chegou nas portas do cômodo, Hayato parou e ficou observando as portas de madeira grande e bonita como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Depois de um curto período de tempo observando a superfície de madeira, Hayato finalmente pôs as mãos nas maçanetas douradas e abriu as portas de uma só vez.
Ao entrar no salão, as portas atrás de Hayato se fecharam em um baque, fazendo um arrepio subir pelas suas costas. O rapaz, com sua cabeça baixa, caminhou sobre o longo tapete vermelho até estar em frente ao trono dourado, porém à uma distância que ele considerava segura.
Erguendo a cabeça, ele observou o rosto entediado de seu pai, que era apoiado pelo punho direito. Os cabelos longos de um tom de marrom escuro - quase preto - caiam sobre seu rosto de cor morena, seus olhos castanhos avermelhados eram afiados parecendo que iriam atravessar sua pele a qualquer momento.
Depois de algum tempo tomando coragem para encarar o mais velho nos olhos, Hayato franziu as sobrancelhas, se curvou para o homem e disse:
- Seja bem-vindo de volta, Meu Senhor.
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After all, what can go wrong?
Fantasia✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈« A luz começou a se movimentar, e sendo observada por Yuna logo atrás, ela passou pela janela. E devagarinho, para não fazer nenhum barulho, Yuna a seguiu. Afinal, o que pode dar...